Na contramão de Sérgio Couto e Avelina Hesketh, Jarbas Vasconcelos do Carmo, o Do Carmo, fez uma campanha rica, com a disponibilidade dos novos-ricos e favorecido pela inserção no governo Ana Júlia Carepa, como petista de carteirinha que é desde 1984, além de amigo pessoal da ex-governadora. Para contextualizar a origem da prosperidade material do presidente da OAB no Pará, cabe recordar que ela não deriva exatamente do trabalho continuado. Apenas Do Carmo, pelo imponderável da vida, estava no local certo, no dia certo e na hora certa. Até então um obcuro advogado trabalhista, ele advogou o Sindicato dos Urbanitários, em uma ação reivindicando, para a categoria, a reposição de perdas salariais decorrentes dos sucessivos planos econômicos. Embolsando um percentual de cada um dos beneficiários, pela própria extensão do contingente de trabalhadores que obtiveram a reposição de suas perdas salariais Do Carmo descobriu-se, em um abrir e fechar de olhos, um novo-rico.
Como o dinheiro compra tudo, até o amor verdadeiro, segundo o chiste cunhado pelo inesquecível Nelson Rodrigues, tratou de realizar seus sonhos de consumo e contemplar suas ambições, profissionais e políticas, valendo-se da respeitável conta bancária. Tornar-se presidente da OAB do Pará, porém, soava a uma pretensão algo remota, depois de revelar-se pérfido, voltando-se contra aqueles que lhe conferiram visibilidade, ao introduzi-lo na Ordem, no caso Sérgio Couto e Avelina Hesketh, ao cumprir o script clássico da criatura que volta-se contra o criador.
O imponderável da vida também conspirou a favor de Do Carmo, ao permitir-lhe materializar a ambição de presidir a OAB no Pará. Para tanto foi decisiva a desmedida ambição de Ophir Cavalcante Júnior, o Ophirzinho, que também mandou os escrúpulos às favas, quando descortinou-se a chance de tornar-se presidente nacional da OAB, tal qual ocorreu, nos anos 80 do século passado, com seu pai, Ophir Cavalcante. Mesmo favorecido pela boa imagem que dele guarda a maioria dos advogados, até pelo bom-tom que cultiva, Ophirzinho não quis correr maiores riscos, e tratou de costurar um acordo com a oposição, mirando unicamente nas suas conveniências. Assim, a OAB do Pará foi entregue de mão beijada a Do Carmo e parte da trupe deste, em um arranjo algo espúrio, cujos riscos foram menosprezados porque, ao irromper em cena, como um jagunço do asfalto, Sérgio Couto desviou as atenções para o entrevero com Angela Salles, então presidente da OAB do Pará e que abdicou placidamente de uma reeleição líquida e certa, para favorecer Ophirzinho, um amigo de décadas.
Na ocasião, em ato falho, antecipou seu jaez, ao entregar o marketing da campanha a Orly Bezerra, o marketeiro-mor da tucanalha, que operacionalizou um dos maiores estelionatos da história política do Pará, ao vender a imagem de um Estado próspero, em contraponto com o Pará real, que hoje exibe índices sociais deploráveis, após 12 anos de sucessivos governos do PSDB. A propaganda enganosa fez a fortuna acumulada por Orly Bezerra e pelo seu sócio na Griffo, Antônio Natsu, além de entulhar, com recursos públicos, os cofres do grupo de comunicação da família Maiorana, que inclui o jornal O Liberal e a TV Liberal, afiliada da Rede Globo de Televisão, líder absoluta de audiência.
Nenhum comentário :
Postar um comentário