sábado, 13 de novembro de 2010

OPINIÃO - Entenda o caso Banco Panamericano

Publicado quinta-feira, 11, por Rafael Seabra, em O Estado de Minas.

Os principais sites, jornais e telejornais do país inundaram o noticiário abordando o caso do Banco Panamericano, controlado por Sílvio Santos. Folha, UOL e G1 são apenas alguns exemplos. O banco apresentou algumas inconsistências em seu balanço, que encobriram por algum tempo um rombo próximo a R$ 2,5 bilhões de reais.
O objetivo deste artigo é explicar o que se passa com o Banco Panamericano em poucas (e simples) palavras, baseadas no passo a passo do G1, para ajudar a compreender o que está acontecendo e mostrar como estamos vulneráveis à falta de devida regulação e fiscalização sobre as instituições financeiras.

O Banco Panamericano

Com um total de bens e direitos no ativo no valor de R$ 11,9 bilhões (dados de junho, já que o balanço do 3º trimestre ainda não foi divulgado) e 2,1 milhões de clientes ativos, o Panamericano é o 21º maior banco do país. O banco é controlado pelo Grupo Sílvio Santos e tem a Caixa, “o banco que acredita nas pessoas“, como um dos principais sócios.

Rombo

Em outubro deste ano, o Banco Central detectou um rombo de R$ 2,5 bilhões no Panamericano, pois o balanço não estaria refletindo as reais condições da instituição. Um dos principais problemas é que o banco manteve em seu balanço carteira de ativos que já haviam sido vendidas.

Participação da Caixa

A Caixa Econômica Federal comprou em dezembro de 2009, por R$ 739,2 milhões, 49% do capital votante e 35% do capital total do Panamericano. A Caixa diz que a operação foi feita “adotando as melhores práticas do mercado”, mas fica a pergunta: Por que o rombo não foi detectado nas auditorias feitas antes da compra? Alguém se habilita a respondê-la?

Negociação

Os controladores do Panamericano receberam um prazo para adequar suas contas. Em 11 de outubro, o Banco Central encaminhou o empresário Sílvio Santos, único acionista do grupo, ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC), a quem foi pedida assistência financeira.
Em 9 de novembro, o Grupo Sílvio Santos conseguiu a aprovação, pelo FGC, do empréstimo de R$ 2,5 bilhões. Sílvio Santos terá 10 anos para quitar o empréstimo, feito sem juros, apenas com correção monetária. Além disso, ainda terá 3 anos para começar a pagar (carência).
O empresário colocou as 44 empresas do grupo como garantia. O banco, o SBT (“a TV mais feliz do Brasil”… ou não), o Baú, a Liderança Capitalização e a Jequiti foram oferecidas como garantia direta.

Troca no comando

As instituições negam que tenha havido uma intervenção no Panamericano. Mas a diretoria do banco foi toda substituída e, dos nove novos executivos, cinco são da Caixa.

Acionistas

De acordo com o Panamericano, em comunicado ao mercado, o aporte de recursos não muda as participações acionárias do banco. As ações da instituição financeira, no entanto, sofrem quedas acentuadas desde outubro, tendo perdido ontem (10), cerca de 30% do seu valor.

Conclusão? É com vocês!

Ao invés de fazer uma conclusão, prefiro deixar algumas perguntas para vocês responderem:

1. Será que o “banco que acredita nas pessoas” realmente acreditou que os auditores não perceberam esses furos durante a auditoria realizada antes da compra?
2. Será que a “TV mais feliz do Brasil” ficou satisfeita em ser dada como garantia de um banco com solvência semelhante ao Lehman Brothers?
3. E mais importante: será que se eu “errasse” na declaração do meu imposto de renda (leia-se divulgação do balanço) e tivesse, na verdade, milhares de reais de tributos a pagar, o governo passaria a mão na minha cabeça e me concederia um empréstimo para ser pago em 10 anos, sem juros e com carência de 3 anos?

Fiquem à vontade para respondê-las, através de comentários!

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