Dona Norma, em foto do acervo de Maria Helena Barata no Facebook. |
A bússola que orienta, o braço que protege,
a mão que afaga, o coração generoso de quem não impõe condições ao amor. Esta é
a imagem que guardo de dona Norma Barata, a quem acompanhei à distância, na
esteira da minha relação com Ruy Barata, um personagem singular, que na intimidade
revelava uma generosidade comovente e com o qual, não por acaso, ela construiu
sua família. Agora, mais, muito mais, que o exemplo da companheira, mãe, avó e amiga capaz
de prodigamente repartir ternura, ela lega a todos nós, sobretudo, uma lição de
vida. Uma lição que emerge na esteira do destemor com que se reinventou, algo tanto
mais admirável porque já quando em idade outonal, que sugere, para a maioria
das pessoas, o comodismo da vida crepuscular.
Sempre discreta e elegante, no trajar e
nos modos, dona Norma nos ensinou que a morte em vida, de quem deposita as
emoções na poupança da covardia, somente se dá quando abdicamos dos sonhos. Com
os filhos já alçando voo solo, sem nem por isso aplacar o amor materno ela
tornou-se a profissional respeitada que foi. E ainda encontrou tempo, em sua
colossal generosidade, para os netos, a sublime extensão do amor com início e
sem fim dedicado a Maria Diva, Ruy Antônio, Paulo André, Maria Helena, Maria de Nazaré,
Maria Inez e Tito.
Faço aqui uma reverência à figura impecável
de dona Norma, que nos deixou neste sábado, 20. Uma reverência que embute a
admiração e o respeito que inspiram aquelas pessoas especiais, bonitas por
dentro e por fora. Neste momento da dolorosa cerimônia do adeus, as minhas condolências
à família, a qual resta o alento de que viver, para os que ficam, não é morrer.
O que nos remete aos versos antológicos de Ruy Barata: “(...) cresço nos filhos crescendo,/ cresço depois
que me for.”
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