quinta-feira, 25 de junho de 2015

CÂMARA DE BELÉM– A política do clientelismo

Câmara de Belém: clientelismo que conspira contra o eleitorado humilde.

O que a maioria dos vereadores de Belém decidiu, votando contra a redução salarial, foi preservar a pilhagem ao erário, sem nenhuma concessão ao decoro. Blindou-se a partilha do butim, preservando o clientelismo, a deletéria troca de favores entre quem detém o poder e quem vota. Essa prática é tanto mais nociva porque alcança, predominantemente, o eleitorado mais humilde, carente de tudo, inclusive e principalmente da proteção do Estado, frequentemente vivendo no limite da miséria pura e simples. É quando despontam os políticos inescrupulosos, que se valem do dinheiro público para financiar o assistencialismo eleitoreiro, que acaba por fixar o eleitor na miséria, ao invés de ajudá-lo a dela se livrar. Como Justo Veríssimo, grande parcela dos nossos políticos – nela inclusos os vereadores de Belém que votaram contra a redução salarial - deve repetir, no resguardo da intimidade, o bordão do personagem celebrizado pelo inesquecível Chico Anysio, na sua magistral sátira aos políticos inescrupulosos: “Eu quero é que o povo se exploda!” A carência, afinal, é uma fonte inesgotável do voto de cabresto, determinado pela dependência do eleitor em relação aos eventuais favores do candidato no qual é compelido a votar, para poder ter um mínimo daquilo que é seu por direito, mas que os inquilinos do poder e seus prepostos lhe usurpam.

Na notícia sobre a decisão da Câmara Municipal de Belém, o G1/Pará também revela que a economia com a redução salarial do vereadores poderia permitir, por exemplo, a compra de 175 ambulâncias básicas para o Samu, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e Emergência. Ou mais de 80 UTIs móveis para o município, as ambulância que dispõem de todo o equipamento que pode ser encontrado numa Unidade de Terapia Intensiva tradicional, acrescenta a reportagem. Por isso, soam repulsivas as justificativas dos vereadores Pio Neto, do PTB, hoje um simulacro do que foi originalmente o Partido Trabalhista Brasileiro, e Meg Barros, do PROS, o Partido Republicano da Ordem Social, legenda para a qual migrou, depois de eleita pelo PSol, o Partido Socialismo e Liberdade. Neles deve-se louvar a coragem pelo cinismo capaz de corar anêmico, exibido desabridamente, mas coerente com os antecedentes de ambos.

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