ALEPA – Gafe abortado na última hora

Por conta de uma trapalhada do chefe do Cerimonial do Palácio Cabanagem, Adenirson Lage, por pouco, mas por muito pouco, mesmo, a Alepa não protagoniza uma gafe monumental. Por proposta de um dublê de deputado e pastor evangélico, figurava como destinatário de uma homenagem Marcos Bengtson, filho do deputado federal Josué Bengtson (PTB) (foto) e suspeito de mandar assassinar um sem-terra. Josué Bengtson, recorde-se, é também pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular, cuja disseminação no Pará coincide com a sua prosperidade material. Ele retornou à Câmara dos Deputados nas eleições de 2010, após ter desistido da reeleição em 2006, ao ser flagrado como um dos integrantes da Máfia dos Sanguessugas, formada por parlamentares que pilhavam o erário, beneficiando-se com a venda de ambulâncias a preços superfaturados a prefeituras.

Marcos Bengtson, incluído no elenco de homenageados da Alerpa, é acusado de ser o mandante do assassinato do trabalhador rural José Valmeristo Soares, o Caribé, torturado e morto em 3 de setembro de 2010, no município de Santa Luzia do Pará, no Pará. Na ocasião o filho do parlamentar petebista foi preso, juntamente com dois pistoleiros suspeitos de serem executores do crime. Josué Bengstson alega ser proprietário de 1.8 mil, dos quase 7 mil hectares de terras da gleba Pau de Remo. “A gleba Pau de Remo é uma gleba federal, à margem da BR-316, que liga o Pará ao Maranhão. E as terras até 100 quilômetros das margens são terras públicas. Dentro da gleba Pau de Remo tem essa propriedade, chamada fazenda Cambará, e dessa área o Josué Bengstson tem título de apenas 1.8 mil hectares”, esclareceu, na época do assassinato, um porta-voz do MST, o Movimento dos Sem-Terra.

Quando alguém se deu conta da colossal trapalhada de Adenirson Lage, trataram de dar conhecimento ao presidente da Alepa, o deputado tucano Manoel Pioneiro. “Foi um pára-pra-acertar”, resume uma fonte do Palácio Cabanagem, segundo o qual Pioneiro não conseguia dissimular sua irritação, diante da mais recente gafe de Adenirson Lage, que após borboletar por O Liberal, como cronista de amenidades, acabou como colunista social do Amazônia Jornal, o diário popular do grupo de comunicação da família Maiorana.

A saída, diante da inconveniência da Alepa homenagear um suspeito de assassinato, foi substituir, como destinatário da homenagem, outro filho de Josué Bengstson, o reverendo Paulo Bengstson, coordenador de jovens da Igreja do Evangelho Quadrangular.