terça-feira, 2 de junho de 2015

FIFA – A análise de Mário Magalhães

Segue abaixo a transcrição, na íntegra, da análise de Mário Magalhães sobre o significado da renúncia de Joseph Blatter:

Renúncia de Blatter busca salvar estrutura corrupta e podridão da Fifa

Mário Magalhães  02/06/2015  14:46

A recém-anunciada renúncia de Joseph Blatter é também uma tentativa do presidente da Fifa de não passar os seus derradeiros dias numa prisão, com direito a mera uma hora de banho de sol diário.
Mas o afastamento do chefe do conglomerado financeiro que comanda o futebol mundial constitui sobretudo manobra desesperada para salvar a estrutura corrupta que ele herdou do antecessor, João Havelange, e tornou ainda mais podre nas últimas décadas.
O brasileiro Havelange presidiu a Fifa de 1974 a 1998, ano em que o suíço Blatter assumiu e não largou mais o osso.
Não havia largado. Sua desistência, em meio ao escândalo supremo sobre falcatruas no futebol, busca preservar a própria pele e os vultosos interesses econômicos em jogo.
Com a ruína de Blatter, perdem os dirigentes esportivos de todo o mundo que o apoiaram até o fim, isto é, a reeleição da semana passada, agora transformada em pó.
Gente como o ex-capo da CBF, José Maria Marin, que amarga uma cana na Europa, decorrente de investigação do FBI. E o atual presidente, Marco Polo Del Nero, cuja “arrancada modernizadora'' foi marcada pelo endosso da entidade a um novo mandato a Blatter.
Perdem bajuladores e interesseiros. Ainda ontem, Pelé aplaudia a recondução do cartola europeu.
Perdem patrocinadores sem escrúpulos.
Perde o jornalismo subserviente. O que mantém conflito de interesses entre informação e negócio, viaja às custas da Fifa para Copas do Mundo ou recebe de graça, de José Maria Marin, ingressos para partidas do Mundial.
Ganham todos aqueles que batalharam contra a bandalheira, nem que fosse informando. No jornalismo, ninguém é maior, aqui no Brasil, do que Juca Kfouri.
Ganham patrocinadores que querem associar sua imagem a produtos decentes.
Triunfa sobretudo o futebol.
Mais pela esperança do que por mudanças de fato.
Não faltará quem se empenhe para que, mudando Blatter, nada mude na roubalheira e no jogo sujo.


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