Tancredo Neves, o primeiro presidente civil após a ditadura militar, que morreu sem tomar posse: personagem vital para a redemocratização. |
Neste 21 de Abril, Dia de Tiradentes, o
mártir da independência do Brasil, transcorrem os 30 anos da morte do
ex-presidente Tancredo Neves, o estadista cujas hábeis articulações
pavimentaram a redemocratização e que, eleito, morreu sem ser empossado. Derrotada
no Congresso Nacional a emenda constitucional reinstituindo as eleições diretas
para o Palácio do Planalto, a emenda Dante de Oliveira, respaldado por amplo
apoio popular Tancredo tornou-se o primeiro presidente civil após 21 anos de
ditadura militar, eleito em pleito indireto, no colégio eleitoral. Favorecido
pela dissidência no PDS, o Partido Democrático Social, sucedâneo da Arena, a
Aliança Renovadora Nacional, como legenda de sustentação do regime dos generais,
ele derrotou no colégio eleitoral o ex-governador paulista Paulo Maluf, o
candidato do Palácio do Planalto, já maculado pelo estigma de corrupto
incorrigível. Da adesão dessa dissidência do PDS à candidatura de Tancredo,
pelo PMDB, resultou a constituição da Frente Liberal, na esteira da qual José
Sarney, que havia feito carreira como preposto da ditadura militar, acabou como
candidato a vice-presidente. Com a doença e morte de Tancredo, Sarney tornou-se
presidente, sendo sucedido por Fernando Collor, o primeiro presidente eleito
pelo voto direto, após o golpe militar de 1º de abril de 1964.
A vitória de Tancredo Neves no colégio
eleitoral foi precedida por uma colossal mobilização popular e intensas
articulações políticas de bastidores, nas quais tiveram papel vital os
governadores, com poder para influenciar decisivamente a escolha dos delegados
das Assembleias Legislativas. No Pará, por exemplo, o então governador Jader
Barbalho, do PMDB, optou por defenestrar, do elenco de delegados indicados pela
Alepa, a Assembleia Legislativa do Pará, os deputados identificados com o
coronel Alacid Nunes, o ex-governador catapultado para o poder pela ditadura
militar. Alacid rompera com o regime dos generais ao romper com o coronel
Jarbas Passarinho, outra liderança revelada pelo golpe de 1964 no Pará, do qual
tornou-se inimigo figadal. Com o rompimento, Alacid apoiou a candidatura ao governo de Jader Barbalho, do PMDB, eleito em 1982, a quem pretendeu tutelar politicamente, até ser descartado, como o aliado cujas ambições o tornaram incômodo.
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