Para contextualizar o imbróglio que deixou ao deus-dará os pacientes que dependem da Santa Casa convém uma breve reminiscência. “O mérito pela existência do ambulatório de especialidades pediátricas na Santa Casa, queiram ou não, é da doutora Anabela (Moraes)”, reconstitui uma testemunha privilegiada. Pelo convênio celebrado entre a UFPA e a Santa Casa, os pacientes podiam contar com um razoável elenco de especialidades pediátricas. Assim, durante cerca de 10 anos, a médica Anabela Moraes foi a única cardiopediatra disponível, desdobrando-se de forma comovente, conforme diversos relatos, para contemplar a demanda. Posteriormente, a ela somou-se outra cardiopediatra. Segundo a versão corrente, quando esta nova cardiopediatra requereu licença-maternidade, a gerente do ambulatório, a médica Waldenize Potter Bezerra, aparentemente deslumbrada pelo status de mulher do presidente da Santa Casa, resolveu atropelar o processo. Ela simplesmente determinou que os pacientes da médica de licença-maternidade fossem transferidos para Anabela Moraes, sem qualquer consulta prévia a esta.
Ao assim fazer, Waldenize Potter Bezerra simplesmente atropelou a prática consagrada, de acordo com a qual as agendas médicas são definidas pelos próprios médicos. Isso se dá pela singela razão de que eles, mais do que ninguém, sabem a urgência, ou não, do retorno dos pacientes. Ao mesmo tempo, consultas pediátricas costumam ser mais demoradas, porque exigem cuidados redobrados, particularmente em casos de cardiopatias congênitas. A demora também é inevitável quando os residentes estão em treinamento. Por isso, sob essas circunstâncias, é inevitável que privilegiar a quantidade se faça em detrimento da qualidade.
Ao assim fazer, Waldenize Potter Bezerra simplesmente atropelou a prática consagrada, de acordo com a qual as agendas médicas são definidas pelos próprios médicos. Isso se dá pela singela razão de que eles, mais do que ninguém, sabem a urgência, ou não, do retorno dos pacientes. Ao mesmo tempo, consultas pediátricas costumam ser mais demoradas, porque exigem cuidados redobrados, particularmente em casos de cardiopatias congênitas. A demora também é inevitável quando os residentes estão em treinamento. Por isso, sob essas circunstâncias, é inevitável que privilegiar a quantidade se faça em detrimento da qualidade.
Um comentário :
Barata,
O exercício da medicina nos hospitais públicos tornou-se um fato muito bem exemplificado neste caso: muito ego, muitos privilégios e muitos conflitos de espaço. Que se diga de passagem, antes de qualquer tentativa de se imputar culpa a alguém.
Uma coisa era a velha Santa Casa, que vivia da misericórdia dos outros; outra bem diferente é a nova Santa Casa, fundação estadual, que paga servidores para cuidarem de um público usuário carente, porém cada vez mais consciente e crítico. Este conflito de egos é, em suma, a (triste) notícia.
Reverter este processo é difícil, porque "impessoalizar" a administração pública é quase impossível.
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