Embora de difícil comprovação, a nomeação
para cargos comissionados estar condicionada ao repasse de pelo menos metade
dos vencimentos é uma prática corrente no Poder Legislativo, municipal e
estadual, o que explica a profusão de servidores fantasmas. Essa prática foi
incorporada pelo TCE, juntamente com a presença de conselheiros originários da
Alepa, a Assembleia Legislativa do Pará, de acordo com relatos de servidores do
tribunal.
Não por acaso são recorrentes a denúncias
da presença de assessores fantasmas no gabinete do conselheiro Cipriano Sabino,
o popular Cipriano Sabido, assim
conhecido na esteira de parcos pudores éticos. Ex-deputado, eleito para
sucessivos mandatos, apesar de exibir um desempenho parlamentar opaco, ele fez
carreira política no bojo do poder econômico, turbinado pelo grupo empresarial
da família, a Sanave, Sabino de Oliveira Comércio e Navegação S/A, especializado em transporte
fluvial e marítimo. Ungido conselheiro do tribunal, Cipriano Sabino tornou-se
presidente do TCE, sendo sucedido no cargo justamente por Luís Cunha. Na Alepa,
ele foi substituído pelo irmão, Celso Sabino, um servidor de carreira da Sefa,
a Secretaria de Estado da Fazenda, conhecido como Menino Maluquinho, devido seu temperamento atrabiliário.
Sem provas que sustentassem a acusação, nos
anos 80 Cipriano Sabino teve seu nome associado a denúncias de pedofilia, cujo
estopim foi uma suposta agressão a uma menor, que teria sido registrada em um
BO, Boletim de Ocorrência. Na versão corrente, o registro policial do imbróglio
teria sumido, sem deixar vestígios, no rastro da expressa determinação de um
secretário de Segurança Pública da época, que teria determinado o extravio do
HD do microcomputador no qual fora lavrado o BO. O HD, hard disk, é o
disco rígido, a memória permanente do computador e armazena todas as
informações que são salvas pelo usuário, além de aplicações próprias do sistema
operativo.
Celso Sabino foi processado com base na Lei
Maria da Penha, por agredir a ex-mulher, Fabiana
Pereira Sabino de Oliveira, em episódio ocorrido em 2014. Na época
suplente de deputado, Celso Sabino, no segundo mandato como governador do
tucano Simão Jatene, de 2011 a 2014, foi catapultado para a Seter, a Secretaria
de Estado de Trabalho, Emprego e Renda. Depois, migrou da Seter para a Alepa,
assumindo uma cadeira no Palácio Cabanagem, em vaga aberta na esteira de
arranjos políticos. Enfim eleito deputado em 2014, ele reforça o prestígio
político dos Sabino de Oliveira, ao lado do irmão, Cipriano Sabino de Oliveira
Júnior, que cumpriu sucessivos mandatos parlamentares, antes de tornar-se
conselheiro do TCE, do qual já foi inclusive presidente.
2 comentários :
Jornalista Barata, o poder dos Sabidos se estendeu à JUCEPA, com a nomeação da irmã, Cilene Moreira Sabino de Oliveira, que tomou posse no dia 22/10/15,nomeada pelo governador Simão Jatene.
Isso não é uma família, é uma quadrilha.
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