Samuel Wainer: no olho do furacão provocado pela morte de Vargas. |
Última Hora, único jornal poupado da ira popular. |
A comoção provocada pelo suicídio levou
às ruas do Rio, então capital do Brasil, a massa fiel a Getúlio, que extravasou
seu ódio contra aqueles que conspiraram contra seu líder. Naquele 24 de agosto,
multidões exasperadas atacaram praticamente todos os jornais, bloqueando sua
circulação, com exceção do Última Hora,
identificado com o getulismo, conforme relato deixado para a posteridade por
Samuel Wainer, proprietário do jornal e um dos mais brilhantes jornalistas da
história da imprensa brasileira.
Wainer acrescenta, em seu testemunho
sobre aquele trágico 24 de agosto de 1954, que depois de uma parada diante do Última Hora, em uma espécie de endosso à
linha editorial do jornal, a manifestação prosseguiu, com a massa quebrando os
símbolos do antigetulismo e procurando Carlos Lacerda, que teve de esconder-se
e, mais tarde, refugiar-se por algum tempo no exterior. “O único (jornal) a
circular foi o Última Hora, que
vendeu quase 800 mil exemplares”, recordou em suas memórias Wainer. “A oficina
não parou de trabalhar. Foram 20 horas rodando sucessivas edições. O povo
sequer esperava que os exemplares chegassem às bancas – arrancava-os dos
caminhões distribuidores, ávidos por notícias sobre a tragédia”, relembrou.
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