PM: truculência contra professores em greve (Foto Cezar Magalhães/DOL). |
A truculência policial, irmã siamesa da
impunidade e que se alimenta da cumplicidade daqueles que deveriam inibi-la, fez-se
presente mais uma vez na manhã desta última quarta-feira, 8, como a opção
preferencial da tucanalha, a banda podre do PSDB, da qual é ícone o governador
Simão Jatene. A ameaça de sacar armas, pelos policiais militares, e a
utilização desnecessária de spray de pimenta pelo contingente de PM diante da manifestação
dos professores da rede estadual de ensino em frente a sede da Seduc, a
Secretaria de Estado de Educação, na rodovia Augusto Montenegro, situa o atual governo
como um lídimo representante dos cúmplices retroativos da ditadura militar. É retroagir
no tempo e institucionalizar a intolerância dos grotões que perpetuam o atraso,
tratar como caso de polícia o movimento dos trabalhadores da educação pública,
que reivindicam salários e condições de trabalho minimamente dignos. Ao assim
agir, Jatene, para além do seu deletério fastio diante das obrigações do cargo,
evidencia seu menosprezo não só pelos professores, mas pelo futuro do alunato,
ao qual os profissionais do magistério poderiam preparar condignamente - se
condições mínimas para tanto lhes fossem oferecidas - para o mundo, para o
futuro, para a democracia.
Nada parece inibir o governador do Pará e
seus áulicos. Nem a traumática lembrança do massacre de Eldorado de Carajás,
com seu trágico saldo de 19 sem-terra barbaramente mortos pela PM, além de
cerca de 70 feridos, na esteira da desastrada operação ordenada pelo
ex-governador tucano Almir Gabriel, o patrono político de Simão Jatene, que
dele fez seu sucessor em 2002, sob a escandalosa utilização da máquina
administrativa estadual, quando o atual governador era um reles poste
eleitoral. Ser o primeiro governador da história do Pará a obter um terceiro
mandato, a despeito de faltar-lhe o carisma de um Magalhães Barata ou de um
Jader Barbalho, está longe de representar uma procuração em branco do
eleitorado a Jatene, que parece obnubilado pela soberba, um traço que nele só é
superada pela indolência digna de verminótico clamando por ser vermifugado.
Greve na rede pública de ensino é, em tese,
perversa, porque penaliza primeiramente o alunato, que não dispõe das opções
asseguradas aos estudantes das escolas particulares. Mais perverso, porém, é o
descaso dos inquilinos do poder em relação as condições salariais e de trabalho
dos professores, com o natural reflexo negativo na formação dos alunos da rede
pública de ensino. Não bastam escolas funcionando em condições minimamente
decentes. É também condição sine qua non, para uma educação pública digna, um
tratamento digno aos heróis do magistério, como assim podem ser etiquetados os
professores da rede estadual de ensino do Pará, que não merecem o tratamento
ignominioso que lhes é dispensado pelo governo Simão Jatene. Alegar problemas
de caixa, ao mesmo tempo que trombeteia o aumento da arrecadação tributária e
sangra desbragadamente o erário para bancar a propaganda enganosa, sob a qual
edifica o estelionato político, soa a um intolerável deboche por parte do
governador. Deboche com os professores e demais servidores da rede estadual de
ensino, mas também um escárnio diante do penoso cotidiano dos alunos e seus
pais.
Sob essa perspectiva, repita-se, perversa
não é a paralisação dos professores da rede estadual de ensino. Perversa é a recorrente
indiferença do governador tucano Simão Jatene e seus cúmplices diante do
gritante sucateamento da educação pública no Pará real, situado a uma distância
abissal do Pará da balela midiática, que escamoteia os índices sociais pífios. Como corolário disso, o Pará
tornou-se uma imensa Sucupira, capaz de catapultar para o proscênio exuberantes
mediocridades como Izabela Jatene, de trajetória de impecável irrelevância e cujo
maior predicado é o status de primeira-filha, com um currículo que inclui de
mais expressivo a prisão pela Polícia Federal, na sucessão estadual de 2010,
por distribuição de cestas básicas em troca de votos para o arremedo de Odorico
Paraguassu, com tinturas de Rolando Lero.
As críticas aqui feitas, diga-se logo, não são
produtos de nenhuma animosidade pessoal. Apenas traduzem a justa indignação
diante das iniquidades e porque em determinadas circunstâncias calar é mentir.
E também porque o Pará e seu povo sofrido merecem respeito.
2 comentários :
Eu sei que os PMs cumprem ordem mas, quando estão insatisfeitos com seus míseros salários querem o apoio da sociedade. Sem contar que a maioria passou pela escola pública.
Dinheiro pra melhorar salário da educação não tem, mas pra engordar o caixa do grupo liberal e patrocinar a micareta dos analfabetos mediático no próximo domingo, com certeza não faltará.
Que raça, meu Deus!
Postar um comentário