Dailson Farias, o Tuka, vítima da selvageria das torcidas organizadas. |
Até quando? Esta é a pergunta que não quer
calar, diante da barbárie promovida pelas torcidas organizadas do Remo e do
Paysandu, na verdade gangues formadas a pretexto da paixão clubística, cuja
brutalidade fez neste último sábado, 17, mais uma vítima - Dailson Silva Farias, o Tuka, como também era
conhecido. Um pacato pai de família, ele foi brutalmente assassinato
simplesmente por ser um torcedor apaixonado do Paysandu, cuja camisa envergava,
o que fez dele alvo fácil de seus covardes algozes. Envergando a camisa do seu
time de coração, ele retornava para casa, após o jogo no qual o Remo, arquirrival
histórico do seu clube, derrotara o tradicional adversário, contra todas as
expectativas, classificando-se para a decisão da Copa Verde. O torcedor bicolor
foi morto com requintes de selvageria, a socos e pontapés, no rastro dos
confrontos entre a Remoçada e a Terror Bicolor, duas das gangues
travestidas de torcidas organizadas, cujos confrontos, após o término do
clássico entre Remo e Paysandu, disseminaram o pânico nos bairros da Cabanagem,
Transcoqueiro, Una, 40 Horas, Jaderlândia, Atalaia e Bengui, segundo relata o
noticiário do Diário do Pará.
O que falta para a arapongagem da Polícia Militar se revelar uma única vez,
ao menos, útil à sociedade que sustenta a corporação e rastrear os criminosos
abrigados nas torcidas organizadas? Esta é uma necessidade premente, até porque
Remoçada e Terror Bicolor foram formalmente proscritas dos estádios pela
Justiça, a pedido do Ministério Público Estadual. Justiça a qual perduram
desafiando impunemente e disseminando a selvageria que não escolhe vítimas e não poupa sequer pacatos torcedores, como Dailson Silva Farias, o Tuka. Ou
será necessário que para reprimir esses quadrilheiros seja preciso, por conta de um trágico imponderável, despontar alguma
vítima pertencente à classe média, ou classe média alta, ou que seja parente ou
contraparente, ou mesmo amigo, de algum dos inquilinos do poder, ou de seus
prepostos, ou familiar de algum policial?
A identificação dos envolvidos na morte de
Dailson Silva Farias, o Tuka, não há de ser algo tão difícil para a polícia,
implacavelmente determinada, quando é da sua conveniência. A identificação e punição,
com todo o rigor da lei, dos assassinos de Tuka é algo que a
polícia deve não só à família do torcedor brutalmente assassinado, mas a cada
um de nós, contribuintes, que sustentamos, com o pagamento compulsório de
tributos, o aparato policial. Para além da inépcia da cartolagem, em geral mais
preocupada em se servir do que servir os nossos clubes de futebol, é
certamente toda essa violência que contribui para o êxodo de expressiva parcela
de torcedores dos nossos estádios, o que possivelmente agrava a penúria na qual
vive hoje o futebol paraense. Penúria ilustrada pela situação de indigência
exibida por Remo e Paysandu, clubes de torcidas apaixonadas, mas cuja
capacidade de superação, diante das vicissitudes enfrentadas nos últimos anos,
não pode, nem deve, ter por preço a própria vida.
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