Precedendo a manifestação da máfia togada, Alberto
Andrade, o Beto Andrade, dirigente do Sintepp, fez uma exortação a um
julgamento isento, na sua página no Facebook, na qual expôs didaticamente as
razões da greve dos professores da rede pública estadual de ensino. Pelos
esclarecimentos nela embutidos, que esfarinham a versão do governo Simão Jatene
trombeteado pela mídia como informe publicitária, a exortação de Beto Andrade
segue abaixo transcrita:
"Três
coisas devem ser feitas por um juiz: ouvir atentamente, considerar sobriamente
e decidir imparcialmente". (Sócrates)
"Não te
poderás considerar um verdadeiro intelectual se não puseres a tua vida ao
serviço da justiça; e sobretudo se te não guardares cuidadosamente do erro em
que cai no vulgo: o de a confundir com a vingança". (Agostinho Silva)
A reação indignada da AMEPA à queima da ação de
reintegração de posse, com sua clara posição de criminalizar educadores deste Estado,
mostra a inclinação tendenciosa e antidemocrática do Judiciário paraense.
Se não, vejamos:
1) Em 2013 o governo do Estado assinou um acordo no
TJE, se comprometendo com várias pautas que até hoje não foram cumpridas. O
PCCR unificado, que deveria ter dado entrada na Assembleia Legislativa em março
do ano passado, as reformas das escolas, que até hoje não aconteceram, são
apenas dois exemplos de profundo desrespeito ao Judiciário paraense. Aliás, no
caso das escolas ,é aviltante a situação por que passam as unidades. As poucas
reformas que iniciaram não foram concluídas e os recursos destinados se
perderam pelo caminho.
2) O governo do Estado também não cumpre a Lei do
Piso, e acumula a dívida de mais um retroativo. Além disso, não cumpre também a
própria lei 8030/14 por ele enviada para a Alepa ano passado.
3) Mesmo sem decisão judicial, o governo também
resolveu descontar salários por conta própria, penalizando milhares de
trabalhadores em pleno exercício de seu direito à greve.
Por essas e outras, podemos afirmar que o governo
Jatene é ilegal! O governo, reiteradas vezes, desrespeita o judiciário. Porém,
a justiça paraense não consegue enxergar tantos desmandos e desrespeito com a
coisa pública.
A greve em si só está acontecendo por que
Jatene/Helenilson decidiram atacar o salário dos educadores, reduzindo
ilegalmente as Aulas Suplementares e não cumprindo acordos anteriormente
feitos.
Para piorar, o secretário falou para quem quisesse
ouvir que a carga horária excedente seria dada a temporários, em mais um
achaque aos princípios constitucionais.
Houve excessos por parte do sindicato ao destruir a
ação? Pode até ser. Uma atitude intempestiva e emotiva, que simbolizou o
repúdio ao governo e um profundo descontentamento com o Poder Judiciário.
Em nenhum momento houve a tentativa de
desmoralização deste Poder, como a propósito há na insistente afirmação da
AMEPA , que além de um julgamento antecipado, ferindo, portanto, o mesmo Estado
Democrático de Direitos tão reivindicado na prédica magistral, adentra num
pantanoso terreno passional, afrontando assim regras básicas de um julgamento.
Assim sendo, e para não ficarmos neste debate
estéril, faço aqui um desafio à esta douta associação: visite pelo menos uma
escola pública no pós greve. Talvez o distanciamento (por vezes necessário) da
realidade não permita aos nobres magistrados a apreensão do sentimento e da
necessidade daqueles que, mesmo sem as mínimas condições, se esmeram em
construir no chão destas precárias escolas nosso Estado Democrático de
Direitos. Que não deve ser apenas para alguns, mas para todos os filhos desta Nação!
Por fim, esperamos que o sentimento de justiça
prevaleça no julgamento do TJE na próxima terça acerca dos descontos dos dias
parados. De justiça e não de vingança!
Beto Andrade
Sintepp
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