Uma das vítimas da chacina promovida pela PM em novembro de 2014. |
O script da chacina, tornado público pelo Diário do Pará, é estarrecedor. A
matança foi desencadeada por policiais militares como vingança pelo assassinato do
cabo Antônio Marcos Figueiredo, o Pet, chefe de esquadrão da morte liquidado
horas antes, ainda na noite do dia 4 de novembro do ano passado. “Tão logo os
grupos de extermínio formado por militares começaram a espalhar o terror em
seis barros da capital, uma orquestração se incumbiu de blindá-los”, assinala o
relato do Diário do Pará. ”Liderados
pelo capitão Jacson Barros Sobrinho e pelo primeiro-tenente Carlos Eduardo
Memória, os PMs deslocados em viaturas dos batalhões para atender os chamados
dos bairros quebraram todos os protocolos militares e permitiram a fuga dos
matadores. Os tempos-respostas das viaturas para atender os chamados de socorro
foram intencionalmente alterados. Sobrinho e Memória ‘esqueceram’ até de
itinerários que as viaturas deveriam percorrer para chegar a tempo de salvar
vidas e prender os matadores”, acrescenta o jornal.
A revelação do Diário do Pará, corroborada pelo promotor de Justiça Militar,
Américo Brasil, suscita indagações que exigem uma pronta e convincente resposta
do Estado, que nos deve proteção, dentre outras de suas atribuições
constitucionais. Proteção pela qual pagamos compulsoriamente, como
contribuintes, submetidos, convém sublinhar, a uma carga tributária
escorchante, a despeito da qual somos, hoje, reféns da bandidagem – fardada, ou
não. A chacina que se seguiu ao assassinato do cabo Antônio
Marcos Figueiredo, o Pet,
estendendo-se da noite de 4 de novembro para a madrugada do dia 5, ano passado,
estarrece, primeiramente, pelo que lhe deu causa, sem minimizar seu aspecto
mais cruel, que foram as vidas ceifadas indiscriminadamente. O cabo Pet foi vítima de um acerto de contas entre
bandidos, categoria na qual ele se incluia, o que certamente não deveria isentar seus algozes dos rigores da lei.
Um simples cabo comandar um grupo de extermínio - sinônimo de venda compulsória de proteção - pressupõe, pelo menos, a
leniência de seus superiores, incluindo a oficialidade que compõe a elite da PM
e mantém um serviço de arapongagem, decorrente da militarização da corporação,
ocorrida na esteira da ditadura militar que tomou de assalto o poder no Brasil,
com o golpe de 1º de abril de 1964. Trata-se de um serviço de informação de
cuja eficiência não se deve duvidar, até porque essencial para a oficialidade da
corporação manter seu status político, como parte do jogo de pressão e
contrapressão próprio do exercício do poder. Logo, em se tratando da oficialidade
da PM, alegar desconhecimento sobre as mazelas da corporação soa, fatalmente, a
escárnio.
Um comentário :
Isso não se restringe apenas ai na capital essa pouca vergonha emanada pela falta de conduta e boa formação de policiais corruptos num sistema arcaico, omissos de impunidade que se estende por quase todo esse estado, abandonado pelo poder publico e pela justiça que não funciona, relegados a mercê do próprio destino assim vive o cidadão de bem...
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