A pretensão do governo Simão Jatene em
extinguir as aulas suplementares, na verdade incorporadas aos ganhos dos
professores da rede estadual de ensino desde a década de 80 do século passado, e até previstas no Estatuto do Magistério, acaba
por ser o epicentro do contencioso travado entre o Sintepp e o governo Simão Jatene.
Na prática, as aulas suplementares acabaram por ser incorporadas a carga
horária dos professores, inclusive para driblar o risco de um colapso na rede
estadual de ensino, devido a carência de docentes. Trata-se de uma realidade, respeitada por sucessivos
governos desde então, até porque elas são consideradas para efeito de cálculo de ganho
salarial e inclusive de descontos previdenciários. Retirá-las, abruptamente, tal
qual pretende o governador tucano Simão Jatene, representaria uma persa
salarial média – repita-se, média! – entre R$ 1.500,00 e R$ R$ 3.000,00. Uma
drástica perda para um assalariado, cujos ganhos não são proporcionais ao
desgastante cotidiano, agravado por precárias condições de trabalho.
Aparentemente alheio a realidade, o governo
Simão Jatene, ao insistir na supressão das aulas suplementares, revela-se
insensível diante das inevitáveis consequências sociais da medida. E ao assim
fazer, acaba por dar combustível à paralisação dos professores da rede estadual
de ensino, hoje mobilizados por aquela que é, sobretudo e principalmente, uma
greve de estômago. O que não se constitui, diga-se logo, em nenhum demérito.
Greve longeva bem-sucedida, a qualquer tempo, a qualquer hora, é motivada pelo
estômago, pela preocupação básica de garantir um sustento minimamente digno,
capaz de permitir, ao trabalhador e aos seus, as três refeições básicas e um padrão
de vida razoavelmente decente. Essa motivação é tanto mais real em uma
conjuntura de retração econômica como a que se vive, hoje, com o desgoverno da
presidente petista Dilma Rousseff.
A greve dos professores da rede estadual de
ensino não interessa a ninguém, nem à própria categoria, que nela se mantém por
conta de perspectivas absurdamente adversas. Como esperar a complacência dos
professores, ao condicionar o cumprimento da Lei do Piso, pelo governo Simão
Jatene, a perdas salariais entre R$ 1.500,00 e R$ 3.000,00, a consequência mais amarga da eventual supressão das aulas suplementares? O que o governo
pretende apresentar à opinião pública como intransigência, valendo-se da
propaganda enganosa bancada pelo contribuinte, à revelia deste, nada mais é que
a mais pura e legítima manifestação do instinto de sobrevivência de quem
labuta diariamente, sem dispor das benesses e mordomias nas quais se locupletam
os inquilinos do poder e seus cúmplices. Com sua intransigência, expressa por
seus porta-vozes, o governador Simão Jatene é quem, de fato, penaliza o alunato
das escolas públicas estaduais. Os professores em greve apenas protagonizam a
legal e legítima defesa de uma vida minimamente digna, para eles e suas
famílias, além de perspectivas menos nebulosas aos seus alunos, também vítimas
recorrentes do descaso oficial com a educação pública.
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