FICHA LIMPA – A ameaça que paira sobre Jader

Se vingar a aplicação imediata da Lei da Ficha Limpa, a cassação do registro da candidatura ao Senado de Jader Barbalho poderá representar o início do fim da mais longeva liderança política da história do Pará. O morubixaba do PMDB no Pará, ele é o líder inconteste da legenda no Estado. Por conta disso, não há, no partido, nenhuma liderança do seu porte. Nem mesmo o seu presumível herdeiro político, o filho Helder Barbalho (foto, com Lula), prefeito reeleito de Ananindeua, que já foi vereador no município e deputado estadual.
Pessoalmente elegante, as semelhanças de Helder Barbalho com o pai ficam por aí, segundo recorrentes relatos de fontes com acesso privilegiado aos bastidores do PMDB. Ele é descrito como um administrador de desempenho pífio e postura algo autocrática, com o agravante, conforme é acentuado, de não exibir a sagacidade política de Jader. Seu maior senão, dizem ainda, é a auto-suficiência, que ajuda a alimentar a animosidade natural que cerca os muito poderosos em geral e os arrogantes em particular. Como exemplo de sua empáfia, letal para um político, é citado o tratamento, etiquetado de “desrespeitoso”, que supostamente dispensou à ex-deputada Sandra Batista, ex-PC do B, hoje PT, a vice-prefeita de Ananindeua. Em uma versão não confirmada, contam que ele chegou a sequer incluir, no orçamento do município, o gabinete da vice-prefeito. “Ele precisa tomar umas noções de civilidade política com o pai”, dispara, ácido, um peemedebista histórico, de comprovada lealdade a Jader Barbalho. “O Jader pode contar comigo para o que for necessário, mas com o garoto eu não quero conversa”, acrescenta o mesmo peemedebista, recordando que no seu primeiro mandato como governador Jader tinha como vice Laércio Franco, politicamente inconfiável, porque leal ao ex-governador Alacid Nunes. “A despeito disso, Jader jamais hostilizou Laércio Franco, cultivando uma coexistência pacífica em relação ao vice, poupando-se de desgastes desnecessários”, salienta.