sexta-feira, 10 de setembro de 2010

ECLETECA – A aposta na diversidade

“Não podemos deixar de falar da proposta clara no nosso próprio nome: ser eclético. Achamos importante dar voz para a maior gama de manifestações possíveis dentro dos mais variados estilos. Em outros veículos, limitações impostas por linhas editorias dificultam essa vitrine variada, por isso pensamos em colocar como meta essa multiplicidade de falas e expressões. Ainda não chegamos a todos os públicos que gostaríamos, mas estamos buscando essa ampliação.”
A declaração é de Alexandre Almeida, ao tentar resumir a proposta basilar do site, em entrevista ao Blog do Barata. “Queríamos incentivar a formação de um leitor mais crítico. E continuamos seguindo este caminho”, acrescenta Amanda Aguiar, na entrevista ao blog.

Qual a proposta embutida na criação do Ecleteca?

Aletheya - A Ecleteca nasceu da necessidade de ampliar a divulgação de cultura e entretenimento em Belém. Percebemos que havia muita coisa sendo feita aqui, cuja divulgação ficava restrita a nichos, não dando oportunidade a pessoas de outros grupos, de outras 'tribos' tivessem conhecimento. Nossa intenção era criar um ponto de referência onde todos que se interessassem por cultura e entretenimento pudessem buscar informação. E informação completa! Em nossa seção de agenda (http://eclete.ca/agenda ), por exemplo, só são cadastrados eventos de que tenhamos todas as informações que consideramos essenciais: data, hora, local e do ingresso ou couvert - coisas que raramente vemos divulgadas com precisão.

Amanda - Também queríamos tornar mais pessoal esse fluxo de informação. De certo modo, estávamos cansados de ver o release enviado pela assessoria ser repetido a exaustão em dezenas de impressos e sites. Queríamos uma informação mais personalizada, diferenciada. O noticiário da Ecleteca é composto inteiramente por conteúdo próprio, produzido pela nossa equipe de repórteres. Além disso, buscávamos um fluxo de informação que permitisse certo grau de interatividade, em que o leitor não fosse mero receptor, mas desempenhasse papel de sujeito na própria concepção da notícia. Queríamos incentivar a formação de um leitor mais crítico. E continuamos seguindo este caminho.

Alexandre - Não podemos deixar de falar da proposta clara no nosso próprio nome: ser eclético. Achamos importante dar voz para a maior gama de manifestações possíveis dentro dos mais variados estilos. Em outros veículos, limitações impostas por linhas editorias dificultam essa vitrine variada, por isso pensamos em colocar como meta essa multiplicidade de falas e expressões. Ainda não chegamos a todos os públicos que gostaríamos, mas estamos buscando essa ampliação.

A criação do site foi precedida de alguma pesquisa de mercado ou algum tipo de mapeamento mercadológico de Belém e do Pará?

Alexandre - Foi um ano de planejamento. Esperávamos o melhor momento para lançar a idéia, e de uma maneira que ela fosse forte o suficiente para se manter por longos anos. Fizemos uma grande pesquisa no mercado, analisamos concorrentes diretos e indiretos, possível perfil de usuários e anunciantes. Durante nossa pesquisa percebemos o tamanho e o potencial do mercado de Belém, por isso investimos.

Aletheya - Exatamente. A Ecleteca foi criada com todas as cautelas e etapas de criação de uma empresa. A Ecleteca é uma empresa constituída. Entre esses cuidados necessários estavam o planejamento, o estudo de mercado e estudo de concorrência até.

Como é que é apostar em um projeto próprio na contramão do habitual, que vem a ser trabalhar por conta própria, após acumular experiência e contatos na mídia tradicional?

Alexandre - Acho que tem muito a ver com nosso desejo de fazer diferente. Acho que a vontade da maioria é mostrar o que pensa e como pensa. Resolvemos não ficar apenas no campo dos “bate-papos de copa de redação” e fomos para a prática. Acredito que a experiência no mercado é bastante válida, mas quando se tem a possibilidade de fazer um investimento dessa natureza é importante abraçar a possibilidade.

Aletheya - É uma realização. Eu, pelo menos, sempre tive algumas restrições ao modus operandi da mídia local e sempre quis ter algo próprio, em que eu pudesse ao menos tentar fazer diferente. Só que entre o querer e o concretizar há uma grande distância e é necessário coragem para tentar percorrer esse caminho.

Amanda - É mesmo um trabalho árduo. No meu caso é também uma luta travada diariamente com o relógio. Ter uma empresa requer dedicação, atenção, zelo - e ainda me divido entre os afazeres de repórter do Diário e assessora freelancer. Tenho ainda muito o que aprender e aprendo muito nesses dois ambientes - o que considero essencial para o desempenho de minha função dentro da Ecleteca, que está relacionada ao conteúdo.

A juventude, e a presumível ausência de maior visibilidade profissional que dela decorre, dificulta, ou dificultou em algum momento, a viabilização e a disseminação do site no público alvo?

Aletheya - A impressão é de que alguns têm receio de apostar em algo administrado por pessoas tão jovens. Mas é uma resistência muito inicial. O que temos visto é que, passado o contato inicial, depois que as pessoas passam a conhecer um pouco mais o projeto, elas deixam de estranhar e passam até a nos incentivar.

Amanda - Exatamente. É natural que, depois desse primeiro contato, o leitor da Ecleteca crie uma relação de proximidade e até de afeto com o projeto, e isso é bem curioso. Todos os dias alguém pergunta no Twitter: "Ei @Ecleteca, o que tem pra fazer hoje em Belém?", ou mesmo alguém de fora do Estado, de passagem pela cidade, encontra nosso telefone no google e liga pra saber dicas de programação cultural. Isso acontece com uma frequência impressionante e nos dá dimensão da nossa responsabilidade em oferecer opções de entretenimento edificantes, inteligentes. Daí a preocupação em não sermos mera agenda de eventos. Acho que a maior dificuldade hoje, na verdade, é que o empresariado local ainda precisa acreditar mais no potencial de negócios oferecido pela web.

Alexandre - Nossos leitores se identificam com o que a gente publica, nossa linguagem é jovem e direta. Esse é um dos nossos grandes diferenciais da grande mídia. Nossa idade e o fato de ainda não termos maior visibilidade dificultou mais as relações comerciais do que com nosso público. O que a gente ainda percebe bastante é a forte resistência em investir na internet. Os empresários, muitos fora desse mundo online, não entendem bem o retorno que podem ter apostando na rede.

O ecleteca.com.br já decolou, o que certamente está longe de ter sido um desafio prosaico. Isso feito, o que vocês planejam, mais imediatamente, para robustecê-lo e materializar a proposta de fazer dele bem mais que um mero roteiro de baladas?

Aletheya - O que podemos apontar de mais imediato é o lançamento do portal, que está previsto para esse semestre. O projeto já está bem avançado e já temos vários sites incorporados e blogs associados e outros tantos em processo de negociação (vide: http://eclete.ca/j4s2b ).

Amanda - Além do lançamento do portal, a Ecleteca vive uma fase de busca por parceiros que contribuam com a materialização de alguns projetos fora do ambiente virtual. Desde a criação do site, lá no final de 2009, viemos cultivando diversas iniciativas de incentivo à cultura: projetos no campo da literatura e das artes visuais que ainda não saíram do papel, mas que sairão, assim desejamos, em breve. Também estamos prestes a lançar um projeto relacionado à prática do jornalismo cultural, vinculado às universidades. A Ecleteca enquanto site é apenas o primeiro passo de todo um projeto que vem sendo elaborado há quase dois anos, e que prevê diversas ações online e offline.

Alexandre - O portal é nossa grande aposta a curto prazo, mas nossos projetos no meio offline também já estão bem encaminhados. Estamos apenas esperando o fim do período eleitoral para viabilizar alguns apoios necessários para a implantação de um projeto de estímulo a leitura que terá um grande impacto aqui em Belém.

Um site, com as características do ecleteca.com.br, pressupõe serviço, mas também o jornalismo de análise, capaz de suscitar o debate, instigar a reflexão, estimular o contraditório. Como balancear esses dois objetivos, para manter a leveza da informação, sem, a pretexto disso, abdicar da substância?

Amanda - Acredito que a linguagem e o tipo de abordagem que caracterizam nossa linha editorial são um trunfo na busca por esse equilíbrio. É, e sempre foi uma preocupação nossa, buscar identificação com o leitor, fugir do tom prepotente, da opinião pré-concebida que assola alguns textos que tratam de cultura e entretenimento. Não é de nosso interesse imprimir o julgamento puro e simples - queremos um olhar mais plural, livre, que abra espaço para os comentários, para a crítica. Esse equilíbrio, claro, também depende da escolha das pautas. Recebemos muitas sugestões de conteúdo e considerar a opinião dos leitores também é muito importante nesse processo.

Aletheya - É difícil manter esse equilíbrio. Mais ainda porque nossas ações extrapolam o site e são divulgadas nas redes sociais. Em nosso perfil institucional no Twitter (www.twitter.com/ecleteca) fazemos ações promocionais, sorteios, damos sugestão de eventos, mas também fazemos tweets sobre as nossas matérias, interagimos com o público e reforçamos campanhas que tenham a ver com cultura.

Alexandre - Nós queremos ir além, consideramos importante o trabalho de divulgação de eventos culturais, mas a Ecleteca quer também fomentar e debater cultura. Uma primeira mostra disso foi nossa preocupação em procurar todos os candidatos ao governo do Estado para entrevistas, na pauta projetos para a cultura no Pará. Fomos recebidos por apenas três: Ana Júlia (PT), Cléber Rabelo (PSTU) e Fernando Carneiro (PSOL). Os outros dois candidatos, Domingos Juvenil (PMDB) e Simão Jatene (PSDB), não conseguiram espaço na agenda para debater o tema. Queria registrar também que o primeiro contato com os candidatos foi feito no dia 12 de julho, bem antes dessa fase mais intensa que a campanha vive hoje. A publicação estava prevista para a segunda semana de agosto, adiamos para tentar incluir todos os candidatos, mas não foi possível esperar mais.

2 comentários :

Anônimo disse...

Parabéns a ecleteca, projetos que buscam uma alternativa aos modelos tradicionais de repasse de informação são bem vindos. Ademais, um portal de informação que tenha opções e a linguagem dos jovens merece ser divulgado :D

Anônimo disse...

A ecleteca está de parabéns, buscando estar além dos modelos tradicionais de repasse de informação. Ademais, a opções de lugares, e a linguagem da geração que os acompanha. :D