segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

MPE – Inventário das falcatruas


Mesmo para um personagem blindado contra o decoro, descrito como “alguém despido de escrúpulos”, soa constrangedor o inventário das falcatruas das quais é suspeito o procurador de Justiça Marcos Antônio Ferreira das Neves, o Napoleão de Hospício, assim também conhecido por sua prepotência e parcos pudores éticos. E não só para ele e para os candidatos dos quais é eleitor ilustre – o procurador de Justiça Nelson Medrado e a promotora de Justiça Fábia de Melo Founier -, mas também para o próprio Ministério Público, cuja missão constitucional é de fiscal da lei e que já o teve como procurador-geral de Justiça, com o vexame adicional dele protagonizar uma administração pontuada por suspeitas de corrupção e tráfico de influência.
Neves é réu em ações criminais por falsidade ideológica, por coonestar uma falsa declaração de seu amigo, advogado, sócio e assessor André Ricardo Otoni Vieira, que segue abrigado no gabinete do procurador de Justiça, e por prevaricação, por valer-se de PMs do Gabinete Militar do Ministério Público Estadual, para fazer a segurança de suas empresas e até da sua mulher, Lauricéia Barros Ayres, uma proteção que lhe custaria, a preços de mercado, em torno de R$ 100 mil. Mas mesmo quando procurador-geral de Justiça Neves tornou-se réu, na esteira de uma ação, por improbidade administrativa, ajuizada pela procuradora de Justiça Ana Tereza do Socorro da Silva Abucater, reconhecidamente proba e destemida. O estopim da ação por improbidade administrativa foi a “ilegal e imoral” nomeação, como assessor do procurador-geral de Justiça, de André Ricardo Otoni Vieira, que também surge como seu advogado, em ação de despejo, e que vem a ser seu sócio na empresa Rota 391 Comércio Varejista de Combustíveis Automotores e Serviços Ltda. Por ser sócio-administrador em duas empresas das quais é sócio Neves - Rota 391 Comércio Varejista de Combustíveis Automotores e Serviços Ltda. e Couto da Rocha Construções e Serviços de Engenharia Ltda.-, Vieira não poderia ocupar cargo comissionado no MPE. Assim como, por ser assessor do procurador-geral de Justiça, também não poderia advogar, tal qual fez para Neves.
André Ricardo Otoni Vieira, o amigo-de-fé-irmão-camarada de Neves, que foi também assessor, advogado e sócio do então procurador-geral de Justiça, também é réu, igualmente por improbidade administrativa, em uma ação movida pelo MPE. A ação foi ajuizada por Helena Maria Oliveira Muniz Gomes, Domingos Sávio Alves de Campos, Firmino Araújo de Matos e Elaine Castelo Branco, promotores de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa.

Nenhum comentário :