Eduardo Boulhosa (à esq.): personagem tosco, mas sagaz. |
Franqueado da marca do Hotel Crowne Plaza, Eduardo Boulhosa, o agressor do universitário Henrique Noronha, é descrito como um personagem
intelectualmente raso e de modos algo toscos, mas sagaz o suficiente para
prosperar sob o calor de amizades influentes, naturalmente à margem de maiores
preocupações éticas. Esse arrivismo certamente explica sua prisão no rastro da
Operação Pororoca, deflagrada pela Polícia Federal em 2004, na esteira das
investigações de fraudes em licitações no Estado do Amapá.
Eduardo Boulhosa começou a ganhar
visibilidade pública como cartola de futebol. Ele foi dirigente da Tuna Luso
Brasileira, uma agremiação que já frequentou a elite do futebol paraense, ao
lado de Clube do Remo e Paysandu, até entrar em decadência. Como cartola, ele
protagonizou um patético episódio, nos anos 90 do século passado, quando, em
uma decisão do Campeonato Estadual, entre Remo e Tuna, no Mangueirão, xingou o
árbitro da partida de “preto safado”, um crime registrado pela transmissão das
rádios. O episódio foi minimizado, na esteira do corporativismo da cartolagem,
devidamente estimulado pelo silêncio cúmplice da imprensa esportiva paraense.
Com a Tuna em decadência, Boulhosa saiu de
cena. Ele voltaria ao noticiário em 2004, já com status de empresário, mas de
forma constrangedora , ao ser preso pela Polícia Federal, no rastro da Operação
Pororoca, acusado de participar de um esquema criminoso que fraudava licitações
no Estado do Amapá. Na mesma operação foi preso o empresário Fernando Flexa
Ribeiro, sócio da construtora Engeplan, hoje senador pelo PSDB e na época
suplente do então senador Duciomar Costa, o nefasto Dudu, que naquele ano foi eleito prefeito de Belém, com o ostensivo
apoio dos tucanos. Na ocasião, Boulhosa era sócio de Flexa Ribeiro na
construtora Habitare.
De acordo com o noticiário da época, a quadrilha
usava senhas do Siafi, o Sistema de Administração Financeira da União, e da
Receita Federal para fraudar licitações.
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