Segue
abaixo a transcrição, na íntegra, da carta aberta dos jornalistas à direção do
grupo de comunicação da família do senador Jader Barbalho:
“Carta aberta à
direção do grupo RBA de Comunicação
“Nós, jornalistas do Diário do Pará e do
Diário Online (DOL), com o apoio do Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor),
declaramos à direção do grupo RBA de Comunicação que estamos em franca campanha
por melhores condições de trabalho, remuneração, pelo fim da superexploração da
nossa mão de obra, da intimidação e assédio moral que enfrentamos diariamente. Exigimos a abertura imediata das negociações entre
a direção desta empresa e seus trabalhadores para a avaliação da nossa pauta de
reivindicações, anexa a esta carta. Também exigimos a imediata interrupção dos
processos de demissão em curso e todo tipo de retaliação a funcionários que se
manifestam a favor de melhores condições trabalhistas.
“Informamos aos diretores desta empresa
e a todos os colegas jornalistas, de todos os veículos de comunicação do Pará e
do Brasil, que não ficaremos mais calados diante de todas as atrocidades que
enfrentamos para realizar nosso trabalho. Nenhum de nós se conformará com um
salário líquido que não chega a mil reais, com as frequentes horas extras nunca
pagas, com cadeiras e computadores sucateados, que prejudicam nossa saúde com
cada vez mais gravidade, com a falta até mesmo de água potável na copa e de
papel higiênico nos banheiros.
“Nenhum de nós reproduzirá novamente o
discurso de que 'é normal o jornalista trabalhar muito e ganhar pouco'. Uma
miséria, na realidade. Não é normal! Não deixaremos mais que nosso sofrimento
como trabalhadores seja ocultado por todos os prêmios conquistados a duras
penas e que fazem o Diário do Pará se autointitular como 'o jornal mais
premiado do mundo'. Estamos aqui para denunciar que essas conquistas se devem
ao suor de homens e mulheres que sequer ganham o bastante para se alimentar com
decência todos os dias do mês. Tampouco deixaremos que a ameaça de demissão e o
assédio moral voltem a calar qualquer um de nós.
“Com o Sindicato dos Jornalistas do
Estado do Pará (Sinjor) em nossa retaguarda, denunciaremos toda tentativa de
desrespeito à nossa dignidade como seres humanos e trabalhadores. Defenderemos
aguerridamente todas as reivindicações contidas em nossa pauta e não
arrefeceremos nem nos intimidaremos até que haja uma negociação efetiva entre a
direção desta empresa e seus funcionários, com ganhos reais para nossa
categoria. Usaremos de todos os instrumentos trabalhistas, políticos e
jurídicos para que nossa causa nunca mais volte a ser ignorada.
“À sociedade em geral, que diariamente
consome a informação que nós produzimos, reafirmamos o compromisso com a
qualidade do nosso trabalho, porque entendemos que a informação séria,
produzida com responsabilidade, é a base para a sociedade democrática que todos
desejamos construir. Conclamamos a todos os colegas de profissão,
trabalhadores, estudantes, movimentos sociais e sindicais para que nos ajudem a
ampliar nossa voz diante de todas as mazelas aqui expostas. Queremos que a
família Barbalho entenda que o compromisso com a informação de qualidade não
pode ser menosprezado e, com isso, se disponha a garantir um mínimo de
condições decentes para que seus funcionários cumpram com sua função social de
informar bem a nossa população.
“Pauta
de reivindicações dos jornalistas do Diário do Pará e do Diário Online (DOL)
“1
– Piso salarial de R$ 1.908,25 para todos os jornalistas que trabalham no
jornal Diário do Pará e no Diário Online, lotados nas funções de repórter, repórter fotográfico, produtor, webjornalista, diagramador, ilustrador e multimídia. Com progressão a cada ano de trabalho efetivo, partindo da
categoria A à categoria C.
“2
– Queremos o estabelecimento de um Plano de Cargos, Carreira e Remuneração
(PCCR), com estabelecimento de categorias A, B e C para todas as funções
referidas no item anterior.
“3
– Incluir editores do Diário do Pará e coordenadores do Diário Online no
Acordo Coletivo 2013, estabelecendo piso salarial para tais categorias com
acréscimo de 40% sobre o piso salarial de repórter.
“4
- Instituir o tíquete-alimentação de R$ 253,25. Esta é a estimativa da
cesta básica deste ano feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos – Dieese.
“5
- Reintegração ao quadro de funcionários da empresa do repórter Leonardo
Fernandes, lotado no caderno 'Você' do jornal Diário do Pará. Esta comissão de
jornalistas considera que a demissão do funcionário é uma clara retaliação a
nossa iniciativa de reivindicar melhorias salariais e em nossas condições de
trabalho.
“6
- Propomos uma avaliação dos dados do quadro funcional do Diário do Pará e
do Diário Online nos últimos 12 meses, para saber se foram feitas todas as
reposições dos postos de trabalho ou se está havendo sobrecarga de atividades
aos jornalistas e estagiários que trabalham na empresa.
“7
- Manifestamos nosso desejo de que seja incluído no acordo coletivo o
início de uma discussão com a direção do jornal para a construção de uma
proposta de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), como forma de recompensa
pela nossa participação nos lucros da empresa.
“8
- Também queremos que a empresa reinstitua o pagamento de biênio em
percentuais de reajuste que diferenciam o salário dos novatos para os mais
experientes que o Diário do Pará já pagou para seus funcionários como política
de incentivo.
“9
- Propomos a participação dos funcionários na implantação do Plano de
Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) que será implantado no grupo RBA.
“10
– Igualar as remunerações de quem trabalha no interior do Estado com quem
trabalha em Belém.
“11
– Equipamentos de segurança para todos os jornalistas que fazem cobertura
policial, incluindo os que cobrem somente em escalas.
“Trabalhadores do Diário do Pará e
Diário Online (DOL)
“Belém, Pará, 18 de setembro de 2013”
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