Com
sua patológica soberba e recorrente intransigência, traduzidas no menosprezo e
hostilidade em relação aos grevistas, no rastro da sua pretensa fidelidade ao
senador Jader Barbalho, Camilo Centeno, o diretor-geral do grupo RBA, a Rede
Brasil Amazônia de Comunicação, mais conspira contra que favorece a empresa e o
próprio morubixaba do PMDB no Pará. Se Jader Filho, diretor-presidente do Diário do Pará, e Francisco Melo, o
Chico Melo, um dos diretores do grupo RBA e amigo histórico e colaborador fiel
de Jader Barbalho, são louvados, inclusive pelos próprios grevistas, como
interlocutores afáveis e de credibilidade, Centeno é malsinado pela maioria dos
jornalistas do grupo de comunicação dos Barbalho. Pode-se dizer, a partir de
relatos confiáveis, que sua arrogância e prepotência tiveram o efeito de um
bumerangue e contribuíram decisivamente para a paralisação dos jornalistas do Diário do Pará e do DOL, o Diário Online. Particularmente
ao adotar o discurso “os incomodados que se mudem”, próprio da mais retrógrada
empáfia patronal. Por isso o estigma que a ele aderiu, de raivoso áulico que,
mesmo involuntariamente, conspira contra Jader Barbalho.
Foi
inspirada por Centeno, por exemplo, uma das maiores agressões aos jornalistas
cometidas pelos Barbalho, que foi o grupo de comunicação da família do senador
Jader Barbalho passar a aderir ao acordo firmado com Sertep, o Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado
do Pará, ignorando a entidade representativa da categoria. O pretexto para a lambança
– que foi evitar a existência de acordos diferentes
entre jornalistas da TV e das rádios e os profissionais do jornal – mascarava o
ardil da opção por patamares salariais historicamente aquém daqueles
reivindicados pelo Sindicato dos Jornalistas. Tratava-se, claramente, de uma
bomba de efeito retardado, que em algum momento iria ser detonada, quando a
indignação diante da remuneração e das condições de trabalho humilhantes, que
vinha sendo represada, viesse a atingir limites intoleráveis, tal qual ocorreu.
Os Barbalho, aparentemente, deixaram-se seduzir pelo frenético tilintar das
máquinas registradoras, às custas dos salários vis e das condições de trabalho degradantes
impostos aos jornalistas. O bem-bom patronal reforçou o prestígio de Centeno e
turbinou sua arrogância, combustível da incontida prepotência. Essa
prepotência, diga-se, manifestou-se de forma eloquente no menosprezo com que
tratou a mobilização dos jornalistas do Diário
do Pará e do DOL, provavelmente
induzindo não só Jader Barbalho, mas também Jader Filho e Francisco Melo, ao
erro de subestimar o movimento por melhores salários e condições de trabalho.
Deu no que deu.
Se
o homem é ele e suas circunstâncias, é necessário o discernimento para ter a
clara compreensão sobre a motivação dos áulicos e dos fura-greves, invariavelmente
movidos pela fraqueza de caráter, o que não significa eximi-los do ônus moral
embutido em suas opções. No caso de Centeno, trata-se de alguém que fez
carreira e prosperou materialmente à sombra do ilustre parente, o senador Jader
Barbalho. Ao ascender profissionalmente e ganhar visibilidade social, primeiro
como sobrinho e depois como sobrinho e cunhado, introjetou o status de áulico,
do qual não abdicou sequer quando naufragou, em circunstâncias traumáticas, o
casamento da irmã com seu patrono e benfeitor. O impressionante, no caso do
diretor-geral do grupo RBA, é que sua soberba parece deixá-lo obnubilado, como
sugerem suas declarações ao portal Comunique-se.
Com isso ele desperdiça um dos grandes dons do ser humano, que é ter a
inteligência para aprender com a adversidade e sair dela maior do que quando entrou.
Leva consigo, para a vala comum do desgaste e do descrédito, justamente o seu
benfeitor, o senador Jader Barbalho, precisamente quando este prepara-se para lançar
candidato ao governo do Pará, pelo PMDB, seu filho e herdeiro político, Helder
Barbalho, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Ananindeua.
Seja
qual for o desfecho da greve no Diário do
Pará e no DOL, Centeno, ao
contrário dos jornalistas que deflagraram a paralisação, vai sair menor, mas
muito mais menor, do que quando entrou. Mais do que nunca ele passa a fazer jus
a pecha de raivoso áulico que, embora sem assim querer, conspira contra o
senador Jader Barbalho.
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