domingo, 21 de junho de 2015

NORMA BARATA – O legado de uma grande mulher

Dona Norma, em foto do acervo de Maria Helena Barata no Facebook. 

A bússola que orienta, o braço que protege, a mão que afaga, o coração generoso de quem não impõe condições ao amor. Esta é a imagem que guardo de dona Norma Barata, a quem acompanhei à distância, na esteira da minha relação com Ruy Barata, um personagem singular, que na intimidade revelava uma generosidade comovente e com o qual, não por acaso, ela construiu sua família. Agora, mais, muito mais, que o exemplo da companheira, mãe, avó e amiga capaz de prodigamente repartir ternura, ela lega a todos nós, sobretudo, uma lição de vida. Uma lição que emerge na esteira do destemor com que se reinventou, algo tanto mais admirável porque já quando em idade outonal, que sugere, para a maioria das pessoas, o comodismo da vida crepuscular.
Sempre discreta e elegante, no trajar e nos modos, dona Norma nos ensinou que a morte em vida, de quem deposita as emoções na poupança da covardia, somente se dá quando abdicamos dos sonhos. Com os filhos já alçando voo solo, sem nem por isso aplacar o amor materno ela tornou-se a profissional respeitada que foi. E ainda encontrou tempo, em sua colossal generosidade, para os netos, a sublime extensão do amor com início e sem fim dedicado a Maria Diva, Ruy Antônio, Paulo André, Maria Helena, Maria de Nazaré, Maria Inez e Tito.

Faço aqui uma reverência à figura impecável de dona Norma, que nos deixou neste sábado, 20. Uma reverência que embute a admiração e o respeito que inspiram aquelas pessoas especiais, bonitas por dentro e por fora. Neste momento da dolorosa cerimônia do adeus, as minhas condolências à família, a qual resta o alento de que viver, para os que ficam, não é morrer. O que nos remete aos versos antológicos de Ruy Barata: “(...) cresço nos filhos crescendo,/ cresço depois que me for.”

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