segunda-feira, 16 de novembro de 2015

OAB – Valena Jacob, a vice que ilustra a força da presença feminina na Ordem dos Advogados

Valena Jacob: vice com luz própria.
Casada, mãe de três filhos, Valena Jacob, 37, a candidata a vice-presidente pela oposição, ilustra a força da presença feminina na OAB. E mais especificamente na chapa Unidos pela Ordem, em cuja diretoria a ela ainda se somam Anete Pena de Carvalho e Márcia Andréa, candidatas a secretária geral e tesoureira, respectivamente. “(Isso) Representa o compromisso da nossa chapa com a valorização da mulher advogada, uma vez que nós representamos mais de 45% dos profissionais inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil”, avalia, em seu estilo objetivo, conciso, impregnado da convicção pétrea de quem fala com conhecimento de causa.
Conselheira da OAB/PA por dois mandatos consecutivos, Valena, diga-se, está a uma distância abissal da figura tradicionalmente opaca de vice, embora mova-se com discrição, mas com luz própria. Formada em 2001 pela Universidade Federal do Pará, seu currículo inclui mestrado, em 2005, e doutorado, em 2014, pela própria UFPA, na qual é professora efetiva de graduação em Direito nas disciplinas Práticas Jurídicas e Direito do Trabalho e do Programa de Pós-Graduação em Direito, além de coordenadora pedagógica da graduação em Direito.
Na OAB/PA, além de conselheira por dois mandatos consecutivos, foi presidente da Comissão de Trabalhos Forçados. Foi também diretora da Abrat, a Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas, a qual representa na Coetrae/PA, a Comissão Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo, e na Conatrae, a Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Compatibilizar os papéis de mãe, mulher e profissional é um desafio que não intimida Valena Jacob. “Sim, é claro que é possível conciliar. No entanto, sou consciente que a mulher acaba sendo sobrecarregada frente às multi funções que exerce”, afirma, ao ser indaga a respeito. “Há uma questão cultural forte que influencia e que precisa ser trabalhada, tanto na sociedade, quanto dentro dos próprios lares”, avalia, na entrevista abaixo, concedida ao Blog do Barata.

Como a senhora avalia o papel da mulher em geral, e da mulher advogada em particular, na sociedade atual?

A mulher num processo de lutas e conquistas vem conseguindo alcançar mais espaço na sociedade moderna, em busca da isonomia, no entanto, ainda há muito no que se avançar, principalmente quando nos deparamos com os dados existentes relacionados à diferença salarial no mercado de trabalho, onde pesquisas apontam que, em média, os homens recebem salários 30% maiores do que as mulheres.

Na sua opinião, é efetivamente possível conciliar, com um mínimo de equilíbrio, os papéis de mãe, mulher e profissional, ou é utópico imaginar que não haja prevalência de algum deles sobre os demais?

Sim, é claro que é possível conciliar. No entanto, sou consciente que a mulher acaba sendo sobrecarregada frente às multi funções que exerce, tendo que dar conta da maior parte das atividades domésticas, dos filhos e também de uma rotina diária no mercado de trabalho. Há uma questão cultural forte que influencia e que precisa ser trabalhada, tanto na sociedade, quanto dentro dos próprios lares.

Qual a leitura que a senhora faz do fato da sua chapa ter marcante participação feminina na diretoria?

Representa o compromisso da nossa chapa com a valorização da mulher advogada, uma vez que nós representamos mais de 45% dos profissionais inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil, mas, ainda assim, com ínfima ocupação em cargos de direção ou postos de destaque na vida nacional de nossa Entidade.

Essa marcante presença feminina na sua chapa deve ser interpretada como algo pontual, ainda que sinalize perspectivas promissoras, ou efetivamente traduz o avanço da mulher na luta por maior espaço no mercado de trabalho?

Representa, acima de tudo, a sensibilidade do nosso candidato à presidência da OAB/PA em garantir e assegurar a participação da mulher advogada nas principais decisões políticas institucionais, uma vez que além da diretoria ser composta por maioria feminina, o conselho seccional também terá uma grande participação de mulheres, extrapolando com o exigido pelo provimento do Conselho Federal. Uma vez que uma das nossa diretrizes será a implementação de estratégias que visam ampliar a participação da mulher advogada nas decisões das seccionais e das subsecções.

Por que, a seu ver, apesar das conquistas das últimas décadas, mulheres, como regra, ainda perduram ganhando menos que os homens?


Porque faltam políticas públicas que incentivem a participação das mulheres no mercado de trabalho. Bem como deve-se acabar de vez com o preconceito que existe no mundo das organizações internas do trabalho, de que a mulher não pode ocupar cargos de chefia e direção. É necessário que o mercado de trabalho reconheça que homens e mulheres têm o mesmo valor.

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