A gestão compartilhada, como alternativa
para aplacar a crise na qual submergiu o Clube do Remo é, a priori, saudável.
Desde que o acordado seja cumprido por Pedro Minowa, que se revelou, até aqui,
um presidente algo abúlico e, por isso, frequentemente omisso. Quando assumiu
as responsabilidades do cargo, o fez de uma forma precipitada. Desse explosivo
coquetel resultaram as graves suspeitas de improbidade que pontuam sua
administração, em uma cenário que sugere uma gestão temerária.
Em tese, pela possibilidade do Condel, o
Conselho Deliberativo, pinças nomes respeitáveis, de credibilidade e efetivamente
comprometidos com os interesses do clube, a opção pela gestão compartilhada descortina
perspectivas animadoras para o Remo. Dependendo, naturalmente, da determinação
de Minowa em realmente acatar a partilha do poder. Até aqui, segundo
recorrentes relatos, ele se revelou uma caixa-preta como interlocutor.
Eufemismos à parte, isso significa dizer que os antecedentes não credenciam
Minowa como um interlocutor confiável. Esses mesmos relatos sublinham que não
faltaram apelos, ponderações, advertências, para ele bem gerir os interesses do
Remo, que Minowa ouviu sem aparentemente objetar, mas aos quais não acatou. Por
isso, possivelmente, o ceticismo por parte de parcela de alguns cardeais
azulinos. Não por acaso, o advogado Antônio Carlos Pinheiro Teixeira, uma liderança
histórica do Remo, descartou, a priori, a possibilidade de vir a assumir o
Departamento de Futebol azulino.
Mas o ceticismo em torno da alternativa da
gestão compartilhada não deriva, apenas e tão-somente, da parca credibilidade
de Pedro Minowa. O precedente histórico não é exatamente animador. Em 2004,
quando o Remo foi rebaixado para a série C, o médico Ubirajara Salgado, um
respeitável grande benemérito do clube, protagonizou uma gestão compartilhada
com Ronaldo Passarinho Pinto de Souza, o ex-deputado que fez carreira política
turbinado pelo status de sobrinho dileto e fiel escudeiro do ilustre tio, o
coronel Jarbas Passarinho, uma liderança revelada pela ditadura militar. A
experiência, naquelas circunstâncias, revelou-se tão desastrosa que, para a
imprensa, Ronaldo Passarinho Pinto de Souza assumiu a responsabilidade pelo
rebaixamento do Remo, em entrevista concedida a O Liberal. Com isso, poupou para a posteridade, de alguma forma, Ubirajara
Salgado, um dirigente com relevantes serviços prestados ao clube e que como
presidente destacou-se pela conquista do tricampeonato estadual obtido com os títulos de 1989,1990 e
1991.
A história, dizem, só se repete como farsa.
Se assim for, resta aos azulinos torcerem para que, no caso da gestão
compartilhada, o Remo possa ser a exceção à regra.
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