O comércio se protege com grades: prática disseminada em Belém. |
Disso tudo resultou termos, hoje, uma Belém
refém do medo. Do qual não escapam áreas nobres da cidade. Em plena avenida
Braz de Aguiar, tradicional reduto de consumidores abastados, o comércio fecha
cedo suas portas e farmácias não ficam abertas além de 9 horas da noite - em
dias úteis, porque aos sábados o expediente não ultrapassa 7 horas da noite. Um
padrão obedecido pelas butiques. Assaltos ocorrem até 7 horas da manhã, como
aconteceu com um morador do perímetro, assaltado, mal começava o dia, em frente
ao restaurante Spazio Verde e que perdeu mil reais, sob a mira de um revólver
portado pelo assaltante. Na travessa Benjamin Constant, próximo da avenida
Nazaré, em frente a um conjunto de três prédios, em local de frenético vaivém de
pedestres e intenso tráfego de veículos, um pequeno comércio, no térreo de um prédio de
dois andares, atende aos clientes, após 8 horas da noite, protegido por grades,
um recurso que até algum tempo atrás era uma peculiaridade própria de biroscas
de subúrbio. O supermercado YYamada da avenida Nazaré, no térreo do edifício
Manoel Pinto da Silva, um dos pontos nobres de Belém, hoje costuma encerrar o expediente em torno de 7h30 da noite. Horário
do qual não costuma passar a farmácia Big Ben também localizada no térreo do mesmo
prédio, na avenida Serzedelo Corrêa. O quadrilátero que se estende da avenida Alcinco Cacela até a avenida José Bonifácio, margeado pela rua Antônio Barreto e a avenida Conselheiro Furtado, embora extremamente valorizado no mercado imobiliário, é ironicamente considerado área vermelha, ou seja, de significativa ocorrência de crimes diversos.
Agora, nada mais ilustrativo da escalada da
criminalidade em Belém, em consequência do sucateamento da segurança pública,
que as limitações ao ir e vir impostas pela bandidagem, em bairros da periferia.
Algum tempo atrás, um jovem e competente jornalista, cuja família reside na
Terra Firme, foi alcançado por um telefonema de uma colega do SBT, que lhe
pedia para escoltar a equipe do canal de TV, em uma reportagem no bairro, temendo
que o equipamento da emissora fosse "confiscado" pelos bandidos da área. “O temor era
procedente”, relata o jornalista, criado e residente no bairro e que, por isso,
conhece os criminosos com reduto na Terra Firme, dos quais foi colega de infância, o que lhe garante imunidade. Só assim,
com a escolta do jornalista que lá mora, a equipe do canal de televisão conseguiu entrar e sair da Terra Firme incólume, sem amargar nenhuma vicissitude.
Os fatos falam por si. Cabe, diante deles,
repetir o bordão cunhado pela propaganda enganosa do governo Simão Jatene, criado pelos marqueteiros que prosperam com o estelionato midiático: “Isto é Pará!” O
Pará real, acrescente-se.
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