Mesmo para um personagem blindado contra o
decoro, descrito como “alguém despido de escrúpulos”, soa constrangedor o
inventário das falcatruas das quais é suspeito o procurador de Justiça Marcos
Antônio Ferreira das Neves, o Napoleão de
Hospício, assim também conhecido por sua prepotência e parcos pudores
éticos. E não só para ele e para os candidatos dos quais é eleitor ilustre – o
procurador de Justiça Nelson Medrado e a promotora de Justiça Fábia de Melo
Founier -, mas também para o próprio Ministério Público, cuja missão
constitucional é de fiscal da lei e que já o teve como procurador-geral de
Justiça, com o vexame adicional dele protagonizar uma administração pontuada
por suspeitas de corrupção e tráfico de influência.
Neves é réu em ações criminais por falsidade
ideológica, por coonestar uma falsa declaração de seu amigo, advogado, sócio e
assessor André Ricardo Otoni Vieira, que segue abrigado no gabinete do
procurador de Justiça, e por prevaricação, por valer-se de PMs do Gabinete
Militar do Ministério Público Estadual, para fazer a segurança de suas empresas
e até da sua mulher, Lauricéia Barros Ayres, uma
proteção que lhe custaria, a preços de mercado, em torno de R$ 100 mil. Mas
mesmo quando procurador-geral de Justiça Neves tornou-se réu, na esteira de uma
ação, por improbidade administrativa, ajuizada pela procuradora de Justiça Ana
Tereza do Socorro da Silva Abucater, reconhecidamente proba e destemida. O
estopim da ação por improbidade administrativa foi a “ilegal e imoral”
nomeação, como assessor do procurador-geral de Justiça, de André Ricardo Otoni
Vieira, que também surge como seu advogado, em ação de despejo, e que vem a ser
seu sócio na empresa Rota 391 Comércio Varejista de Combustíveis Automotores e
Serviços Ltda. Por ser sócio-administrador em duas empresas das quais é sócio
Neves - Rota 391 Comércio Varejista de Combustíveis Automotores e Serviços
Ltda. e Couto da Rocha Construções e Serviços de Engenharia Ltda.-, Vieira não
poderia ocupar cargo comissionado no MPE. Assim como, por ser assessor do
procurador-geral de Justiça, também não poderia advogar, tal qual fez para
Neves.
André Ricardo Otoni
Vieira, o amigo-de-fé-irmão-camarada de Neves, que foi também assessor,
advogado e sócio do então procurador-geral de Justiça, também é réu, igualmente
por improbidade administrativa, em uma ação movida pelo MPE. A ação foi
ajuizada por Helena Maria Oliveira Muniz Gomes, Domingos Sávio Alves de Campos,
Firmino Araújo de Matos e Elaine Castelo Branco, promotores de Justiça de
Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa.
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