“Nós precisamos que nosso sindicato olhe por nós, porque o nosso sindicato é dos bancários e não dos governos e direções de bancos. O que eu quero é muito simples e verdadeiro: que nosso sindicato cumpra sua missão política, legal e estatutária.” Assim Kátia Furtado (foto), 42, define as razões que levaram-na a aceitar o desafio de sair candidata pela oposição a presidente do Sindicato dos Bancários do Pará e Amapá. Ela é candidata pela chapa 2, Sindicato Livre é dos Bancários, turbinada pelo repúdio à partidarização do sindicato, cuja atual diretoria é acusada de estar atrelada ao governo Ana Júlia Carepa.
Credenciada pela profícuo desempenho à frente da AFBEPA, a Associação dos Funcionários do Banco do Estado do Pará, da qual é presidente reeleita, Kátia revela-se confiante, a despeito de protagonizar uma disputa sem contar com o calor da máquina administrativa. “Tenho esperanças, tenho fé que vamos conseguir, porque quando converso com meus colegas nas agências e nas matrizes dos bancos, vejo que eles também acreditam e têm esperanças”, assinala na entrevista em forma de pingue-pongue, com perguntas e respostas, concedida a este blog.
Diante do desafio que representa suas atribuições à frente da AFBEPA, o que a motiva sair candidata a presidente do Sindicato dos Bancários?
Barata, a AFBEPA cuidou de muitas lutas importantes em defesa da categoria bancária no Banpará nos últimos três anos. E fez, muitas vezes, o papel de sindicato, quando foi necessário, para proteger os direitos e conquistas do bancários, porque o sindicato, em sua atual gestão, por uma questão ideológica e de alinhamento político com o governo do estado, na maioria das vezes se omitiu ou defendeu, claramente, os interesses da direção do banco em detrimento dos interesses dos bancários e bancárias. Foi muito difícil perceber isso e aceitar essa realidade porque sabemos o poder do sindicato. A associação não é o sindicato; não tem o poder legal de representação e substituição processual dos bancários. Afirmo, sem dúvida alguma, que grande parte do trabalho que tivemos na AFBEPA se deu pela omissão do sindicato nas principais lutas da categoria. Como exemplo, cito o caso do PCS. A AFBEPA investiu mais de oito mil reais na campanha pelo PCS, mobilizando o funcionalismo, lançando panfletos, bottons, camisas, faixas, enfim... colocando a luta na rua, dentro do banco, nos locais de trabalho... Esse era o papel do sindicato e a AFBEPA teria que apoiar, ajudar, entrar como parceira. Mas a AFBEPA fez tudo com o apoio e a participação dos bancários, mas não do sindicato. Foi uma luta muito difícil porque o sindicato estava sempre do lado do banco. Até que o sindicato, por total pressão, chamasse uma assembléia, perdemos um grande tempo. Na terceira assembléia, votamos pela ação de cumprimento, mas a atual direção do sindicato votou contra a ação de cumprimento, só que quando ganhamos a Tutela Antecipada, eles foram festejar dizendo que era uma conquista deles. Enfim, Barata, isso tudo me levou a aceitar o desafio e a indicação unânime de meu nome para encabeçar a chapa da mudança. O que me motiva é o mesmo desejo de todos os bancários e bancárias com os quais temos conversado nessa campanha e que desejam um sindicato independente, livre, posicionado ao lado dos bancários, que lute pelas causas da categoria. Nós precisamos que nosso sindicato olhe por nós, porque o nosso Sindicato é dos bancários e não dos governos e direções de bancos. O que eu quero é muito simples e verdadeiro: que nosso sindicato cumpra sua missão política, legal e estatutária. E tenho esperanças, tenho fé que vamos conseguir, porque quando converso com meus colegas nas agências e nas matrizes dos bancos, vejo que eles também acreditam e têm esperanças.
A que você atribui a inocultável retaliação que representa a ameaça de cancelamento de sua liberação, pela diretoria do Banpará?
Soube que a diretoria do Banpará negou a existência de um documento que formalizaria a cassação da liberação para a presidência da AFBEPA. Da mesma forma, no site do Sindicato dos Bancários, há uma afirmação da direção do banco de que não há cassação. Diante disso, me pergunto por quais motivos a superintendente do Setor de Pessoal do Banpará me disse que eu receberia um documento determinando meu retorno ao banco, segundo ela, porque o prazo da liberação teria terminado. Estavam comigo duas bancárias, estavam ao meu lado e escutaram junto comigo quando a superintendente do Setor de Pessoal me abordou e disse que eu teria que retornar. Fiquei preocupada porque as demandas da AFBEPA não são poucas e sei que não daria conta de desenvolver o trabalho da associação se tivesse que cumprir a jornada dentro do banco. Sou mãe de dois garotos e tenho também minha casa, minha família. Hoje, cumpro uma jornada de trabalho na AFBEPA de cerca de 10 horas, considerando que até em casa, de noite, recebo ligações e resolvo questões para os meus colegas. Quando fui diretora do sindicato há alguns anos atrás, tinha meia liberação, mas eram muitos diretores liberados e o trabalho era compartilhado, como até hoje é no sindicato. Na AFBEPA, não. Apenas eu sou liberada, o que acarreta uma enorme responsabilidade. Bem, não sei se o fato de eu ser a candidata a presidenta na chapa 2 teve algo a ver com isso, mas se teve, é uma grande injustiça. O fato, Barata, é que depois de concluída minha visita ao prédio da matriz do banco, retornei à Sudep e pedi à superintendente o documento oficial que ela havia citado. Ela já estava bastante irritada com a repercussão da notícia postada no blog da AFBEPA e me disse que só me daria o documento depois. Agora, diante da negação do banco, não sei o que se passou, mas é algo estranho que a própria superintendente de Pessoal do Banpará, com a autoridade que o cargo lhe confere, tenha me afirmado algo tão grave, na frente de duas testemunhas, e depois a direção nega tudo. Para mim, faltam algumas peças nesse quebra-cabeça.
Como se deu a sua liberação?
Quando assumi a AFBEPA em março de 2007, havia um forte compromisso de campanha de tornar a associação uma entidade de defesa real e de luta por conquistas da categoria. Os antigos presidentes da AFBEPA já vinham sendo liberados, desde sua fundação, há mais de 22 anos atrás. Como de praxe, encaminhamos uma solicitação ao então presidente do Banpará Edilson Souza, hoje secretário de Governo, que deferiu nosso pedido, oficialmente. A liberação, portanto, da presidência da AFBEPA já é um uso, um costume, um direito adquirido, digamos assim, mas existe, em nosso caso, um acordo direto com o banco. Na última campanha salarial, tentamos negociar, no acordo coletivo de trabalho, a inserção de uma cláusula que determinasse, além da liberação dos dirigentes sindicais, também a liberação de diretores da AFBEPA, mas o banco recusou e o sindicato aceitou não incluir no ACT.
Quais as propostas basilares que sustentam sua candidatura a presidente do Sindicato dos Bancários?
Independência de classe; desatrelamento de governos, partidos e direções de bancos; autonomia e liberdade para defender os bancários. Isso, para nós da chapa 2, são princípios. Inegociáveis. A partir desses princípios toda a lógica da relação entre o Sindicato e a categoria muda. Vamos envolver mais, mobilizar os bancários não só quando for conveniente aos interesses políticos do grupo a ou b, mas vamos priorizar os interesses, as lutas, as causas da categoria. Barata, nossa categoria é muito sofrida. Somos alvos potenciais da violência bancária porque trabalhamos com altos valores, as quadrilhas nos têm, a nós e nossas famílias, em suas miras nos assaltos e sequestros. Somos uma categoria que tem adoecido brutalmente por cumprir metas abusivas que impactam, além dos limites de nossa condição humana. Hoje o bancário é um vendedor de balcão. As metas abusivas, por sua vez, abrem caminho para um outro mal que nos assola: o assédio moral, um crime contra a dignidade, contra a sensibilidade, contra a vida humana. Adoecem o assediado e o assediador, ambos fazem parte de um sistema que é devastador do ser humano. Costumo dizer que o principal é olhar e tratar gente como gente e não como máquina de metas e lucros. Outra luta fundamental é pela redução de jornada sem redução de salário. Os bancos, inclusive os bancos públicos, estão burlando a constituição e a CLT e é preciso combater incansavelmente isso, é preciso proteger os direitos dos trabalhadores porque significa proteger as vidas dos trabalhadores.
A que você atribui o tratamento hostil que lhe é dedicado pela atual diretoria do Sindicato dos Bancários?
Eles têm muitas dificuldades em aceitar as diferenças de opiniões, de idéias, de projetos e de condutas. Sempre tive uma relação cordial, institucional, com a atual direção do Sindicato dos Bancários, mas tudo mudou da parte deles quando me posicionei na luta em defesa do PCS no Banpará. Queriam que eu, que a AFBEPA, também calasse quando o banco disse que não iria implantar o PCS. Em março excluíram a AFBEPA do GT Paritário do PCS e eu soube que o motivo alegado, informalmente, porque até hoje nenhuma explicação oficial foi dada pelo sindicato, mas comentaram que eu falava para os funcionários o que se passava nas mesas de negociação. Ora, mas não é exatamente esse o meu papel, enquanto representante dos funcionários? Creio que também esse é o papel do sindicato, que a atual gestão não cumpre. Sempre que terminavam as reuniões de negociação eu chamava os funcionários do banco e avaliávamos e decidíamos juntos o que fazer. É assim que eu sei trabalhar e é nisso que eu acredito.
A chapa da situação estar atrelada ao governo Ana Júlia Carepa não reduz as suas possibilidades de vitória, diante da perspectiva de uso de um vasto leque de barganhas eleitorais pelos seus adversários?
Se pensarmos do ponto de vista da enorme estrutura que eles têm, do poder passageiro de um governo que está sendo avaliado agora - estamos em um ano eleitoral; do peso das máquinas - e vamos lembrar que estão unificados a DS e a Articulação Bancária; essa é uma possibilidade, mas não é a única e nem a mais real. Sabe, Barata, o que eu vejo nos olhos, nos sorrisos dos bancários e bancárias, o que eu sinto quando converso no corpo a corpo com meus colegas de trabalho em todos os bancos públicos e privados é que a mudança abre as portas e janelas da esperança para eles. Me surpreendeu muito positivamente, por exemplo, a receptividade, o acolhimento da nossa chapa 2 no Banco do Brasil. Foram depoimentos, alguns bastante emocionados, porque os bancários do Banco do Brasil estão muito necessitados da defesa do sindicato, eles estão há muitos anos lidando com abusos de metas, assédio, reestruturações, enfim... quando lhes apresentamos um opção, e eles vêem que é verdadeira, eles realmente correspondem. Olha, Barata, essa imagem que eu já citei aqui, do pequeno Davi que vence o gigante Golias diz tudo. Davi é a imagem da fé, da estratégia correta, da esperança de libertação de seu povo; e ele só tinha uma pequena funda, uma baladeira, mas venceu. Para mim e para nossa chapa 2, só o fato de estarmos oferecendo uma opção de voto na mudança já é uma grande honra. Se a categoria bancária decidir, vamos vencer juntos até, e principalmente, esse poderio econômico e político partidário.
Qual a mensagem que você dirige, como candidata de oposição, ao conjunto dos bancários que deverão definir, com seu voto, o futuro imediato do sindicato?
Há uma música que me marcou muito por sua força, por sua beleza, pela esperança que ela transmite. Estamos nos inspirando nessa força e nessa beleza para fazer nossa campanha. É a música “Semente do Amanhã”, do Gonzaguinha, que diz que "...hoje é semente do amanhã, para não ter medo que esse tempo vai passar, não se desespere não, nem pare de sonhar! Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs! Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar! Fé na vida, fé no homem, fé no que virá! Nós podemos tudo, nós podemos mais! Vamos lá fazer o que será!" É linda, forte e plena... Acredito nisso, acredito na vida, no melhor de cada ser humano. Quero pedir aos bancários e bancárias que não se rendam à descrença, ao desânimo, à apatia que se instalou em nosso sindicato e que prejudicou muito nossa categoria. Quero pedir que se reanimem, que se levantem, que assumam o comando do nosso sindicato porque o sindicato é nosso, é dos bancários e bancárias. Quero pedir que votem na mudança, na verdade, na dignidade, na ética, na luta em defesa dos nossos direitos e conquistas porque é isso que a nossa Chapa 2, Sindicato Livre é dos Bancários, representa. Ânimo, vigor, fé, luta, proteção, vitórias e conquistas.
Credenciada pela profícuo desempenho à frente da AFBEPA, a Associação dos Funcionários do Banco do Estado do Pará, da qual é presidente reeleita, Kátia revela-se confiante, a despeito de protagonizar uma disputa sem contar com o calor da máquina administrativa. “Tenho esperanças, tenho fé que vamos conseguir, porque quando converso com meus colegas nas agências e nas matrizes dos bancos, vejo que eles também acreditam e têm esperanças”, assinala na entrevista em forma de pingue-pongue, com perguntas e respostas, concedida a este blog.
Diante do desafio que representa suas atribuições à frente da AFBEPA, o que a motiva sair candidata a presidente do Sindicato dos Bancários?
Barata, a AFBEPA cuidou de muitas lutas importantes em defesa da categoria bancária no Banpará nos últimos três anos. E fez, muitas vezes, o papel de sindicato, quando foi necessário, para proteger os direitos e conquistas do bancários, porque o sindicato, em sua atual gestão, por uma questão ideológica e de alinhamento político com o governo do estado, na maioria das vezes se omitiu ou defendeu, claramente, os interesses da direção do banco em detrimento dos interesses dos bancários e bancárias. Foi muito difícil perceber isso e aceitar essa realidade porque sabemos o poder do sindicato. A associação não é o sindicato; não tem o poder legal de representação e substituição processual dos bancários. Afirmo, sem dúvida alguma, que grande parte do trabalho que tivemos na AFBEPA se deu pela omissão do sindicato nas principais lutas da categoria. Como exemplo, cito o caso do PCS. A AFBEPA investiu mais de oito mil reais na campanha pelo PCS, mobilizando o funcionalismo, lançando panfletos, bottons, camisas, faixas, enfim... colocando a luta na rua, dentro do banco, nos locais de trabalho... Esse era o papel do sindicato e a AFBEPA teria que apoiar, ajudar, entrar como parceira. Mas a AFBEPA fez tudo com o apoio e a participação dos bancários, mas não do sindicato. Foi uma luta muito difícil porque o sindicato estava sempre do lado do banco. Até que o sindicato, por total pressão, chamasse uma assembléia, perdemos um grande tempo. Na terceira assembléia, votamos pela ação de cumprimento, mas a atual direção do sindicato votou contra a ação de cumprimento, só que quando ganhamos a Tutela Antecipada, eles foram festejar dizendo que era uma conquista deles. Enfim, Barata, isso tudo me levou a aceitar o desafio e a indicação unânime de meu nome para encabeçar a chapa da mudança. O que me motiva é o mesmo desejo de todos os bancários e bancárias com os quais temos conversado nessa campanha e que desejam um sindicato independente, livre, posicionado ao lado dos bancários, que lute pelas causas da categoria. Nós precisamos que nosso sindicato olhe por nós, porque o nosso Sindicato é dos bancários e não dos governos e direções de bancos. O que eu quero é muito simples e verdadeiro: que nosso sindicato cumpra sua missão política, legal e estatutária. E tenho esperanças, tenho fé que vamos conseguir, porque quando converso com meus colegas nas agências e nas matrizes dos bancos, vejo que eles também acreditam e têm esperanças.
A que você atribui a inocultável retaliação que representa a ameaça de cancelamento de sua liberação, pela diretoria do Banpará?
Soube que a diretoria do Banpará negou a existência de um documento que formalizaria a cassação da liberação para a presidência da AFBEPA. Da mesma forma, no site do Sindicato dos Bancários, há uma afirmação da direção do banco de que não há cassação. Diante disso, me pergunto por quais motivos a superintendente do Setor de Pessoal do Banpará me disse que eu receberia um documento determinando meu retorno ao banco, segundo ela, porque o prazo da liberação teria terminado. Estavam comigo duas bancárias, estavam ao meu lado e escutaram junto comigo quando a superintendente do Setor de Pessoal me abordou e disse que eu teria que retornar. Fiquei preocupada porque as demandas da AFBEPA não são poucas e sei que não daria conta de desenvolver o trabalho da associação se tivesse que cumprir a jornada dentro do banco. Sou mãe de dois garotos e tenho também minha casa, minha família. Hoje, cumpro uma jornada de trabalho na AFBEPA de cerca de 10 horas, considerando que até em casa, de noite, recebo ligações e resolvo questões para os meus colegas. Quando fui diretora do sindicato há alguns anos atrás, tinha meia liberação, mas eram muitos diretores liberados e o trabalho era compartilhado, como até hoje é no sindicato. Na AFBEPA, não. Apenas eu sou liberada, o que acarreta uma enorme responsabilidade. Bem, não sei se o fato de eu ser a candidata a presidenta na chapa 2 teve algo a ver com isso, mas se teve, é uma grande injustiça. O fato, Barata, é que depois de concluída minha visita ao prédio da matriz do banco, retornei à Sudep e pedi à superintendente o documento oficial que ela havia citado. Ela já estava bastante irritada com a repercussão da notícia postada no blog da AFBEPA e me disse que só me daria o documento depois. Agora, diante da negação do banco, não sei o que se passou, mas é algo estranho que a própria superintendente de Pessoal do Banpará, com a autoridade que o cargo lhe confere, tenha me afirmado algo tão grave, na frente de duas testemunhas, e depois a direção nega tudo. Para mim, faltam algumas peças nesse quebra-cabeça.
Como se deu a sua liberação?
Quando assumi a AFBEPA em março de 2007, havia um forte compromisso de campanha de tornar a associação uma entidade de defesa real e de luta por conquistas da categoria. Os antigos presidentes da AFBEPA já vinham sendo liberados, desde sua fundação, há mais de 22 anos atrás. Como de praxe, encaminhamos uma solicitação ao então presidente do Banpará Edilson Souza, hoje secretário de Governo, que deferiu nosso pedido, oficialmente. A liberação, portanto, da presidência da AFBEPA já é um uso, um costume, um direito adquirido, digamos assim, mas existe, em nosso caso, um acordo direto com o banco. Na última campanha salarial, tentamos negociar, no acordo coletivo de trabalho, a inserção de uma cláusula que determinasse, além da liberação dos dirigentes sindicais, também a liberação de diretores da AFBEPA, mas o banco recusou e o sindicato aceitou não incluir no ACT.
Quais as propostas basilares que sustentam sua candidatura a presidente do Sindicato dos Bancários?
Independência de classe; desatrelamento de governos, partidos e direções de bancos; autonomia e liberdade para defender os bancários. Isso, para nós da chapa 2, são princípios. Inegociáveis. A partir desses princípios toda a lógica da relação entre o Sindicato e a categoria muda. Vamos envolver mais, mobilizar os bancários não só quando for conveniente aos interesses políticos do grupo a ou b, mas vamos priorizar os interesses, as lutas, as causas da categoria. Barata, nossa categoria é muito sofrida. Somos alvos potenciais da violência bancária porque trabalhamos com altos valores, as quadrilhas nos têm, a nós e nossas famílias, em suas miras nos assaltos e sequestros. Somos uma categoria que tem adoecido brutalmente por cumprir metas abusivas que impactam, além dos limites de nossa condição humana. Hoje o bancário é um vendedor de balcão. As metas abusivas, por sua vez, abrem caminho para um outro mal que nos assola: o assédio moral, um crime contra a dignidade, contra a sensibilidade, contra a vida humana. Adoecem o assediado e o assediador, ambos fazem parte de um sistema que é devastador do ser humano. Costumo dizer que o principal é olhar e tratar gente como gente e não como máquina de metas e lucros. Outra luta fundamental é pela redução de jornada sem redução de salário. Os bancos, inclusive os bancos públicos, estão burlando a constituição e a CLT e é preciso combater incansavelmente isso, é preciso proteger os direitos dos trabalhadores porque significa proteger as vidas dos trabalhadores.
A que você atribui o tratamento hostil que lhe é dedicado pela atual diretoria do Sindicato dos Bancários?
Eles têm muitas dificuldades em aceitar as diferenças de opiniões, de idéias, de projetos e de condutas. Sempre tive uma relação cordial, institucional, com a atual direção do Sindicato dos Bancários, mas tudo mudou da parte deles quando me posicionei na luta em defesa do PCS no Banpará. Queriam que eu, que a AFBEPA, também calasse quando o banco disse que não iria implantar o PCS. Em março excluíram a AFBEPA do GT Paritário do PCS e eu soube que o motivo alegado, informalmente, porque até hoje nenhuma explicação oficial foi dada pelo sindicato, mas comentaram que eu falava para os funcionários o que se passava nas mesas de negociação. Ora, mas não é exatamente esse o meu papel, enquanto representante dos funcionários? Creio que também esse é o papel do sindicato, que a atual gestão não cumpre. Sempre que terminavam as reuniões de negociação eu chamava os funcionários do banco e avaliávamos e decidíamos juntos o que fazer. É assim que eu sei trabalhar e é nisso que eu acredito.
A chapa da situação estar atrelada ao governo Ana Júlia Carepa não reduz as suas possibilidades de vitória, diante da perspectiva de uso de um vasto leque de barganhas eleitorais pelos seus adversários?
Se pensarmos do ponto de vista da enorme estrutura que eles têm, do poder passageiro de um governo que está sendo avaliado agora - estamos em um ano eleitoral; do peso das máquinas - e vamos lembrar que estão unificados a DS e a Articulação Bancária; essa é uma possibilidade, mas não é a única e nem a mais real. Sabe, Barata, o que eu vejo nos olhos, nos sorrisos dos bancários e bancárias, o que eu sinto quando converso no corpo a corpo com meus colegas de trabalho em todos os bancos públicos e privados é que a mudança abre as portas e janelas da esperança para eles. Me surpreendeu muito positivamente, por exemplo, a receptividade, o acolhimento da nossa chapa 2 no Banco do Brasil. Foram depoimentos, alguns bastante emocionados, porque os bancários do Banco do Brasil estão muito necessitados da defesa do sindicato, eles estão há muitos anos lidando com abusos de metas, assédio, reestruturações, enfim... quando lhes apresentamos um opção, e eles vêem que é verdadeira, eles realmente correspondem. Olha, Barata, essa imagem que eu já citei aqui, do pequeno Davi que vence o gigante Golias diz tudo. Davi é a imagem da fé, da estratégia correta, da esperança de libertação de seu povo; e ele só tinha uma pequena funda, uma baladeira, mas venceu. Para mim e para nossa chapa 2, só o fato de estarmos oferecendo uma opção de voto na mudança já é uma grande honra. Se a categoria bancária decidir, vamos vencer juntos até, e principalmente, esse poderio econômico e político partidário.
Qual a mensagem que você dirige, como candidata de oposição, ao conjunto dos bancários que deverão definir, com seu voto, o futuro imediato do sindicato?
Há uma música que me marcou muito por sua força, por sua beleza, pela esperança que ela transmite. Estamos nos inspirando nessa força e nessa beleza para fazer nossa campanha. É a música “Semente do Amanhã”, do Gonzaguinha, que diz que "...hoje é semente do amanhã, para não ter medo que esse tempo vai passar, não se desespere não, nem pare de sonhar! Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs! Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar! Fé na vida, fé no homem, fé no que virá! Nós podemos tudo, nós podemos mais! Vamos lá fazer o que será!" É linda, forte e plena... Acredito nisso, acredito na vida, no melhor de cada ser humano. Quero pedir aos bancários e bancárias que não se rendam à descrença, ao desânimo, à apatia que se instalou em nosso sindicato e que prejudicou muito nossa categoria. Quero pedir que se reanimem, que se levantem, que assumam o comando do nosso sindicato porque o sindicato é nosso, é dos bancários e bancárias. Quero pedir que votem na mudança, na verdade, na dignidade, na ética, na luta em defesa dos nossos direitos e conquistas porque é isso que a nossa Chapa 2, Sindicato Livre é dos Bancários, representa. Ânimo, vigor, fé, luta, proteção, vitórias e conquistas.
4 comentários :
No Detran a situação é pior.Nem Sindicato nem Associação lutam contra a desastrada gestão do apóstolo da fé,Alberto Campos e a sua camarilha.A governadora finge que nada está acontecendo e a oferta continua em grande escala.
Gente sou cada dia mais fã dessa moça. Que coragem! Quanta coerência! Não sou bancária, mas tenho bancários na minha família que já definiram seus votos e dizem que nas suas agências será chapa 2 na cabeça! Mudar é bom e ainda mais quando é pra melhor. Kátia, eu gostaria de poder votar em vc, moça! Parabéns por sua integridade!
Barata, temos visto o papel que essa moça está desempenhado pela nossa classe. Sou do Real e não posso me identificar, mas aqui na nossa agência, todos votarão na Chapa 2, porque nós também queremos mudança e liberdade. Precisamos de uma pessoa assim, destemida de verdade.
Barata eu lhe considerava uma pessoa séria e de vez em quando lia o seu Blog.Porém postei um comentário contrário as posições da Kátia Furtado, sem ofenças ou palavras de baixo calão, dentro dos padrões exigidos pelo seu blog, é pra minha surpresa ele não foi publicado, o que demonstra a sua falta de imparcialidade necessária à um blog sério.
Você acaba de perder um leitor, pode ser que numericamente isso não lhe faça falta alguma, mas lembre-se que são de gotas que se formam oceanos...pense nisso antes de dormir...
Postar um comentário