segunda-feira, 13 de setembro de 2010

ELEIÇÕES – Lula, Dilma e as ciladas da democracia

Pertenço a uma geração que floresceu sob a égide da ditadura militar e conheceu na prática, que é efetivamente o critério da verdade, as ignomínias impostas por um regime de exceção. Por isso, prefiro qualquer corrupto eleito pelo voto a um fariseu fardado. Por isso também a inclinação em levar a paciência aos limites da resignação diante das ciladas da democracia, quando ela nos impõe erros crassos, equívocos colossais, referendados pelas urnas. Tal qual a majoritária opção do eleitorado brasileiro pela candidata petista Dilma Rousseff, um poste que hoje surfa, inatingível, turbinado pela incontestável popularidade do presidente Lula (na foto, à.dir, com Dilma e Paulinho da Força Sindical) que abdica da liturgia do cargo para, ironicamente, conspirar contra a democracia que o viabilizou. Ao desrespeitar a Justiça Eleitoral, seguida e acintosamente, ao promover a propaganda eleitoral antecipada em favor de sua candidata, o mensageiro do simplismo avilta-se, ao renunciar à postura de magistrado, a exemplo do que fez o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 2002.
O poder não muda os homens. Apenas os desmascara. E com Lula não foi diferente. Popularidade à parte, trata-se de um personagem que precisa exibir espalhafatosamente seu remoto passado de retirante e operário sofrido. Não para utilizá-lo como exemplo, como paradigma da mais legítima mobilidade social, mas como álibi para um presente em tudo e por tudo desabonador. Um presente que o faz emergir como um traste, que vale-se do inegável carisma para tornar palatável a vida fácil, o oportunismo recorrente, o cinismo levado ao paroxismo, a leniência diante da corrupção, que seu governo tornou sistêmica, como evidenciou o escândalo do mensalão, e a farsa que o leva a escamotear, pela massiva propaganda oficial, que os avanços sociais a ele associados derivam do legado daquele que o precedeu. Um antecessor que saiu maior, muito maior, do que quando entrou no Palácio do Planalto e ao qual a história fatalmente fará justiça.
Não por acaso, Lula tem o mérito de preservar, incólume, os fundamentos da economia herdados do governo Fernando Henrique Cardoso. Foi o governo de FHC que consolidou a estabilidade econômica da qual tanto se beneficiou o ex-sindicalista que fez carreira como um autêntico gigolô de sindicato. Nada mais emblemático, nesse sentido, que Lula ter optado por manter Henrique Meireles à frente do Banco Central, endossando a opção do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Da mesma forma como herdou uma eficiente política social, originalmente desenvolvida à margem do paternalismo estatal, tal como concebida pela saudosa dona Ruth Cardoso, com o programa Comunidade Solidária. Lamentavelmente, como só ia acontecer, o governo Lula optou pelo viés assistencialista, que ao invés de libertar o homem da pobreza, acaba por fixá-lo nela.

13 comentários :

Carlos Marcelo da Silva disse...

O povo pobre, a massa que elege, está cega. É uma pena que os poucos lúcidos que indignam-se, não tenham forças nem condições de tirar as viseiras que cegam o povo, e que na manhã de 1º de janeiro, começaremos a viver uma história que talvez venha a ser o grande teste de maturação de nossa jovem democracia. Tomara que não se inicie ali uma longa manhã nublada sobre o nosso país.

Anônimo disse...

VC É O TAL HEIM BARATA, SABE TUDO. MENOS BARATA, MENOS...

Anônimo disse...

""e triste ver esse homem guerreiro menino""

Anônimo disse...

""e triste ver esse homem guerreiro menino""

Anônimo disse...

Excelente texto!!

Anônimo disse...

O sr. Inácio da Silva é daqueles que, ao chegar ao poder, não pode mais se afastar. Ele mesmo já confessou sua obsessão. Hoje, o sr.Inácio se julga acima da Constituição, do Bem e do Mal. Atropela as leis, zomba da justiça, ataca a imprensa, distorce os fatos, se transforma de vilão em vítima. Julga-se uma divindade, quase Deus. E para isso, conta com o apoio da grande maioria do povo desinformado, enganado, transformado em massa de manobra para fazer tudo que seu Mestre mandar. Agora, apesar de escândalo sobre escândalo, Dona Dilma vem aí. A criatura que não se atreva a se voltar contra o criador. Ao menor sinal dessa possibilidade, ela sentirá os efeitos da fúria do criador. O sr. Inácio, na verdade, não permitirá que lhe tirem as rédeas do comando. Vai continuar manipulando os cordéis das marionetes, para permanecer onde sempre quis estar e de onde não pretende nunca mais sair: no poder.

Anônimo disse...

Meu caro Barata,
o país ter saído das mãos dos militares e ter caido no colo do liberais ou neoliberais (a era dos Fernandos), não era bem o que o povo tinha em mente, porque o q o povo quer e sempre quiz, é melhoria nos indicadores sociais, reforma agrária e urbana,limitação do latifúndio e ditribuição da renda, e o neoliberalismo não garante isso. Esse é o primeiro ponto.
Segundo, o liberalismo tanto o velho quanto o novo,com seu ideário de desmonte do Estado, de venda do patrimônio público e privatização dos serviços não interessa ao povo, porque rima com desemprego estrutural e exclusão social. Exatamente por isso, o povo não tem boas lembranças do modo tucano de governar.
E para concluir, se o Lula e a Dilma não avançarem nas conquistas sociais do povo, fizerem enfrentamento com o capital para atenderem os interesses dos trabalhadores (redução da jornada de trabalho sem redução do lucro, limitar o ltifúndio e distribuir renda), o q nós vamos ficar fadados a presenciar, vai ser uma eterna disputa de vaidade, para saber quem fez mais política compensatória. E o povo definitivamente não quer saber disso.

Anônimo disse...

Pobre povo brasileiro sua cegueira chega a dá dó (deu rima).

Anônimo disse...

n podes negar tudo! te arriscas ir ao nilismo! qual seria o candidato ideal? criticar por criticar n resolve, tem q ter resposta pra sociedade, ou seja alguma contribuição ou tudo fica pela critica que n leva a lugar nenhum!

Rubenita Pimentel disse...

Queridíssimo Barata,

Há textos que, após a leitura, sente-se que nada mais resta a ser escrito.
Brilhante!!!

Você estava fazendo falta.

Um grande abraço,
Rubenita Pimentel

Anônimo disse...

Meu caro anônimo das 21:09, cegueira é acreditar num governo burguês de turno,achando que o modelo neoliberal é a panacéia para resolver os problemas da sociedade, através daquilo que o Adm Smtih chamou de mão de invisível. Esse modelo tá esgotado na América Latina, mas como a burguesia não tem outra coisa para vender, os partidos e seus candidatos de direita insistem nesse projeto falido. É o caso, por Exemplo, do Serra, que apesar esconder sua identidade ideológica, se autodefinindo de esquerda, é o velho travestido de novo, dourando a pílula de um projeto que o povo não quer mais viver. Tá ligado.

Anônimo disse...

Como foi muito bem dito pelo Barão de Itararé, antes do Lula nascer: "Se queres conhecer o Inácio, coloca-o em um palácio".

Osvaldo Aires disse...

Esses bandos de anônimos covardes de rabo preso querem defender é seus bolsos no esquema ladrão mundial de esquerda assassina. O Brasil fez um péssimo negócio: Uma ditadura militar vira-latas que não matou os bandidos que hoje continuam assaltando só que agora o tal do povo na figura do Estado esse é o interesse real em estatizar tudo: RouboBras.
Osvaldo Aires – piconsultoria@hotmail.com