ALEPA – Contagem regressiva

Nos bastidores do Palácio Cabanagem a versão corrente é de que o episódio fez transbordar a cota de tolerância do presidente da Alepa, o deputado tucano Manoel Pioneiro, diante da sucessão de trapalhadas de Adenirson Lage (foto), jornalista de carreira algo opaca, mesmo fazendo o que mais o deslumbra, a crônica de amenidades. Na Alepa é dada como líquida e certa a demissão do jornalista, abertamente hostilizado por Pioneiro. Este, inclusive, já chegou a adverti-lo publicamente, em humilhantes decibéis, irritado pelas recorrentes gafes do chefe do Cerimonial, muito aquém do conhecimento que se espera de um cerimonialista.

Resta saber se Pioneiro terá força para tanto. Além de habitualmente valer-se do prestígio dos Maiorana, para manter-se como chefe do Cerimonial da Alepa, Adenirson tem um forte padrinho no Palácio dos Despachos. Trata-se do deputado federal Zenaldo Coutinho, do PSDB, atual chefe da Casa Civil do governo Simão Jatene e provável candidato dos tucanos à Prefeitura de Belém, em 2012. Célebre por lançar mão do nepotismo e do tráfico de influência, ainda que dissimuladamente, foi Zenaldo quem introduziu Adenirson Lage no Palácio Cabanagem, quando presidente da Alepa. Deslumbrado por tornar-se habitué na coluna de amenidades que o jornalista assinava em O Liberal, antes de ser despachado para o Amazônia Jornal, Zenaldo regou o ego continental de Adenirson, ao patrocinar a lambança de submeter, hierarquicamente, a assessoria de imprensa ao cerimonial da Assembléia Legislativa. Uma aberração sem precedentes na história de qualquer Legislativo, a distorção foi corrigida por Domingos Juvenil, quando presidente da Alepa.

Em outra versão que varre o Palácio Cabanagem, e que por ser apenas versão convém receber com reservas, é dito que embora aparentemente acuado, pelo menos para consumo externo, nos bastidores Adenirson Lage jacta-se que, a despeito das eventuais turbulências, deverá se manter no cargo de chefe do Cerimonial, sem dúvida um respeitável reforço no orçamento doméstico da família do jornalista. Sua filha, Luciana, também aboletou-se no cerimonial, desafiando a súmula 13 do STF, o Supremo Tribunal Federal, que proíbe o nepotismo.