Jatene com Almir, em montagem ironizando o escândalo da Cerpa. |
A
proposta de instalação da CPI, que ao ser abortada justificou o beijo entre
André Dias e Pio Neto, teve origem na esteira de uma série de matérias de minha autoria, publicadas pelo jornal Diário do Pará, entre 22 e 29 de maio de 2005, revelando o teor dos documentos que sustentam a denúncia feita pelo
Ministério Público Federal desvendando a teia de corrupção tecida por tucanos de
farta plumagem no imbróglio que envolve a Cerpa, a Cervejaria Paraense S/A ,
fabricante da cerveja Cerpa. As matérias foram ilustradas com o fac-símile de cópias de
alguns dos documentos anexados na ação.
A
denúncia figura no inquérito 465/PA que tramita no STJ (Superior Tribunal de
Justiça) e revela que a cervejaria paraense, valendo-se de um caixa 2 – que vem
a ser uma contabilidade clandestina, cujos valores não são declarados ao
Fisco-, abasteceu a campanha do governador Simão Jatene nas eleições de 2002
com R$ 16,5 milhões. A contrapartida do tucanato foi conceder à Cerpa perdão e
incentivos fiscais que chegaram a R$ 47 milhões. Os valores são da época e carecem
de atualização. O propinoduto da Cerpa começou a regar a horta da corrupção
tucana a partir do final do segundo mandato do ex-governador Almir Gabriel.
No
inquérito que aportou no STJ o governador Simão Jatene é acusado de corrupção
passiva, juntamente com alguns de seus secretários - Francisco Sérgio Belich de
Souza Leão, secretário especial de Governo; Teresa Luzia Mártires Coelho Cativo
Rosa, secretária especial de Gestão; e Roberta Ferreira de Souza, secretária
executiva da Fazenda, em
exercício, penalizada por ter respondido interinamente pela Sefa, embora sem
nenhum envolvimento com a tramoia. Dono da
Cerpa, Konrad Karl Seibel, também conhecido como Alemão e já morto, foi
acusado de corrupção ativa e falsidade ideológica.
O
escândalo foi deflagrado a partir de uma inspeção do Ministério Público do
Trabalho na Cerpa, realizada em agosto de 2004, que constatou não apenas
fraudes trabalhistas, mas também uma relação de promiscuidade lesiva aos cofres
públicos entre a cervejaria e o tucanato paraense.
Um comentário :
Entendí o propinoduto da Cerpa, só ainda não entendi por que este processo ainda não foi julgado no STJ, depois de tantos anos.
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