Belém, a nossa querida e amada Belém, a Belém de nossas raízes, a Belém do legado cabano, merece mais, muito mais, do que a pirotecnia oficial anual, que se renova a cada 12 de janeiro, para depois ser devolvida à recorrente inépcia dos donos do poder, patinando em índices sociais pífios. Não por acaso Belém é das capitais brasileiras a com a maior economia informal e um dos mais elevados índices de desemprego, um terreno fértil para a escalada da criminalidade, do que resulta ser a segunda capital - proporcionalmente à população - mais violenta do Brasil, abaixo apenas de Recife.
O descaso para com a educação alimenta a ignorância política, que garante a alternância de poder entre bandidos de colarinho branco, que não exibem currículo, mas prontuário: mais da metade do eleitorado vagueia entre nenhum ou baixo nível de escolaridade. Preocupação com a saúde, com saneamento, e, principalmente, zelo na administração dos recursos públicos, capaz de permitir tentar compatibilizar o socialmente justo com o financeiramente possível, são figuras de retórica, meras balelas. Balelas que não ultrapassam os palanques eleitorais, em uma pantomina coonestada pelos barões da comunicação, em troca de gordas verbas publicitárias, como é praxe da grande imprensa regional, tradicionalmente venal.
Não gostaria de estar escrevendo nada disso, particularmente neste 12 de janeiro. Gostaria de estar falando das belezas da cidade aconchegante da minha infância, da beleza natural dos túneis de mangueiras, dos belos e majestosos casarões, da inefável chuva da tarde, da hospitalidade de um povo, que hoje se dilui diante do drama urbano cotidiano, para o qual contribui a inépcia governamental, independentemente de legendas.
A despeito de todas as vicissitudes, amo Belém, amo meu povo. Aqui nasci, aqui serei sepultado. Mas, diante da ignomínia, calar é mentir. O povo merece respeito!
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