terça-feira, 29 de setembro de 2009

OAB – Jarbas: pela renovação e contra o elitismo

“O meu adversário representa a parte reacionária da situação, aquela que não aceita mudar, avançar e alternar o poder. Representa a nata do elitismo ideológico que insiste em não ceder, o conservadorismo prepotente que pensa ser proprietário da nossa instituição, que pensa que não há outro caminho que não seja a volta ao passado, que sempre se serviu da nossa instituição e nunca serviu a ela.”
A declaração é de Jarbas Vasconcelos, candidato a presidente da OAB/Pará, ao ser indagado sobre o que supostamente o distingue do seu adversário. “Nós, ao contrário, acreditamos nas novas lideranças, nas novas gerações. Acreditamos que nossa instituição deve andar em direção ao futuro e não ficar aprisionada a um passado anacrônico e já, claramente, sem nenhum sentido histórico de continuar existindo”, salienta, na entrevista concedida ao Blog do Barata.

O senhor, que é uma das mais notórias lideranças da oposição da OAB, volta a ser candidato a presidente, agora com o apoio de parcela da situação e aliado a nomes dos quais já foi crítico implacável. Diante da inusitada composição, é inevitável a pergunta: o que mudou e, em especial, quem mudou, o senhor ou seus adversários do passado recente?

Ambos. Nestes anos, a situação incorporou muitas posturas e propostas da oposição, dentre as quais cito duas, que considero de máxima importância: a eleição direta para o quinto constitucional - idéia encampada, aperfeiçoada e tornada paradigma para todo o Brasil, pelo presidente Ophir Júnior; a outra, a construção da Casa do Advogado como espaço de trabalho e descanso para o advogado que freqüenta os fóruns cível e penal de Belém, feita na gestão da presidente Angela Sales.
A oposição também mudou, ficou mais amadurecida e hoje apóia, no interesse do Pará, Ophir Júnior para presidir o Conselho Federal da OAB. Abrimos mão, reciprocamente de opiniões secundárias, em nome dos interesses maiores da nossa classe.

Na versão corrente, o apoio de parcela da situação ao seu nome se faz como contrapartida aos votos da oposição ao projeto de Ophir Cavalcante Júnior, o Ophirzinho, ex-presidente da OAB/PA, de se tornar presidente nacional da Ordem. Essa versão é procedente? Se é procedente, essa composição, ao ter origem em uma ambição pessoal, não esfarinha o tradicional discurso ético da oposição e reduz o embate que se trava a uma disputa de egos, à margem dos reais interesses da categoria?

As premissas da pergunta estão equivocadas. A eleição de Ophir Júnior para a presidência do Conselho Federal nem de longe é uma questão pessoal. Ao contrário. É uma causa da classe, de todos os advogados paraenses, mais que isso, do próprio povo do Pará. O que está em jogo é a presidência da maior entidade que a sociedade civil brasileira produziu em quinhentos anos de história: a OAB. Presidir a OAB nacional é exercer o poder de falar e fazer em nome da nação, de todos os brasileiros, inclusive dos paraenses. Por isso, ter um de nós, paraense, no comando da Ordem, é adquire importância estratégica não só para os advogados, mas para o nosso Estado.

O estigma que aderiu ao nome de Ophir Cavalcante Júnior, um dos seus mais ilustres eleitores, foi a postura silente que ele manteve, quando presidia a OAB/PA, diante da torpe e covarde agressão de Ronaldo Maiorana, um dos barões da comunicação do Pará e presidente da Comissão em Defesa da Liberdade de Imprensa da Ordem, ao jornalista Lúcio Flávio Pinto. O senhor endossa a postura de Ophir Cavalcanbte Júnior, ou, em situação análoga, assumiria uma postura distinta da mantida pelo ex-presidente?

Não posso responder por uma situação da qual não participei, por não estar no conselho à época. Afirmo, no entanto, que sou defensor das liberdades e contrário à violência em qualquer situação.

O que supostamente distingue, qualitativamente, sua candidatura da candidatura do seu adversário, considerando que este, historicamente, se identifica com setores da situação, aos quais o senhor se aliou?

O meu adversário representa a parte reacionária da situação, aquela que não aceita mudar, avançar e alternar o poder. Representa a nata do elitismo ideológico que insiste em não ceder, o conservadorismo prepotente que pensa ser proprietário da nossa instituição, que pensa que não há outro caminho que não seja a volta ao passado, que sempre se serviu da nossa instituição e nunca serviu a ela.
Nós, ao contrário, acreditamos nas novas lideranças, nas novas gerações. Acreditamos que nossa instituição deve andar em direção ao futuro e não ficar aprisionada a um passado anacrônico e já, claramente, sem nenhum sentido histórico de continuar existindo.

De acordo com críticas recorrentes da oposição, nos últimos anos a OAB no Pará teria ficado reduzida a um apêndice do poder, supostamente administrada na esteira de uma espécie de ação entre amigos. O senhor ainda compartilha dessa avaliação? E o que lhe parece essencial para preservar a independência de uma instituição da relevância da Ordem?

Denunciei o elitismo existente na Ordem há dez anos e sigo denunciando, ontem e hoje plasmado naqueles que concorrem contra nós, contra o novo e a esperança da classe de mudar.
Quanto à segunda parte da pergunta, tenho a dizer que sempre fui de forte tradição associativista. Acredito que é dever de todos participar e promover as organizações da sociedade civil como meio de democratizar as relações do cidadão com o Estado. A Ordem se notabilizou como guardiã dos interesses supremos da nossa sociedade. Para mim, defender sua autonomia e independência frente ao poder público é mais que um ideário de campanha, é o compromisso ideológico que deve assumir todo aquele que, como eu, acredita em controle social.

5 comentários :

Anônimo disse...

Cumprimento o blog do Barata por abrir a partir de agora um debate de alto nível sobre as eleições da OAB do Pará,que ocorrerá no próximo dia 16 de novembro. Sei que o nível dos debates nem sempre depende da vontade do Blog. Mas tenho plena certeza que a vontade do Blog é plantar e regar alto nível nos debates. Assim, acho que a partir desta entrevista o blog tem a oportunidade de manter um nível elevado dos debates que se travarão sobre as eleições da OAB Pará.

Anônimo disse...

O anônimo das 11:13 deve ser amante de monólogos. Já em relação a debates, como o da Rádio Tabajara, do qual fugiu com o rabo entre as pernas o candidato dele, nem pensar. Continue assim, privilegiando o monólogo. A OAB merece.

Anônimo disse...

Acho incrível a importância que a Rádio Tabajara ganhou nos últimos dias. Estão tratando este debate como o último, que ocorreria na rede globo, na véspera da eleição. Calma, anônimo das 14:01..

Anônimo disse...

Barata, parabéns!
Até que enfim começaste a conhecer os dois candidatos. Antes só fazias defender o teu amigo Sérgio Couto, aquele que vive apadrinhado pelo LULA CHAVES no TCM.
Só não entendi por que nada foi perguntado sobre a vida profissional de ambos...
De qualquer forma, parabéns, pelo menos já deu para ver que agora já te interessas pelos dois, mesmo com enorme preconceito contra Jarbas.

Anônimo disse...

Temos aí mais uma cria do "cumpanhêro-mor".
Ele que já foi muito estilingue, poderia adotar uma das recomendações do marqueteiro Duda Mendonça e se chamar de:

"JARBINHAS-PAZ-E-AMOR" eheheheh