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Pacientes em macas, amontoados na rua, diante do incêndio no PSM. |
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PSM: na falta de rotas de fuga e extintores, a saída foram as janelas. |
O prefeito tucano Zenaldo Coutinho, porque,
mesmo ciente da situação de colapso, manteve-se inerte; o Corpo de Bombeiros
que, por covardia moral de sua privilegiada oficialidade, cultivou o mutismo,
após condenar as instalações elétricas do prédio; o MPE, o Ministério Público
do Estado do Pará, pelo seu silêncio cúmplice, determinado por conveniências
espúrias, diante de uma situação que exigia sua intervenção, como fiscal da lei;
e o Ministério Público Federal, por se limitar a intervenções espamódicas. Esta
é a cadeia de omissões criminosas cujo corolário foi a tragédia anunciada na
qual se constituiu o incêndio no Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti, o PSM
da travessa 14 de Março, que deixou em seu rastro pelo menos dois cadáveres,
sem contabilizar os óbitos que ainda poderão advir, devido a inalação de fumaça
pelos pacientes, alguns em estado grave. Sem esquecer os problemas de saúde a
que ficaram expostos, também pela inalação de fumaça, os médicos, enfermeiros e
demais funcionários, mobilizados no empenho de salvar os pacientes.
Em realidade, sequer a grande imprensa
mensurou, adequadamente, a extensão da gravidade do incêndio no PSM da 14 de
Março. Mais que as duas mortes das quais se teve conhecimento até aqui, da
interdição de áreas do prédio e da suspensão do atendimento, que deixa a população
entregue ao deus-dará, poderíamos ter testemunhado uma tragédia de dimensões
colossais. Hospitais têm, previsivelmente, grande concentração de material inflamável,
com ênfase para o gás em profusão. Os riscos de uma monumental explosão - que
fatalmente alcançaria a Santa Casa de Misericórdia do Pará, contígua ao PSM, além
do perímetro residencial no entorno do Pronto-Socorro Municipal - não se
constituem em mera especulação. Tratou-se de uma possibilidade concreta, que
felizmente não materializou-se.
Com sua fiação elétrica condenada, o PSM da
14 de Março não dispunha de brigada de incêndio e sequer de extintores de incêndio, como se constatou
nesta sexta-feira, 26. Rotas de fuga, nem pensar. Tudo atestado em laudo pericial
do Corpo de Bombeiros, obviamente do conhecimento do inepto prefeito de Belém, Zenaldo
Coutinho, e do abúlico, porque medíocre, secretário municipal de Saúde, Sérgio
Figueiredo. Na falta de providências, por parte do prefeito, a oficialidade do Corpo
de Bombeiros quedou-se muda. Silente seguiu o Ministério Público Estadual, a
despeito das recorrentes denúncias sobre as precárias condições de
funcionamento do PSM. Tal qual o Ministério Público Federal, de intervenções
pontuais, de eficiência duvidosa. Resta saber o que se sucederá a esta cadeia
de condescendência criminosa.
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