Para além das gavetas do procurador-geral
de Justiça, se dispuser de tempo para ter interlocutores minimamente probos e
isentos, sem rabo preso, Cláudio Portela, que comanda a correição realizada
pelo CNMP no MPE, poderá tomar conhecimento da extensão do caráter deletério da
gestão de Marcos Antônio Ferreira das Neves. Constatará, inclusive pelas provas
documentais, que a alcunha de Napoleão de
Hospício, que aderiu a Neves, deriva do menosprezo do procurador-geral de
Justiça pela liturgia do cargo, potencializado pelo desdém em relação a
princípios éticos que independem das circunstâncias.
Como é próprio dos
tiranetes de província, Neves não resiste diante da deletéria promiscuidade
entre o público e o privado, como ilustra o imbróglio de André Ricardo Otoni
Vieira. Mas este não foi o único beneficiário do tráfico de influência
patrocinado pelo procurador-geral de Justiça. Tão logo empossado, ele nomeou
assessor o namorado da filha, Gil Henrique Mendonça Farias, reprovado em mais de um concurso
público promovido pelo próprio MPE, mas que perdura abrigado em um aprazível
cargo comissionado, como assessor, apesar da duvidosa competência. Depois,
aboletou na Prefeitura de Ananindeua a filha, Mariana Silva Neves, logo após a
posse do prefeito tucano Manoel Pioneiro, a quem o MPE investigava por
malfeitos quando presidente da Alepa, a Assembleia Legislativa do Pará. Mais
recentemente, fez a filha migrar para uma aprazível sinecura no TCE, o Tribunal
de Contas do Estado do Pará, objeto de recorrentes denúncias de improbidade
administrativa, que caberiam ao MPE apurar.
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