O
episódio do caos instalado no PSM da travessa 14 de Março, o maior de Belém, é emblemático
do sucateamento da saúde pública municipal, agravado na atual gestão. Trata-se
de um desastre anunciado, materializado sem que o Ministério Público Estadual
conseguisse superar sua postura letárgica, em uma omissão no limite da
cumplicidade. Os indícios da crise por vir despontaram claramente, quando em
menos de oito meses de administração o prefeito Zenaldo Coutinho teve três
secretários de Saúde – Joaquim Ramos, Yuji Ikuta e Maria Selma Silva. Os dois ex-secretários, Joaquim
Ramos e Yuji Ikuta, pediram exoneração, em caráter irrevogável e
irretratável, queixando-se, intramuros, do imobilismo do prefeito, descrito
como refém de conveniências político-eleitorais, além de queixas sobre boicotes
orquestrados por auxiliares da confiança de Zenaldo Coutinho. Sabe-se, por
exemplo, que a Ramos soou intolerável conviver com um escancarado nicho de
corrupção no almoxarifado da Sesma, a Secretaria Municipal de Saúde, enquanto
Zenaldo Coutinho recalcitrava em deflagrar um expurgo, sugerindo reproduzir o
caso clássico do gestor que mira, prioritariamente, em reverter em benefício próprio o
esquema de falcatruas de seu predecessor. A Yuji Ikuta, que foi o auxiliar da mais absoluta
confiança de Ramos na passagem deste pela Sesma, faltou o cacife exigido pelo
cargo, na esteira do parco prestigio, como é próprio de jovens profissionais
ainda em ascensão.
A
tudo isso o Ministério Público assistiu silente, aparentemente enredado pelo
proselitismo de Zenaldo Coutinho e sua entourage. E indiferente ao
aparelhamento insano da máquina administrativa municipal, em escala só
comparável a promovida pelo seu aliado e antecessor, o ex-prefeito Duciomar
Costa, o nefasto Dudu, protagonista
de uma administração pontuada por malfeitos. É lícito, naturalmente, que os
vencedores administrem com os seus. Inaceitável é privilegiar critérios
político-eleitorais em cargos que exigem qualificação técnica, tal qual ocorre
com o prefeito de Belém. De resto, como ilustra o caso do médico Joaquim Ramos,
é inocultável a aversão de Zenaldo Coutinho por auxiliares competentes e com
luz própria, e por isso a uma distância do figurino de subserviência necessária
para o atual prefeito e sua tropa de choque perpetrarem as suas estrepolias.
2 comentários :
A omissão do MP não é só na saúde municipal. A saúde estadual também está um caos e o MP nada faz e essa omissão tem permitido que vidas sejam ceifadas.
Resumindo, Dudu abriu o cofre, e profissionalizou e institucionalizou o propinoduto de desvio de $$ da saúde para o seu próprio Bolso. Zenaldo assumindo, só trocou o porteiro do cofre, e manteve a hemorragia do erário, só atualizando o destino $$, agora pro seu próprio bolso. Fingiu colocar médicos sérios para estancar e evitar a morte da saúde municipal, mas a estes coitados só deu bandaid para operar uma artéria dilacerada, enquanto os DAS da Sesma seguem nandando no desvio da verba que compraria agulha e linha de sutura. Que beleza.
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