Como se fosse lícito tornar o cumprimento
da lei objeto de barganha política, ao condicionar ao fim da paralisação da categoria o pagamento do retroativo do
piso salarial dos professores da rede estadual de ensino, em greve desde 25 de
março, o governo Simão Jatene evidenciou apostar no impasse, possivelmente por
confiar na tradição de iniquidades do TJ do Pará, o Tribunal de Justiça do
Estado. Esta é a conclusão na qual fatalmente se desemboca, diante do fracasso
da audiência de conciliação promovida na manhã desta quarta-feira, 22, na suntuosa
sede do TJ, pela desembargadora Gleide Pereira de Moura, que concedeu uma
liminar tornando a paralisação dos professores ilegal, mas a despeito da qual a
greve perdura, com a maciça adesão da categoria.
Em sua pauta de reivindicações os
professores cobram, dentre outras coisas, o pagamento retroativo do piso
salarial, que deixou de ser feito desde janeiro deste ano, e a reforma das
escolas, inocultavelmente sucateadas. A categoria também se opõe a supressão
das aulas suplementares, previstas no Estatuto do Magistério e sem as quais amargará perdas salariais que vão de R$ 1.500,00 a R$ 3.000,00, além
de deixar as escolas sujeitas a falta de professores, escancarando a porteira
para a prática deletéria de contratação de servidores temporários, uma das
formas de utilização política da máquina administrativa. E sanear a rede
estadual de ensino do empreguismo tem sido uma luta incessante dos professores,
razoavelmente contemplada por sucessivos governos, independentemente de
legendas partidárias. Trata-se de um justa aspiração, contra a qual agora, em
seu terceiro mandato, conspira o governador tucano Simão Jatene.
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