SUCESSÃO 2010 – A marcha da insensatez

“Liquidamos com nossos inimigos. Agora, é indispensável enterrá-los, para que não corramos o risco de vê-los ressuscitar.” Profética, a advertência foi feita pelo ex-governador Jader Barbalho a Ana Júlia Carepa (na foto, à dir., em um comício), nos primeiros dias de fevereiro de 2007. Primeira governadora eleita pelo voto direto da história do Pará, na ocasião Ana Júlia Carepa ainda se familiarizava com as responsabilidades do cargo e frequentemente consultava Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará.
A mais longeva liderança política da história do Estado e interlocutor privilegiado do Palácio do Planalto, por conta da sua ascendência política nos bastidores do Congresso Nacional, Jader Barbalho foi o responsável direto, com o aval do próprio presidente Lula, pela estratégia que viabilizou a eleição da petista Ana Júlia Carepa na disputa pelo governo do Pará, em 2006. Na esteira do jogo de pressões e contra-pressões, inevitáveis no exercício do poder, e tanto maior em governos de coalizão, tal qual o de Ana Júlia Carepa, a relação desta com Jader Barbalho deteriorou-se de tal forma, que o morubixaba do PMDB no Pará passou simplesmente a ignorá-la. Mirando na sucessão estadual, Ana Júlia Carepa viu-se compelida a passar pelo constrangimento de ir à casa de Jader Barbalho, sem se fazer anunciar previamente, por temer não ser recebida pelo ex-governador.
Faltou a governadora, aparentemente, a sensibilidade para decodificar a advertência subliminar que certa vez lhe fez Jader Barbalho, valendo-se de suas indefectíveis citações, pelas quais tomou gosto. “Ana Júlia, um amor não morre do dia para a noite. Ele vai sendo sepultado aos poucos, diariamente”, disse-lhe Jader Barbalho, com inegável conhecimento de causa – literalmente, ou em sentido figurado.