Em seguida, a transcrição, na íntegra, da
matéria da Folha de S. Paulo:
No 3º mês do novo mandato, 62% já desaprovam Dilma
RICARDO MENDONÇA
EDITOR-ADJUNTO
DE PODER
18/03/2015 02h00
Com menos de três meses
cumpridos de seu segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff atingiu a mais
alta taxa de reprovação de um mandatário desde setembro de 1992, véspera do
impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello.
Conforme
pesquisa Datafolha feita entre segunda e terça, 62% dos brasileiros classificam
sua gestão como ruim ou péssima. Há 22 anos, quando Collor estava prestes a
cair, sua reprovação era de 68%.
Com
indicadores de expectativa econômica batendo recordes negativos, a reprovação
de Dilma subiu 18 pontos desde fevereiro.
A
pesquisa foi feita com 2.842 eleitores logo após as manifestações de domingo,
atos contra Dilma que levaram milhares às ruas.
Conforme
a série do Datafolha, é a primeira vez que a petista enfrenta insatisfação da
maioria da população em relação ao seu governo.
No
sentido oposto, a taxa de aprovação chegou ao ponto mais baixo desde o início
de seu primeiro mandato. Os que julgam sua gestão como boa ou ótima somam 13%.
Este
patamar só é comparável com os piores momentos dos ex-presidentes Itamar Franco
(12% de aprovação em novembro de 1993, época do escândalo do Orçamento, na
Câmara) e Fernando Henrique Cardoso (13% em setembro de 1999, quando a
população sentia os efeitos da desvalorização do Real). Além do próprio Collor
na fase pré-impeachment (9%).
Durante
os dois mandatos do ex-presidente Lula, a pior taxa de aprovação foi de 28%, em
dezembro de 2005, logo após a cassação do mandato parlamentar de José Dirceu
(PT-SP) na Câmara, acusado de corrupção no mensalão.
Com
dois pontos percentuais de margem de erro, o levantamento do Datafolha mostra
deterioração da popularidade de Dilma em todos os segmentos sociais analisados
pelo instituto.
As
taxas mais altas de rejeição estão nas regiões Centro-oeste (75%) e Sudeste
(66%), nos municípios com mais de 200 mil habitantes (66%), entre os eleitores
com escolaridade média (66%) e no grupo dos que têm renda mensal familiar de 2
a 5 salários mínimos (66%).
Já a
maior taxa de aprovação está na região Norte, a menos populosa, com 21%.
No
Nordeste, onde a presidente obteve expressiva votação por sua reeleição, em
outubro de 2014, só 16% aprovam seu governo atualmente.
Nas
pesquisas de avaliação de governo, o Datafolha costuma pedir para os
entrevistados atribuírem uma nota de 0 a 10 ao mandatário objeto do
levantamento.
A atual
nota média de Dilma é 3,7, também a pior desde sua chegada à Presidência, em
2011. Em fevereiro a nota média era 4,8. No primeiro mandato, a pior média
apurada foi 5,6, em pesquisas feitas em junho e julho de 2014.
O
Datafolha também perguntou aos entrevistados sobre o engajamento em atos a
favor e contra Dilma: 4% disseram ter participado de algum evento contra ela no
domingo, o que, projetado sobre o eleitorado, dá 5,7 milhões de pessoas. Outros
3% confirmaram participação em atos a favor dela neste ano, algo como 4,3
milhões de pessoas.
CONGRESSO
NACIONAL
Ainda pior que a popularidade
de Dilma é a avaliação que a população faz do trabalho do Congresso. A pesquisa
mostra que só 9% consideram ótimo ou bom o desempenho dos deputados e
senadores.
Para
metade da população (50%), a atuação dos congressistas é ruim ou péssima. A
taxa só é comparável com as do fim de 1993, período em que a reprovação aos
parlamentares oscilou em torno de 56%.
Os
presidentes da Câmara e do Senado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Renan Calheiros
(PMDB-AL), estão entre os investigados da Operação Lava Jato.
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