Segue
a transcrição, na íntegra, do comentário de Reinaldo Azevedo sobre quem
efetivamente seja Marina Silva.
Marina, a Tirana de Brasília
29/08/2014 02h00
REINALDO
AZEVEDO
Tenho me dedicado, nem poderia ser diferente, a
tentar entender o pensamento de Marina Silva –há gente assegurando que ela vai
presidir o Brasil. Mas é tarefa difícil. E rio daqueles que, julgando
compreendê-lo, criam suas próprias metáforas para desentranhar as da candidata
do PSB à Presidência, de sorte que, depois de alguns minutos de conversa,
estamos todos no reino da alegoria, lá onde uma coisa puxa a outra rumo a lugar
nenhum. Malsucedido no meu esforço, recorro, então, a Eduardo Giannetti, que
parece ser o Platão redivivo que, desta feita, encontrou um bom Dionísio.
Marina reuniria as
características da "Rainha Filósofa". Se ela fizer como Giannetti
recomenda, conseguirá expulsar da política os cartagineses do PMDB e teremos,
então, um governo dos "bons e dos virtuosos". A Siracusa do Planalto
Central nunca mais será a mesma. Ou, quem sabe?, o pensador de agora se veja no
papel de um Pigmaleão a esculpir a mulher ideal.
A esta Folha,
Giannetti disse que sua "Tirana (no bom sentido, claro!) de Brasília"
pretende governar com o apoio de FHC e de Lula, embora a própria Marina, em
suas intervenções públicas, a despeito de reconhecer as contribuições de PSDB e
de PT à democracia, anuncie que é chegada a hora de pôr fim à era do confronto
entre os dois partidos. Ou por outra: para as elites políticas, o Platão da
Marina diz que vai governar com Lula e FHC; para o eleitorado com ódio da
política, ela assegura, de modo oblíquo, que não será nem com Lula nem com FHC.
A "Fórmula
Marina", que Giannetti reproduz com impressionante ligeireza para quem tem
preparo intelectual, é composta de ingredientes falsos ou de baixíssima
qualidade. Marina seria o momento da síntese de uma tese e de uma antítese já
manifestas. Ou, nas palavras do nosso Platão a este jornal, tentando certamente
ser simpático com as duas personagens que cita: "FHC tem compromisso com a
estabilidade econômica, nós também. Lula tem compromisso com a inclusão social,
nós também. Vamos trabalhar juntos. Acho possível. Se a democracia brasileira tem
razão de ser, é para que isso possa acontecer".
Abstenho-me de comentar o
fato de o entrevistado, imodesto, ter descoberto nada menos do que "a
razão de ser da democracia brasileira", encarnada, por acaso, em Marina,
sob seus diligentes cuidados, é certo! Vou considerar que foi apenas uma
distração retórica, não uma húbris... Inferir que FHC não teve compromisso com
a inclusão social é uma falácia não menor do que a sugestão de que Lula se
descuidou da estabilidade. À sua maneira, cada um dos ex-presidentes foi a
síntese das contradições dos respectivos governos que lideraram. Ou será que
Marina chega agora para ser o fim da história, o "último homem"?
De resto, a versão de que
ao PSDB interessava mais a estabilidade do que a justiça social é só uma
história porca narrada pelo petismo. A sugestão de que o PT só distribui
benesses sem se ocupar das contas é só um reacionarismo tosco. Minhas severas
restrições a esse partido têm a ver com suas taras autoritárias, com seu
jacobinismo estúpido, não com seu viés social –de valores essencialmente
conservadores, diga-se (mas isso fica para outra hora).
Notem que nem me atenho
aqui às barbaridades defendidas por Marina durante a votação do Código
Florestal ou à sua luta obscurantista contra os transgênicos. Também a preservo
do passado mais remoto, quando, fiel ao petismo, ofereceu batalha contra o
Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Abstenho-me de tratar da rede de
crimes que envolve aquele avião, da qual ela foi, obviamente, beneficiária, o
que poderá resultar até na cassação de um eventual mandato se a lei for
cumprida (ou me demonstrem que não). Esses são assuntos, digamos, contingentes,
do dia a dia do noticiário.
Uma postulação assentada
sobre uma fraude intelectual me incomoda muito mais. A leitura que Marina faz
das contribuições e malefícios do PSDB e do PT à democracia brasileira é
fantasiosa e atende apenas à mitologia erigida a partir de sua lenda pessoal.
Os brasileiros deveriam ter o direito de escolher apenas um presidente da
República. Marina quer nos oferecer uma nova era. Cuidado, Platão! Se der
certo, não tem como não dar errado.
Um comentário :
Reinaldo Azevedo é um pulha, medíocre, que defende toda forma prioritária de Capital. O Brasil hoje é dependente das sementes transgênicas da Monsanto, desde a primeira eleição do LULA, que recebeu dinheiro da empresa e, ao ser eleito, sobre taxou todos os insumos de outros países.
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