BASTIDORES – Omissão sobre o tráfico de influência

Talvez porque não seja tão fácil identificá-lo, a carta-denúncia enviada ao Conselho Nacional do Ministério Público, sobre supostas ilegalidades no Ministério Público Estadual do Pará, é omissa em relação ao tráfico de influência. Ela se concentra, expressamente, nos indícios de nepotismo cruzado, apresentando, por isso, deslizes pontuais.
Esses deslizes pontuais, porém, estão longe de desqualificar, a priori, o conjunto das denúncias. As evidências sugerem que algumas das denúncias, ainda que não tipifiquem nepotismo cruzado, suscitam a suspeita de tráfico de influência. O costumeiro argumento da competência soa como um álibi incapaz de explicar o porquê de alguém, tão supostamente qualificado e talentoso, seguir fazendo carreira em cargos comissionados, abdicando da alternativa do concurso público como via natural para a ascensão no serviço público.