Valena Jacob: vice com luz própria. |
Casada, mãe de três filhos, Valena Jacob, 37,
a candidata a vice-presidente pela oposição, ilustra a força da presença
feminina na OAB. E mais especificamente na chapa Unidos pela Ordem, em cuja diretoria a ela ainda se somam Anete
Pena de Carvalho e Márcia Andréa, candidatas a secretária geral e tesoureira,
respectivamente. “(Isso) Representa o compromisso da nossa chapa com a
valorização da mulher advogada, uma vez que nós representamos mais de 45% dos
profissionais inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil”, avalia, em seu
estilo objetivo, conciso, impregnado da convicção pétrea de quem fala com
conhecimento de causa.
Conselheira da OAB/PA por dois mandatos
consecutivos, Valena, diga-se, está a uma distância abissal da figura
tradicionalmente opaca de vice, embora mova-se com discrição, mas com luz própria.
Formada em 2001 pela Universidade Federal do Pará, seu currículo inclui
mestrado, em 2005, e doutorado, em 2014, pela própria UFPA, na qual é
professora efetiva de graduação em Direito nas disciplinas Práticas Jurídicas e
Direito do Trabalho e do Programa de Pós-Graduação em Direito, além de
coordenadora pedagógica da graduação em Direito.
Na OAB/PA, além de conselheira por dois
mandatos consecutivos, foi presidente da Comissão de Trabalhos Forçados. Foi
também diretora da Abrat, a Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas, a
qual representa na Coetrae/PA, a Comissão
Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo, e na Conatrae, a Comissão
Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo da Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República.
Compatibilizar os
papéis de mãe, mulher e profissional é um desafio que não intimida Valena
Jacob. “Sim, é claro que é possível conciliar. No entanto, sou consciente que a
mulher acaba sendo sobrecarregada frente às multi funções que exerce”,
afirma, ao ser indaga a respeito. “Há uma questão cultural forte que influencia
e que precisa ser trabalhada, tanto na sociedade, quanto dentro dos próprios
lares”, avalia, na entrevista abaixo, concedida ao Blog do Barata.
Como a senhora
avalia o papel da mulher em geral, e da mulher advogada em particular, na
sociedade atual?
A mulher num
processo de lutas e conquistas vem conseguindo alcançar mais espaço na
sociedade moderna, em busca da isonomia, no entanto, ainda há muito no que se
avançar, principalmente quando nos deparamos com os dados existentes
relacionados à diferença salarial no mercado de trabalho, onde pesquisas
apontam que, em média, os homens recebem salários 30% maiores do que as
mulheres.
Na sua opinião, é
efetivamente possível conciliar, com um mínimo de equilíbrio, os papéis de mãe,
mulher e profissional, ou é utópico imaginar que não haja prevalência de algum
deles sobre os demais?
Sim, é claro que é
possível conciliar. No entanto, sou consciente que a mulher acaba sendo
sobrecarregada frente às multi funções que exerce, tendo que dar conta da
maior parte das atividades domésticas, dos filhos e também de uma rotina diária
no mercado de trabalho. Há uma questão cultural forte que influencia e que
precisa ser trabalhada, tanto na sociedade, quanto dentro dos próprios lares.
Qual a leitura que a
senhora faz do fato da sua chapa ter marcante participação feminina na
diretoria?
Representa o
compromisso da nossa chapa com a valorização da mulher advogada, uma vez que
nós representamos mais de 45% dos profissionais inscritos na Ordem dos
Advogados do Brasil, mas, ainda assim, com ínfima ocupação em cargos de direção
ou postos de destaque na vida nacional de nossa Entidade.
Essa marcante
presença feminina na sua chapa deve ser interpretada como algo pontual, ainda
que sinalize perspectivas promissoras, ou efetivamente traduz o avanço da
mulher na luta por maior espaço no mercado de trabalho?
Representa, acima de
tudo, a sensibilidade do nosso candidato à presidência da OAB/PA em garantir e
assegurar a participação da mulher advogada nas principais decisões políticas
institucionais, uma vez que além da diretoria ser composta por maioria
feminina, o conselho seccional também terá uma grande participação de
mulheres, extrapolando com o exigido pelo provimento do Conselho Federal.
Uma vez que uma das nossa diretrizes será a implementação de estratégias que
visam ampliar a participação da mulher advogada nas decisões das seccionais e
das subsecções.
Por que, a seu ver,
apesar das conquistas das últimas décadas, mulheres, como regra, ainda perduram
ganhando menos que os homens?
Porque faltam
políticas públicas que incentivem a participação das mulheres no mercado de
trabalho. Bem como deve-se acabar de vez com o preconceito que existe no mundo
das organizações internas do trabalho, de que a mulher não pode ocupar cargos
de chefia e direção. É necessário que o mercado de trabalho reconheça que
homens e mulheres têm o mesmo valor.
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