Neste 24 de agosto, quando transcorrem
os 60 anos do suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas, o Blog do Barata
retoma o tema, já abordado quatro anos atrás, pela relevância do personagem na
história do Brasil e pela conveniência de dele dar conhecimento, sem
mitificações, às novas gerações. Para tanto resgato um trabalho anterior sobre
o assunto, com alguns reparos e modificações, publicado em 2005 no Pauta Aberta, denominação sob a qual
surgiu, naquele ano, o Blog do Barata.
As postagens sustentam-se em alguns registros da memória e consultas à internet, para confirmar datas e pinçar fotos, e a livros que
remetem ao período, além de “A Era Vargas” e “Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro”, links do CPDOC, o Centro
de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Fundação
Getúlio Vargas, a respeitada instituição brasileira sem fins lucrativos, fundada em
1944 e que se dedica ao ensino e à pesquisa em ciências sociais. A isso se soma um artigo de Roberto Pompeu de Toledo, na revista Veja (edição nº 1843, de 3 de março de 2004), na qual o jornalista comenta a carta-testamento. Os livros que
serviram de fonte para as postagens foram “De
raposas e reformistas – PSD e a experiência democrática brasileira (1945-64)”, de Lucia Hippolito (Editora Paz e Terra); “A UDN e o udenismo – Ambigüidades do liberalismo brasileiro
(1945-1965)”, de Maria Victoria de Mesquita Benevides (297 páginas, Editora
Paz e Terra, de 1981); “O governo
Kubitschek – Desenvolvimento econômico e estabilidade política (1956-1961)”,
também de Maria Victoria de Mesquita Benevides (304 páginas, Editora Paz e
Terra, de 1979); e “Samuel Wainer – Minha
Razão de Viver – Autobiografia”, com organização e edição de textos do
jornalista Augusto Nunes (368 páginas, Editora Planeta, edição de 2005).
“Minha Razão de Viver” constitui-se, diga-se, em um capítulo à parte, e não só pela importância
histórica de Samuel Wainer, um dos mais competentes jornalistas da história do
jornalismo nacional, que revolucionou a imprensa brasileira, inclusive elevando
o patamar salarial dos jornalistas, o que rendeu-lhe a hostilidade dos demais
barões da comunicação da sua época. Editado primeiramente pela Record, em 1987,
o livro foi posteriormente relançado pela Planeta, em uma nova edição, mais uma
vez organizada pelo jornalista Augusto Nunes, porém contendo duas revelações omitidas
na versão anterior por respeito a testemunhas que ainda estavam vivas, a
pedido de Wainer, também notabilizado como um gentleman e um conquistador irresistível.
A primeira revelação contida na edição
da Editora Planeta de “Minha Razão de Viver”
foi a verdadeira nacionalidade de Samuel Wainer, nascido na Bessarábia, então
incorporada ao Império Russo, e não em São Paulo, uma balela sustentada durante
anos e mantida no livro original. Na CPI instaurada em 1953 para investigar a
contabilidade do jornal Última Hora -
cuja linha era favorável a Vargas -, a oposição tentou provar que o jornalista
não nascera no Brasil. Era proibido a estrangeiros comandar jornais no País e
muitos amigos do jornalista coonestaram a fraude, para evitar que Wainer perdesse
o diário. Outra novidade foi a revelação do nome do responsável pelo caixa dois
no governo do ex-presidente João Goulart, deposto pelo golpe militar de 1964 - Caio
Dias Batista, já então falecido. Wainer, recorde-se, figurou dentre os
proscritos pela ditadura militar de 1964.
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