Recebi e transcrevo, com o merecido destaque, o texto abaixo, remetido por internauta que utiliza o pseudônimo Lúcia:
"Hoje vi dois meninos desses que ninguém quer ver, recostados num carro estacionado na avenida Presidente Vargas. Tomavam sorvete como qualquer criança. Tinham idade imprecisa, como costuma ser por causa da insuficiência de nutrientes desde a primeira infância. Talvez numa faixa etária entre dez e 12 anos.
"Comecei a observá-los. Conversavam tranquilamente, sem vestígios do uso de inalantes, embora apresentassem a palidez habitual dos que utilizam a substancia tóxica. A devastadora 'cola de sapateiro'.
"As roupas, vários números acima do tamanho deles, era um dos sinais do quanto se encontram desproporcionais á vida que deveriam ter. As camisas do lado avesso demonstravam exatamente a incoerência do dia a dia que levam. Ao contrario de tudo. A etiqueta do vestuário á mostra era de uma marca bastante conhecida. Em outro cenário pareceria status. Os pés descalços e acostumados ao atrito do asfalto, não parecia incomodá-los. Mas sabemos que pés desnudos costumam ser ou por puro prazer ou por missão. Nunca um castigo ou um hábito forçado.
"Socialmente chamados de meninos em situação de rua, naquele instante, se não fosse as circunstancias citadas, seriam apenas duas crianças que esperavam a mãe terminar as compras na feirinha de artesanato e que obedeciam a ordem de não entrarem no carro antes de terminarem o lanche. Mas a descrição de suas vestes e a aparência de extremo descuido os retira completamente do grupo de meninos que terão outra refeição certa e mais substancial ao final do dia. Mas precisamos ser realistas. Esses meninos fazem parte de um outro contexto. São aqueles que crescerão quase invisíveis e serão parte de uma estatística alarmante. Quase a totalidade de presos adultos no Brasil tem entre 18 e 27 anos. Parece determinismo dizer que será este o destino daquelas duas crianças?.É possível. Se nada acontecer que transforme o dia deles em um simples passeio na praça entre guloseimas e dever de casa na segunda feira, é possível. Porque eles voltarão. Muitas vezes, e um dia, haverá em suas mãos algo letal, ao invés de inofensivo sorvete. de creme."
"Hoje vi dois meninos desses que ninguém quer ver, recostados num carro estacionado na avenida Presidente Vargas. Tomavam sorvete como qualquer criança. Tinham idade imprecisa, como costuma ser por causa da insuficiência de nutrientes desde a primeira infância. Talvez numa faixa etária entre dez e 12 anos.
"Comecei a observá-los. Conversavam tranquilamente, sem vestígios do uso de inalantes, embora apresentassem a palidez habitual dos que utilizam a substancia tóxica. A devastadora 'cola de sapateiro'.
"As roupas, vários números acima do tamanho deles, era um dos sinais do quanto se encontram desproporcionais á vida que deveriam ter. As camisas do lado avesso demonstravam exatamente a incoerência do dia a dia que levam. Ao contrario de tudo. A etiqueta do vestuário á mostra era de uma marca bastante conhecida. Em outro cenário pareceria status. Os pés descalços e acostumados ao atrito do asfalto, não parecia incomodá-los. Mas sabemos que pés desnudos costumam ser ou por puro prazer ou por missão. Nunca um castigo ou um hábito forçado.
"Socialmente chamados de meninos em situação de rua, naquele instante, se não fosse as circunstancias citadas, seriam apenas duas crianças que esperavam a mãe terminar as compras na feirinha de artesanato e que obedeciam a ordem de não entrarem no carro antes de terminarem o lanche. Mas a descrição de suas vestes e a aparência de extremo descuido os retira completamente do grupo de meninos que terão outra refeição certa e mais substancial ao final do dia. Mas precisamos ser realistas. Esses meninos fazem parte de um outro contexto. São aqueles que crescerão quase invisíveis e serão parte de uma estatística alarmante. Quase a totalidade de presos adultos no Brasil tem entre 18 e 27 anos. Parece determinismo dizer que será este o destino daquelas duas crianças?.É possível. Se nada acontecer que transforme o dia deles em um simples passeio na praça entre guloseimas e dever de casa na segunda feira, é possível. Porque eles voltarão. Muitas vezes, e um dia, haverá em suas mãos algo letal, ao invés de inofensivo sorvete. de creme."
7 comentários :
Certíssimo o comentário.
Não fazemos nada pelos meninos. Depois, choramos nossos mortos.
O recrudescimento da violência em Belém está só começo: Invasões bárbaras e favelização da cidade, falta de saneamento e água potável; deformação da juventude que é violentada em seus direitos; subnutrição; famílias totalmente desestruturadas; desemprego; subemprego; alcoolismo; lixos televisivos somados à indecência do paráfolia, tecnobrega; dvd's piratas com explicita apologia à violência e pornografia; escolas sucateadas e professores acuados pelo medo; consumismo compulsivo e doentio; banalização da sexualidade juvenil; gravidez precoce; pedofilia; políticos obscenos, corruptos e incompetentes; burguesia atrasada e concentradora de riquezas; poluição sonora; transito enlouquecido; poluição. Componentes que formaram uma bomba que tem suas explosões gradativas e cada vez mais violentas. E ainda vemos uma polícia ágil, que se move com destreza, quando o crime se volta contra os ricos, já o povão continua desprovido e apartado de seus direitos elementares por um abismo de legalidade pesada e elitista.
Lucia talvez quem sabe se chegar a época em que todo o mês do ano podesse ser um DEZEMBRO,ai eu posso lhe afirma que talvez a humanidade tenha humanidade com o ser humano....porque?por que em DEZEMBRO todo mundo é mais humano....
No ano passado, na noite de natal, enquanto eu ia da casa de minha noiva pra casa de meus pais encontrei varias pessoas na rua catando latinhas, vendendo bombons, pendindo dinheiro, isso nas ruas movimentadas de belem onde passa gente que tem condição de ajudar mas que não o faz por pura mesquinharia...
tenho meus 22 anos, hoje sou casado, tenho meu "bom" emprego, me sustento, sustento minha esposa, pago minhas dividas, as da minha mulher principalmente (=]), mas vim de baixo e ja muita miseria de perto...quando cheguei em belem (1995) fui morar na periferia de ananindeua, passei o natal junto com minha mae e minha irmã apenas lamentando a situação que nos rodeava...ajudamos muitas pessoas por la...com o que pudiamos...
ah se todo o ano fosse vespera de natal....o mundo seria outro...
fui acompanhar o círio esse ano, não sou catolico, muito menos cristão, fui com minha mulher acompanhar minha sogra, paramos perto de um caminhão de um grupo de pessoas que supostamente estavam fazendo caridade, percebi que era de uma grande empresa, estavam dando pratinhos com salgadinhos, bolinhos, refrigerantes e etc...perto da "santa" passar, um mendigo se aproximou e pediu um pratinho de salgadinhos a essas pessoas...bom, mandaram ele embora de mãos vazias...confessos a voces que se estivesse so com minha mulher isso viraria caso de policia e de noticiario...
as pessoas so se lembram do proximo depois que gastam todo seu dinheiro no shoping iguatemi.
a sociedade é toda hipocrita, isso nunca vai mudar.
9:56, sua historia é igual a de muitos.Acontece que poucos conseguem alcançar objeivos simples que é uma vida digna.
Crianças são para serem protegidas, seja pela familia, seja pelo Estado e a sociedade.Está na Constituição.
Este cenario de hoje teve seu ptognóstico ainda na década de 60. O escritor Jose Carlos Oliveira,citado no livor de Zuenir Ventura, (1968,o ano que nao acabou)disse sem meias palavras em relação aos meninos que ja naquela época perambulavam pelas ruas:
"so pensaremos neles daqui a 20,50 anos, quando eles foram numerosos como ratos agressivos bloqueados pelo perigo".Hoje,é o que vemos.Mas comparados a ratos, não teremos politicas publicas que possa acolhe-los. A prevenção é a única esperança.
Lucia
Você está certa Lucia, mas infelizmente a maioria das pessoas so prestam atenção nessas crianças proximo ao natal.
infelizmente nossos políticos se interessam mais em outros assuntos particulares...quando se preocupam com os a situação dos outros é porque esses outros estão lhe incomodando, ou seja, seus inimigos.
Barata,
CENSURA, NÃO!!!!
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