Tempos sombrios eram também aqueles, de 1981. Naquela altura, a linha-dura do regime militar fustigava o governo do general-presidente João Figueiredo, resistindo à abertura política e ameaçando, com seus atos terroristas e manifestações de intolerâncias, a redemocratização do país. Aqui, o governo Alacid Nunes, cujo secretário de Cultura era um comerciante que em suas origens havia sido representante de laboratório, mostrava-se um terreno infértil para a idéia de dar apoio oficial a feiras do livro.
Foi sob esse cenário que um grupo de livreiros, à frente Raimundo Antônio Jinkings e Neiro Rodarte, decidiu realizar a primeira Feira do Livro de Belém, que acabaria empastelada pela Polícia Federal, então a serviço da repressão da ditadura militar. Feita sem nenhum apoio oficial e montada em plena praça da República, a feira seria realizada em um fim de semana, utilizando barracas de campanha ironicamente cedidas pelo Exército. Essa inusitada parceria com o Exército talvez encontre explicação na participação de Neiro Rodarte, politicamente um liberal, no melhor sentido do termo, que seduz pela elegância, com uma urbanidade incomum por esses agrestes trópicos.
Foi sob esse cenário que um grupo de livreiros, à frente Raimundo Antônio Jinkings e Neiro Rodarte, decidiu realizar a primeira Feira do Livro de Belém, que acabaria empastelada pela Polícia Federal, então a serviço da repressão da ditadura militar. Feita sem nenhum apoio oficial e montada em plena praça da República, a feira seria realizada em um fim de semana, utilizando barracas de campanha ironicamente cedidas pelo Exército. Essa inusitada parceria com o Exército talvez encontre explicação na participação de Neiro Rodarte, politicamente um liberal, no melhor sentido do termo, que seduz pela elegância, com uma urbanidade incomum por esses agrestes trópicos.
3 comentários :
Eu lembro dessa iniciativa lá na Praça da República, e também do Neyro e do Jinks tentando implantar aqui em Belém uma feira semelhante a que já havia em São Paulo e Rio de Janeiro. é verdade Barata, não podemos esquecer de como tudo começou.
OS QUE DESBRAVARAM A FEIRA, INICIARAM UM PROCESSO HISTORICO IMPORTANTE.IMAGINE QUE NAO TINHAM APOIO NENHUM, NEM LUGAR ADEQUADO! E OLHA SÓ, ISSO MOSTRA QUE VONTADE PODE TUDO.ELES FORAM CORAJOSOS.UM BOM COMEÇO AQUELE...MAIS QUE MERECIDO UMA HOMENAGEM.HOJE, A FEIRA TEM INTROMISSÕES POLITICAS DISVIRTUADAS, MAS PELO MENOS CONTINUA.OS PREÇOS É QUE NAO SAO DE FEIRA
Um belo resgate da Historia.
Parabéns, Barata.
Frequentei a feira da Praça da Republica, que deu origem a de hoje.
Os livros eram baratos mesmo. Comecei a formar minha biblioteca naquela época e graças às indicações do Jinkings tomei gosto.
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