Para detalhar o significado do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, recorro a um texto do jornalista Luís Indriunas. Ele é jornalista formado pela Universidade de São Paulo e mestre em planejamento do desenvolvimento pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará. Trabalhou em diversos veículos de comunicação, empresas e organizações não-governamentais.
“O Círio de Nazaré, considerada a maior procissão católica do mundo, acontece todo segundo domingo de outubro em Belém do Pará, reunindo cerca de dois milhões de fiéis. A procissão homenageia a imagem de Nossa Senhora de Nazaré e faz parte do patrimônio cultural de natureza imaterial do Brasil. Ela acontece desde 1792.
“A origem da procissão está ligada à lenda da descoberta da imagem de Virgem de Nazaré. Em 1700, às margens do igarapé Murucutú, o caboclo Plácido José de Souza encontrou a imagem de Nossa Senhora. Ele levou a estátua para sua cabana, mas, no outro dia, ela não estava mais lá. Plácido a achou novamente no igarapé onde a havia encontrado no dia anterior. Este é considerado o primeiro milagre da Virgem de Nazaré. Assim, o Círio refaz há mais de 200 anos o caminho da imagem. O local onde Plácido a encontrou é hoje a Basílica de Nazaré. Assim, na noite de sábado, uma procissão a velas, chamada de transladação, leva a imagem da Basílica de Nazaré para a Catedral da Sé, no centro histórico de Belém, próximo de onde ficava a cabana de Plácido. Na manhã de domingo, acontece a principal procissão quando a imagem sai da Catedral da Sé e segue para a Basílica de Nazaré. São 4,5 quilômetros de caminhada com várias paradas para homenagear a Santa. Por causa da quantidade de promesseios participando, a caminhada pode ser extremamente demorada. O mais longo Círio da história aconteceu em 2004, quando a procissão durou nove horas e quinze minutos.
“Há vários rituais simbólicos presentes na procissão. Muitos fiéis levam imagens em miriti (madeira leve originária de uma palmeira com o mesmo nome) para agradecer graças alcançadas como a compra de uma casa, por exemplo. Outros carregam velas reproduzindo pedaços do corpo humano para agradecer a cura de alguma doença. O principal símbolo da procissão, no entanto, é a corda. Com 350 metros de comprimento, duas polegadas de diâmetro, uma corda de sisal é atrelada à berlinda, onde fica a imagem. Os fiéis descalços se aglomeram para conseguir segurar um pedaço da corda e pagar sua promessa, acompanhando toda a procissão.
"A corda surgiu durante a procissão de 1855, quando a berlinda ficou atolada por conta de uma grande chuva. Os organizadores da festa tiveram a idéia de arranjar uma grande corda para que os fiéis puxassem a imagem. A partir daí, os organizadores do Círio começaram a se prevenir, levando sempre uma corda durante a romaria. Em 1885, a corda foi oficializada no Círio, substituindo definitivamente os animais que puxavam a berlinda. E atualmente, ele é o símbolo mais característico da festa.
“Além da procissão de domingo, a festa do Círio de Nazaré tem vários eventos e comemorações que duram cerca de quatro semanas. Antes da grande procissão, réplicas da imagem percorrem as casas onde vizinhos fazem novena. Na semana que antecede o Círio, milhares de pessoas chegam a Belém de várias partes do país e das cidades do interior da Amazônia. Shows, quermesses, aberturas de exposições acontecem nesse período e a cidade ferve. Entre as atrações, acontece na sexta-feira o Auto do Círio, quando atores, dançarinos, músicos amadores e profissionais fazem uma “procissão” cheia de humor no centro histórico da cidade, que invariavelmente acaba com um carnaval.
“No sábado acontece a procissão fluvial quando centenas de barcos enfeitados trazem a imagem pela baía do Guajará. Uma procissão de motoqueiros a acompanha até a Basílica de Nazaré de onde ela sairá no sábado à noite para a transladação. As comemorações acontecem até o recírio duas semanas depois da procissão do segundo domingo de outubro.
“É na época do Círio que as tradições paraenses e amazônicas são relembradas. É a principal festa de confraternização no Estado, sendo a época que os paraenses que moram fora de Belém escolhem para visitar parentes e amigos. O almoço do domingo após a procissão é feito obrigatoriamente com a culinária local. São servidos o pato no tucupi (caldo azedo extraído da mandioca durante o processo de confecção da farinha) e a maniçoba (cozido com carne de porco e maniva - a folha da mandioca), além do açaí com açúcar para sobremesa. Aliás, o cheiro de maniçoba invade a cidade já que para prepará-la, é necessário cozer cerca de sete dias a maniva, retirando as perigosas e, às vezes fatais, toxinas da folha.
“Outra tradição do Círio é a feira de brinquedos de miriti. Bonecos, aviões, barcos, animais coloridos são feitos com o leve madeira da palmeira de miriti pelos artesões de Abaetetuba e Moju, cidades localizadas na outra margem da baia do Guajará que banha Belém, e comercializadas durante o final de semana da festa.
“Assim, o Círio de Nazaré, além de uma festa religiosa, é também um importante retrato da cultura amazônica e do folclore brasileiro.”
Adicionalmente, Luís Idriunas explica o que é um Círio. E esclarece que a palavra “Círio” vem do latim “cereus” (de cera) e significa vela grande de cera.
“O Círio de Nazaré, considerada a maior procissão católica do mundo, acontece todo segundo domingo de outubro em Belém do Pará, reunindo cerca de dois milhões de fiéis. A procissão homenageia a imagem de Nossa Senhora de Nazaré e faz parte do patrimônio cultural de natureza imaterial do Brasil. Ela acontece desde 1792.
“A origem da procissão está ligada à lenda da descoberta da imagem de Virgem de Nazaré. Em 1700, às margens do igarapé Murucutú, o caboclo Plácido José de Souza encontrou a imagem de Nossa Senhora. Ele levou a estátua para sua cabana, mas, no outro dia, ela não estava mais lá. Plácido a achou novamente no igarapé onde a havia encontrado no dia anterior. Este é considerado o primeiro milagre da Virgem de Nazaré. Assim, o Círio refaz há mais de 200 anos o caminho da imagem. O local onde Plácido a encontrou é hoje a Basílica de Nazaré. Assim, na noite de sábado, uma procissão a velas, chamada de transladação, leva a imagem da Basílica de Nazaré para a Catedral da Sé, no centro histórico de Belém, próximo de onde ficava a cabana de Plácido. Na manhã de domingo, acontece a principal procissão quando a imagem sai da Catedral da Sé e segue para a Basílica de Nazaré. São 4,5 quilômetros de caminhada com várias paradas para homenagear a Santa. Por causa da quantidade de promesseios participando, a caminhada pode ser extremamente demorada. O mais longo Círio da história aconteceu em 2004, quando a procissão durou nove horas e quinze minutos.
“Há vários rituais simbólicos presentes na procissão. Muitos fiéis levam imagens em miriti (madeira leve originária de uma palmeira com o mesmo nome) para agradecer graças alcançadas como a compra de uma casa, por exemplo. Outros carregam velas reproduzindo pedaços do corpo humano para agradecer a cura de alguma doença. O principal símbolo da procissão, no entanto, é a corda. Com 350 metros de comprimento, duas polegadas de diâmetro, uma corda de sisal é atrelada à berlinda, onde fica a imagem. Os fiéis descalços se aglomeram para conseguir segurar um pedaço da corda e pagar sua promessa, acompanhando toda a procissão.
"A corda surgiu durante a procissão de 1855, quando a berlinda ficou atolada por conta de uma grande chuva. Os organizadores da festa tiveram a idéia de arranjar uma grande corda para que os fiéis puxassem a imagem. A partir daí, os organizadores do Círio começaram a se prevenir, levando sempre uma corda durante a romaria. Em 1885, a corda foi oficializada no Círio, substituindo definitivamente os animais que puxavam a berlinda. E atualmente, ele é o símbolo mais característico da festa.
“Além da procissão de domingo, a festa do Círio de Nazaré tem vários eventos e comemorações que duram cerca de quatro semanas. Antes da grande procissão, réplicas da imagem percorrem as casas onde vizinhos fazem novena. Na semana que antecede o Círio, milhares de pessoas chegam a Belém de várias partes do país e das cidades do interior da Amazônia. Shows, quermesses, aberturas de exposições acontecem nesse período e a cidade ferve. Entre as atrações, acontece na sexta-feira o Auto do Círio, quando atores, dançarinos, músicos amadores e profissionais fazem uma “procissão” cheia de humor no centro histórico da cidade, que invariavelmente acaba com um carnaval.
“No sábado acontece a procissão fluvial quando centenas de barcos enfeitados trazem a imagem pela baía do Guajará. Uma procissão de motoqueiros a acompanha até a Basílica de Nazaré de onde ela sairá no sábado à noite para a transladação. As comemorações acontecem até o recírio duas semanas depois da procissão do segundo domingo de outubro.
“É na época do Círio que as tradições paraenses e amazônicas são relembradas. É a principal festa de confraternização no Estado, sendo a época que os paraenses que moram fora de Belém escolhem para visitar parentes e amigos. O almoço do domingo após a procissão é feito obrigatoriamente com a culinária local. São servidos o pato no tucupi (caldo azedo extraído da mandioca durante o processo de confecção da farinha) e a maniçoba (cozido com carne de porco e maniva - a folha da mandioca), além do açaí com açúcar para sobremesa. Aliás, o cheiro de maniçoba invade a cidade já que para prepará-la, é necessário cozer cerca de sete dias a maniva, retirando as perigosas e, às vezes fatais, toxinas da folha.
“Outra tradição do Círio é a feira de brinquedos de miriti. Bonecos, aviões, barcos, animais coloridos são feitos com o leve madeira da palmeira de miriti pelos artesões de Abaetetuba e Moju, cidades localizadas na outra margem da baia do Guajará que banha Belém, e comercializadas durante o final de semana da festa.
“Assim, o Círio de Nazaré, além de uma festa religiosa, é também um importante retrato da cultura amazônica e do folclore brasileiro.”
Adicionalmente, Luís Idriunas explica o que é um Círio. E esclarece que a palavra “Círio” vem do latim “cereus” (de cera) e significa vela grande de cera.
4 comentários :
O Luís, sintetizou bem o que é o Círio. Contudo ele se equivocou ao dizer que a 'Moto-romaria' leva a imagem peregrina até a Basílica quando, na verdade, é levada ao Colégio Gentil.
Será que o Luís já viveu o Círio de Nazaré? Não estou menosprezando o curriculo, nem a formação dele. Afinal, gabarito ele tem.
Depois que participei da procissão na corda, tenho uma outra visão para entender o "significado" do círio.
Muito boa, a postagem!
Parabéns pelo blog, sensacional!
Caro Denilson,
Muito obrigado pelos comentários. Já participei sim do Círio, já que morei por quase nove anos em Belém do Pará.
Abs,
Luís Indriunas
Gostei... obrigada! tirei todas as dúvidas.Parabéns!
Excelente esclarecimento, na minha cidade:Viana_MA, o Círio esta em seu 4ºano, sempre participo, mas para explicar aos leigos o significado de todos os símbolos aqui encontrei as respostas.Parabéns!
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