sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

DRUMMOND – O contexto que inspirou a crônica

        Para melhor situar as gerações mais recentes e estimular as lembranças daqueles que testemunharam o episódio, convém rememorar o contexto histórico sob o qual floresceu a crônica de Carlos Drummond de Andrade. Na época estava em andamento a “distensão lenta, gradual e segura” preconizada pelo ex-presidente Ernesto Geisel (foto, à dir., tendo à esq. Golbery do Couto e Silva), que iniciou o desmonte da ditadura militar e cujo governo teve como eminência parda o general Golbery do Couto e Silva. Embora sem renegar o golpe militar de 1º de abril de 1964, ambos, Geisel e Golbery, se opunham aos excessos dos radicais do regime dos generais, que patrocinaram os anos de chumbo, institucionalizando a prisão, a tortura, as execuções sumárias e o desaparecimento de opositores, além da implacável censura a imprensa, em particular, e a liberdade de expressão, em geral. A ironia é que o temível SNI, o Serviço Nacional de Informações, abrigo dos falcões da ditadura militar, foi criado por Golbery do Couto e Silva. “Criei um monstro!”, desabafou, certa vez, o próprio Golbery. Mais irônico foi o ex-presidente Ernesto Geisel fazer seu sucessor o ex-chefe do SNI, o general João Baptista de Figueiredo, que nem por isso foi poupado pelos “bolsões sinceros, mas radicais”, recorrentes em desafiar a flexibilização do regime militar, condição sine qua non para viabilizar a redemocratização.
        A ditadura militar, instituída pelo golpe de 1º de abril de 1964, estendeu-se até 1985, quando o ex-presidente Tancredo Neves, do PMDB, derrotou no colégio eleitoral, pelo voto indireto, o ex-governador paulista Paulo Maluf, do PDS, o Partido Democrático Social, sucedâneo da Arena, a Aliança Renovadora Nacional, como partido de sustentação parlamentar do regime dos generais. A candidatura de Tancredo Neves ganhou densidade parlamentar ao atrair o apoio dos dissidentes do PDS, formando assim a Aliança Democrática, o que fez do ex-presidente José Sarney, um dos beneficiários da ditadura militar, vice de Tancredo. Uma grave crise de diverticulite, que eclodiu na noite de 14 de março de 1985, impediu a posse do presidente eleito, a 15 de março de 1985, desembocando na morte de Tancredo Neves, a 21 de abril de 1985, após uma sucessão de cirurgias. Em lugar de Tancredo Neves assumiu José Sarney, ao qual coube conduzir o processo de redemocratização, que culminou com a eleição presidencial de 1989, quando pela primeira vez, após o golpe militar de 1º de abril de 1964, o presidente da República foi eleito pelo voto direto

Um comentário :

Anônimo disse...

Barata,

Em 1982 o presidente era JOÃO BAPTISTA FIGUEIREDO, desde 79 ou 80. Portanto, a foto do post não condiz.