sábado, 27 de junho de 2015

PSM – A cadeia da omissão criminosa

Pacientes em macas, amontoados na rua, diante do incêndio no PSM.
PSM: na falta de rotas de fuga e extintores, a saída foram as janelas.

O prefeito tucano Zenaldo Coutinho, porque, mesmo ciente da situação de colapso, manteve-se inerte; o Corpo de Bombeiros que, por covardia moral de sua privilegiada oficialidade, cultivou o mutismo, após condenar as instalações elétricas do prédio; o MPE, o Ministério Público do Estado do Pará, pelo seu silêncio cúmplice, determinado por conveniências espúrias, diante de uma situação que exigia sua intervenção, como fiscal da lei; e o Ministério Público Federal, por se limitar a intervenções espamódicas. Esta é a cadeia de omissões criminosas cujo corolário foi a tragédia anunciada na qual se constituiu o incêndio no Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti, o PSM da travessa 14 de Março, que deixou em seu rastro pelo menos dois cadáveres, sem contabilizar os óbitos que ainda poderão advir, devido a inalação de fumaça pelos pacientes, alguns em estado grave. Sem esquecer os problemas de saúde a que ficaram expostos, também pela inalação de fumaça, os médicos, enfermeiros e demais funcionários, mobilizados no empenho de salvar os pacientes.
Em realidade, sequer a grande imprensa mensurou, adequadamente, a extensão da gravidade do incêndio no PSM da 14 de Março. Mais que as duas mortes das quais se teve conhecimento até aqui, da interdição de áreas do prédio e da suspensão do atendimento, que deixa a população entregue ao deus-dará, poderíamos ter testemunhado uma tragédia de dimensões colossais. Hospitais têm, previsivelmente, grande concentração de material inflamável, com ênfase para o gás em profusão. Os riscos de uma monumental explosão - que fatalmente alcançaria a Santa Casa de Misericórdia do Pará, contígua ao PSM, além do perímetro residencial no entorno do Pronto-Socorro Municipal - não se constituem em mera especulação. Tratou-se de uma possibilidade concreta, que felizmente não materializou-se.

Com sua fiação elétrica condenada, o PSM da 14 de Março não dispunha de brigada de incêndio e sequer de extintores de incêndio, como se constatou nesta sexta-feira, 26. Rotas de fuga, nem pensar. Tudo atestado em laudo pericial do Corpo de Bombeiros, obviamente do conhecimento do inepto prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, e do abúlico, porque medíocre, secretário municipal de Saúde, Sérgio Figueiredo. Na falta de providências, por parte do prefeito, a oficialidade do Corpo de Bombeiros quedou-se muda. Silente seguiu o Ministério Público Estadual, a despeito das recorrentes denúncias sobre as precárias condições de funcionamento do PSM. Tal qual o Ministério Público Federal, de intervenções pontuais, de eficiência duvidosa. Resta saber o que se sucederá a esta cadeia de condescendência criminosa.

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