segunda-feira, 19 de outubro de 2009

BATTISTI– A minha resposta

O novo questionamento de Sebastião Klautau, o Tito Klautau, sobre o imbróglio em torno de Cesare Battisti, padece certamente de um vício de origem, que é pretender resumir a discussão sobre a pertinência, ou não, da extradição do criminoso italiano a uma questão de princípio e desconhecer a tentativa do ministro Tarso Genro, da Justiça, em ideologizar o contencioso. Sem necessariamente desabonar suas fontes, em termos curriculares, opto por confiar em fontes como um Mino Carta porque este exibe um histórico de independência política que o faz sobrepor fatos a crenças ideológicas. Observe-se que falo em independência, porque parece-me que seria demasiadamente bizantino e nos faria resvalar para a discussão sobre o sexo dos anjos polemizarmos a respeito da ficção que acaba sendo a pretensão de isenção, fatalmente inviabilizada pelas idiossincrasias pessoais.
De resto, cabe ainda uma indispensável reflexão. Como catalogar, senão como criminoso, quem, sob instituições inquestionavelmente democráticas, opta pelo terrorismo e se arvora ao direito de decidir o direito a vida de outrem, em julgamento sumário, próprio de tribunal de exceção, por sua conta e risco?
Tergiversar é, na verdade, tentar passar ao lado dessa singela indagação. Esta é a pergunta que não quer calar e que cabe a Tito, enfim, responder, após tantos questionamentos.

4 comentários :

Anônimo disse...

Existem alguns problemas que tornam teu raciocínio passível de crítica, Barata. São eles:
Quando rotulas Battisti de criminoso, não distingues a questão do crime político. Isto fica bem claro quando opões democracia x terrorismo.
A diferença, talvez, seja muito sutil para que compreendas, mas um bom exemplo é a questão da Alemanha nazista, um regime que pelas regras era legítimo e democrático pois Hitler e sua camarilha chegaram ao poder pelo voto e legitimaram muitas de suas ações por plebiscito.
Mas qualquer garoto sabe hoje que não era. E houve resistências isoladas, houve atentados terroristas,houve resistência. Pelo teu raciocínio as pessoas que se insurgiram contra o nazismo seriam criminosas.
No caso de Battisti, tínhamos a chamada Guerra Fria, um enfrentamento permanente entre União Soviética e o bloco ocidental liderado pelos EUA. O alinhamento com o bloco norte-americano gerou ditadura em todos os continentes do mundo e também conflitos de baixo/médio impacto (Vietnã, Oriente Médio). Do lado soviético, a resposta não foi menos dura: Cuba, grupo Baden-Mayerhoff, Brigadas Vermelhas, Setembro Negro, Tupamaros.
Além disso, todo o arcabouço legal da Itália foi endurecido, fazendo do governo italiano naquela época uma sucursal da Casa Branca, tanto o quanto o eram o da República Federal Alemã. Então, não me venha com essa chorumela de bem x mal.
É claro, ninguém duvida, tu conheces muito bem essa história, e até seria interessante, senão educativo, que falasses desse tempo com o tempero de tua vivência pessoal, como secundarista, na universidade e no jornalismo.
Mas, o que complica mesmo o teu ataque feroz ao tal italiano ex-brigadista, é o fato de os crimes que imputam a ele e motivam o pedido de extradição, são questionáveis tecnica e formalmente do ponto de vista jurídico. Há alguns que, para serem praticados, obrigariam o acusado usar do poder divino e comparecer a dois locais diferentes, na mesma hora; e, lembre-se, isto só é possível, hoje, com o advento da internet.
Por fim, uma constatação: o Battisti se beneficia sim do Brasil ser presidido por Lula. Pois caso acontecessem esses fatos no tempo do FHC, o italiano já estava na Itália, entregue numa jaula com um brilhante laço verde-amarelo, acompanhado de um cartão com votos de protestos de amizade do governo brasileiro. Essa é a diferença principal.

Anônimo disse...

Barata, todoas as vezes que tú não entendes de um assunto tú chamas a discussão de "bizantina". Uma discussão bizantina pode até não chegar a um resultado prático, mas pressupõe conhecimento prévio. Seu texto demonstra desconhecimento sobre o caso.

Unknown disse...

Barata, acbei de enviar email contendo a "Resposta de Tito aos questionamentos de Barata".
Espero a postagem de minha resposta.
Um abraço do Tito Klautau.

Anônimo disse...

Vai ver...a culpa mesmo foi dos mortos.
É sempre assim, seja de esquerda ou direita, "criminoso político" tem licença para matar.
Se militante e matou, pronto:é rotulado de "crime político".
Simples, não?
Senhores "independentes", coloquem-se no lugar de parentes das vítimas.
Talvez vejam com mais "independência", quem sabe?