Segue abaixo a transcrição, na íntegra, do
editorial do Diário do Pará,
publicado na edição desta sexta-feira, 5, do jornal do grupo de comunicação da
família do senador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Estado.
O Pará quer paz!
O Pará cansou da
valentia de rede social e de palanque. Quer atitudes concretas. Cansou de ver
números que teimam em brigar com a realidade. Cansou da dor de quem perde
alguém da família ou se transforma em mais uma vítima dessa violência
desenfreada e sai de casa e nunca sabe se volta. O Pará quer ação.
Quer saber porque é
tão difícil para o governador – que vai a uma rede social para mais uma vez fazer
o que vem fazendo há anos: transferir as suas responsabilidades sobre os
problemas do Estado para os adversários políticos e para o governo federal –
aceitar ajuda, de onde quer que ela venha, para melhorar a segurança dos
paraenses. E, ao invés de fazer isso, o governador ataca quem tenta colocar o
Pará acima de tudo. O povo está cansado de ser dividido entre os que são
a favor disso ou daquilo, desse ou daquele político, entre os que se beneficiam
e os marginalizados. O Pará está cansado de ser dividido entre os que sofrem e
os que ignoram esse sofrimento. E quem faz essa divisão, geralmente, é quem
pode fazer alguma coisa para mudar o cenário, que nesse caso é o governador.
Depois de tirar os
seus óculos com o qual via tudo com cores de tranquilidade e o clamor da
sociedade como “mimimi” de classe média – talvez por contar com um enorme
aparato de segurança, pago por todos os paraenses, para si e para a família – o
governador resolveu romper o silêncio que gritava há algum tempo. Talvez seja
porque, depois de ver o povo indo às ruas para se manifestar contra o aumento
absurdo da violência, ele tenha percebido que já não adiantava fingir que nada
estava acontecendo.
Dessa vez, ele
extrapolou em sua tentativa de culpar terceiros pelo caos que se instalou no
Pará e incluiu a imprensa no rol dos culpados.
Governador, contra a
realidade da violência desenfreada, não há ação política ou midiática que
diminua a força da opinião popular. Se fosse assim, bastaria escrever meia
dúzia de notícias para que o número de assassinatos e assaltos fosse reduzido.
O que o governador quer é tentar calar a imprensa que não depende do seu
governo e minimizar a importância das notícias que ela publica, imaginando que
com esse silêncio a população ficará mais segura. Calar a imprensa é expediente
típico dos regimes antidemocráticos e nada transparentes. Como, aliás, tem sido
o governo de Simão Jatene. O DIÁRIO DO PARÁ, a RBATV e a Rádio Clube não vão se
intimidar. Temos uma história de serviços prestados ao Pará. Apenas noticiamos
a realidade que se vê nas ruas, nos bairros e nas cidades. Somos o jornal mais
lido no Estado, fruto da independência do governo. E deve ser pela nossa
independência que incomodamos tanto o governador.
No texto divulgado
por Jatene, há um trecho que diz que a violência tornou-se uma doença nacional,
o que “não diminui nossa responsabilidade, pelo contrário, aumenta...
fortalecendo a percepção de que só a cooperação honesta e sem politicagem entre
União, Estados e Municípios, apoiada numa forte colaboração da sociedade, pode
nos levar a bons resultados.”
O governador deveria
explicar o que entende por politicagem e por cooperação honesta. É honesto
recusar uma ajuda de que claramente o povo do Pará precisa e colocar a culpa na
ação dos que foram humildemente pedir esta ajuda do governo federal? É honesto
chamar de politiqueiras as pessoas que o ajudaram a se eleger governador, mas
que deixaram as suas convicções políticas de lado para realizar um trabalho que
é de Jatene, como o deputado Éder Mauro? Ele estava no grupo que colocou os
interesses do Pará acima de todos os outros e foi pedir a ajuda do governo
federal, juntamente com outros integrantes da bancada do estado no Congresso
Nacional e com o ministro Helder Barbalho.
O Pará quer
explicações.
Por que o governador
se recusa a aceitar ajuda federal? É por orgulho? Mas qual o orgulho em ser um
governador que condena a sua população ao sofrimento? Nossas fronteiras estão
abertas. Por elas entram as drogas e as armas que aterrorizam a população, como
ele mesmo afirma, mas por que Jatene devolve ao Governo Federal os recursos do
Enafron, programa que dá dinheiro e material para combater a violência no
Estado? Por que, ao receber outras ajudas do Governo Federal na área de
segurança, o Pará tem tanta dificuldade em prestar contas e continuar sendo
auxiliado?
Estes fatos não são
frutos de uma campanha da imprensa independente. São fatos do governo Simão
Jatene. E não reconhecer isso é que é a grande agressão à inteligência das
pessoas. A imprensa não puxa gatilho. Bandidos agindo livremente, sim.
O Pará deve estar
acima de tudo. As discussões políticas sobre as preferências eleitorais de
todos têm hora marcada para acontecer. Mas foi justamente a postura de reduzir
toda e qualquer crítica ou ação, a uma questão eleitoral, como o governador
diz, que nos trouxe a este estado de coisas. Com a violência fora de controle,
com educação inexistente e saúde inoperante, não vamos a lugar algum. E se
estes são fenômenos federais por que não trazer o governo federal em nosso
auxílio?
O governador deveria
tomar uma atitude, e rapidamente. O Pará está entregue à própria sorte. E o
governador, definitivamente, não pode culpar a mais ninguém pela dificuldade em
melhorar a vida dos paraenses, a não ser a ele mesmo.
O que o povo quer,
governador, são atitudes concretas a respeito de um assunto sério. O Pará quer
paz.
O tempo está
passando e o Pará espera uma ação. Qualquer ação.
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