MPE – Filha de Neves ganha sinecura no TCE

Mariana Neves: sinecura patrocinada pelo pai.

Sob a administração de Marcos Antônio Ferreira das Neves, também conhecido como Napoleão de Hospício, por seu mandonismo, o MPE, o Ministério Público do Estado do Pará, reduziu-se a um eunuco legal, ao qual falece autoridade moral e, por extensão, determinação para cumprir sua missão constitucional de fiscal da lei, porque refém da falta de escrúpulos do atual procurador-geral de Justiça. E o desdém de Neves por qualquer resquício de pudor ético volta a se manifestar, no rastro de um inequívoco episódio de tráfico de influência, do qual é beneficiária sua filha, a jovem advogada Mariana Silva Neves, comodamente abrigada no TCE, o Tribunal de Contas do Estado do Pará, não por acaso notabilizado como o Palácio das Sinecuras. Embolsando mensalmente aprazíveis R$ 11 mil, Mariana Silva Neves exerce no TCE, desde 9 de fevereiro deste ano, o cargo comissionado de assessor da vice-presidência, lotada no gabinete da impoluta conselheira Lourdes Lima, uma ex-deputada de pífio desempenho parlamentar. O TCE se notabiliza pela profusão de cargos comissionados e pelas recorrentes denúncias de servidores fantasmas, desobrigados de bater ponto e acomodados nos gabinetes dos conselheiros, alguns suspeitos de participarem da pilhagem ao erário, supostamente usufruindo da partilha do butim com seus aspones. Tudo isso sob a inusitada omissão do Ministério Público Estadual, cujo motivo da complacência dolosa tem agora nome e sobrenome.

Como Mariana Silva Neves está a uma distância abissal de ostentar consistência intelectual capaz de justificar tão meteórica ascensão, ser catapultada para o gabinete da vice-presidência do TCE sugere, fatalmente, um daqueles casos clássicos de tráfico de influência. E tráfico de influência, como sabem até as pedras desta terra, é a especialidade do ilustre pai da jovem advogada, Marcos Antônio Ferreira das Neves, o atual procurador-geral de Justiça, o célebre Napoleão de Hospício. Convém recordar, a propósito, dois episódios emblemáticos da vocação patrimonialista de Neves. Tão logo empossado, ele tratou de nomear assessor de procurador de Justiça, ganhando algo em torno de R$ 16 mil, Gil Mendonça Farias, reprovado em concurso promovido pelo próprio MPE, mas que vem a ser namorado justamente de Mariana Silva Neves. Depois, nomeou como assessor um amigo, André Ricardo Otoni Vieira, que é também sócio-administrador de duas empresas de Neves, para o qual também advogada, em clara transgressão da lei. Em consequência da promiscuidade entre o público e o privado protagonizada, Marcos Antônio Ferreira das Neves e André Ricardo Otoni Vieira são réus, por improbidade, em ações ajuizadas pelo próprio MPE.