quinta-feira, 22 de abril de 2010

HISTÓRIA – O contexto histórico

Mestre Aldebaro Klautau sedimentou sua liderança em um contexto histórico muito peculiar. Na redemocratização que sucedeu o Estado Novo, o regime de exceção comandado pelo ex-presidente Getúlio Vargas, de 1930 a 1945, do qual foi beneficiário, o PSD conquistou as massas, como contraponto da elitista UDN, a União Democrática Nacional. Do PSD emergiu Juscelino Kubitschek (1902-1976), presidente do Brasil de 1956 a 1961, celebrizado pela construção de Brasília e por protagonizar um governo que modernizou o país e preservou as liberdades democráticas, na saudável simbiose do desenvolvimentismo com estabilidade política. Na sucessão de Juscelino Kubitschek, o PSD foi atropelado pela avassaladora votação de Jânio Quadros, eleito com um discurso moralista e personagem de um breve e pífio governo, abortado pela sua renúncia. Uma renúncia de nebulosas razões e com a qual, segundo recorrentes ilações, Jânio na verdade pretenderia governar com a carta branca do queremismo popular. Não contava, dizem, que o Congresso viesse a dar como fato consumado a renúncia.
Com a renúncia de Jânio Quadros, assumiu seu vice, João Goulart, o Jango Goulart, do PTB, legitimado pelo voto direto, em uma época na qual se elegia presidente e vice separadamente. Estigmatizado pela extrema direita por ter seu nome associado a conquistas trabalhistas, quando ministro do Trabalho de Vargas, Jango assumiu sob um regime parlamentarista. A adoção do parlamentarismo serviu para vencer as resistências dos militares, cujo golpismo, naquela altura, foi frustrado pela resistência democrática puxada por Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul e cunhado de Jango, que trombeteava um discurso algo incendiário. Jango, que resgatou o regime presidencialista através de um plebiscito, protagonizou um governo tíbio, de avanços e recuos, e acabou por ser deposto pelo golpe militar de 1º de abril de 1964, que instituiu a ditadura militar. O regime dos generais, que se sucederam como presidente, só foi sepultado em 1985, com a eleição do ex-presidente Tancredo Neves, do PMDB, pelo voto indireto do colégio eleitoral, mas que morreu antes de assumir. A morte de Tancredo tornou presidente seu vice, José Sarney, que serviu a ditadura até divergir da candidatura do ex-governador de São Paulo Paulo Maluf, capitaneando a dissidência que viabilizou a Aliança Democrática, com a qual foi possível fazer ruir a ditadura militar.
Juscelino Kubitschek teve seus direitos políticos cassados pelo golpe militar de 1º de abril de 1964 e morreu em um acidente de carro, para muitos um acidente suspeito, que na verdade teria sido um atentado premeditado nos porões da ditadura. O enterro de Juscelino mobilizou espontaneamente as massas e se constituiu em um claro desafio popular ao interdito proibitório imposto pela ditadura militar aquele que foi um dos presidentes mais populares da história do Brasil e cujo retorno ao Palácio do Planalto, pelo voto direto, era tido como líquido e certo, antes do malsinado golpe de 1º de abril de 1964.

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