Hotel Crowne Plaza Belém, palco de agressão e humilhação a universitário. |
Não convém subestimar a capacidade do
Tribunal de Justiça do Pará em se superar em matéria de iniquidades, na esteira
das ignomínias patrocinadas, com a desfaçatez capaz de corar anêmico, pela
máfia togada, claramente movida pelo sentimento de impunidade alimentado pelo
mais deletério corporativismo. Disto é exemplo a juíza Lailce Ana Marron da Silva Cardoso, da 9ª Vara Cível e Empresarial de
Belém, que valeu-se da censura judicial, ao determinar, em liminar, que fossem
deletadas da internet as postagens do universitário Henrique Noronha denunciando
agressão, racismo e homofobia sofridos no Hotel Crowne Plaza, em Belém,
em uma ocorrência policial registrada a 30 de outubro na Seccional de São Brás.
A magistrada determina ainda que o universitário, que se assume como gay, não
faça qualquer nova postagem sobre o episódio “com o intuito de promover
incitação dos usuários das redes sociais com o objetivo de denegrir a imagem do
hotel”. Ao lançar mão da execrável censura judicial, tanto mais inexplicável
por se tratar de um episódio do domínio público, inclusive com registro policial,
a liminar, ao fim e ao cabo, blinda o agressor, o empresário Eduardo Boulhosa, franqueado
do hotel cinco estrelas, point da classe média alta de Belém, e penaliza a
vítima, Fernando Noronha.
Em sua denúncia,
Henrique
Noronha conta ter sido xingado, agredido e expulso do hotel cinco estrelas, após
um mal-entendido a respeito da conta do almoço consumido durante o intervalo
entre as palestras do colóquio sobre Freud, que assistia no auditório do Crowne Plaza. A
denúncia sobre a truculência protagonizada por Eduardo Boulhosa - testemunhada por
Breno Silva, aluno do curso de psicologia da Universidade Federal do Pará e que
também participava do colóquio – foi publicada nas redes sociais pela vítima da
truculência e teve grande repercussão. Em solidariedade a Henrique Noronha, os
internautas dispararam uma avalancha de críticas na página do hotel no
Facebook, que chegou a ser retirada do ar. Depois de obter a graciosa liminar
concedida pela juíza Lailce Ana Marron da Silva Cardoso, da 9ª
Vara Cível e Empresarial de Belém, o Hotel Crowne Plaza emitiu uma nota na sua
página no Facebook, a 5 de outubro, afirmando que atende seus clientes “sem
distinção” e tenta desqualificar a denúncia. A nota assinala que o “hostilmente
relatado e levianamente compartilhado”, o episódio é objeto de “providencias
judiciais”, supostamente destinadas a apurar “as respectivas responsabilidades
civis e criminais de todos os envolvidos”. A nota reproduz ainda liminar da juíza
Lailce Ana Marron da Silva Cardoso impondo a censura judicial a Henrique
Noronha, a vítima de Eduardo Boulhosa.
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