domingo, 8 de novembro de 2009

LITERATURA - Os perigos do saber

Com os direitos políticos cassados e singrando a atividade de livreiro, após ter sido obrigado a ser feirante para sustentar a família, Jinkings, até o golpe de 1964 um bancário do Banco da Amazônia (do qual foi demitido pela ditadura militar e a ele reintegrado com a anistia, em 1989), deixava a sala de visita de sua casa na rua dos Mundurucus, onde funcionava então, precariamente, aquela que viria a ser a livraria Jinkinks, para se expor publicamente. Sim, porque particularmente no seu caso, vender o saber, uma mercadoria vista sempre com suspeita pelo regime dos generais, implicava riscos imprevisíveis.
Juntamente com ele, participava da empreitada o advogado e jornalista João Marques, o combativo presidente do Sindicato dos Jornalistas do Pará, em uma época em que não havia espaço para posturas dúbias. O dualismo da época, se pensarmos bem, compele ao reconhecimento da dignidade de João Marques, cujas eventuais contradições políticas não obscurecem o mérito de ter tido a coragem se manter sempre, como presidente do sindicato da categoria, à disposição de todo e qualquer jornalista molestado por qualquer tipo de violência e/ou constrangimento. Um triste contraponto ao (patético) presente, vamos combinar!

Um comentário :

Anônimo disse...

Com certeza Barata, e a homenagem vai para o filhos,em especial para uma que é juíza e a outra delegada, todas muito competentes e estudiosas, tudo o que um pai espera de seus filhos.