sábado, 13 de novembro de 2010

SUCESSÃO – O erro crasso de Ana Júlia

O erro crasso da governadora Ana Júlia Carepa, determinante para seu desastre eleitoral, não residiu no marketing de campanha. Ela tornou-se a principal inimiga de si mesma ao transformar a administração estadual em uma ação entre amigos, priorizando os interesses dos seus luas pretas. Como bem ilustra o caráter predatório da passagem pelo governo de Cláudio Alberto Castelo Branco Puty, o poste transformado em deputado federal, no rastro da mais escancarada utilização da máquina administrativa e do poder econômico que deriva do aparelhamento da estrutura estatal. Nesse cenário, Edilson Moura, o opaco ex-secretário estadual de Cultura eleito deputado estadual, surgiu como a versão R$ 1,99 de Puty, com o deslumbramento típico dos alpinistas sociais.
Eleita com o decisivo apoio do ex-governador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará, Ana Júlia Carepa consumiu boa parte do seu mandato governando para sua entourage, abrigada na DS, a Democracia Socialista, a facção do PT na qual se aninhou, ao entrar em rota de colisão com o então prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, ex-PT, hoje PSol. Na época vice-prefeita, ela se viu compelida a deixar a Frente Socialista, a tendência petista da qual fazia parte, mas que tornou-se pequena demais para conter a disputa fratricida que travou com Edmilson Rodrigues.
Contaminada por seus luas pretas, Ana Júlia Carepa manteve uma relação ambivalente com o ex-governador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará e a mais longeva liderança da história do Estado. Já na reta final do mandato, tentou, em vão, uma reconciliação, sendo solenemente ignorada por Jader. Ao cooptar as notórias viúvas do tucanato, em troca das benesses do poder, subestimou o colossal coeficiente de perfídia própria dos fisiologistas, pelos quais foi abandonada em pleno processo eleitoral, em uma traição anunciada.

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